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Médicos alertam para riscos da ivermectina no combate ao coronavírus

Médicos alertam para riscos da ivermectina no combate ao coronavírus

Remédio é muito usado para eliminar piolho e sarna, mas não tem eficácia comprovada contra a Covid-19; especialistas expõem perigos do uso da medicação

Publicado em 24 de junho de 2020 às 18:10

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medicamento
Ivermectina não tem eficácia comprovada contra o novo coronavírus e pode trazer riscos à saúde . (Divulgação)
Médicos alertam para riscos da ivermectina no combate ao coronavírus

Todos querem que seja encontrado um remédio para prevenir ou curar a Covid-19. No entanto, atualmente, pesquisas e estudos têm sido realizados e divulgados ao mesmo tempo em que as pessoas anseiam pela solução – e as interpretações equivocadas podem gerar precipitações e riscos à saúde.

O primeiro grande exemplo é a cloroquina, que passou por vários níveis de indicação ao longo dos últimos meses e chegou a ser defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Mas na última atualização, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apenas retomou os testes com a substância, não tendo um veredito a respeito.

Agora, a aposta da vez é a ivermectina, utilizada há décadas no combate a vermes e parasitas, como sarna e piolho. Recentemente, um estudo australiano revelou que ela impediu a multiplicação do novo coronavírus in vitro. Ou seja, em laboratório e em condições controladas, situação muito diferente do corpo humano.

Apesar do contexto preliminar e incerto, a substância já chegou a ser defendida pelo deputado estadual Rafael Favatto (Patriota). Durante a sessão ordinária desta quarta-feira (24), o médico defendeu o uso e indicou qual seria a forma adequada de tomar o medicamento a fim de prevenir os capixabas da Covid-19.

INCERTEZAS E RISCOS

Por se tratar de um remédio muito usado em casos de verminoses, a gastroenterologista e endoscopista Roseane Bicalho Assis tem familiaridade com a ivermectina e aponta os riscos da população seguir tal orientação. Em resumo, ela afirmou que utilizá-la de forma profilática não faz sentido.

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O próprio efeito colateral da ivermectina pode se confundir com a manifestação clínica da Covid-19. Em meio a uma pandemia, você tomar por conta própria um remédio pode induzir sintomas e confundir o diagnóstico, comprometendo também o tratamento

Roseane Bicalho Assis
Gastroenterologista e endoscopista
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Conforme a própria bula de uma marca de ivermectina, a substância pode causar mal-estar, diarreia, dor de cabeça e falta de disposição – sintomas relatados por pacientes da Covid-19 no Espírito Santo. “É um medicamento considerado seguro, mas pode levar à alteração hepática (no fígado) e renal”, alertou a médica.

Além disso, ela informou que o remédio é contraindicado para crianças menores de cinco anos de idade e grávidas. Assim como ressaltou que a dose depende do peso do paciente. Aliás, a quantidade da substância necessária para combater o novo coronavírus é uma das incógnitas e dos riscos apontados pelo infectologista Carlos Urbano.

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Parece que para impedir a reprodução do coronavírus seria necessária uma dose muito mais alta que a usada normalmente para combater verminoses. Será que essa dose não vai ser tóxica? Ou o risco da ivermectina não vai ser maior que o do enfrentamento à Covid-19?”

Carlos Urbano
Infectologista
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Nesse sentido, o especialista afirma que é necessário aguardar. “Precisamos esperar para ver se ela vai funcionar quando testada em humanos, qual a quantidade que precisará ser ministrada e quais os riscos ela trará à nossa saúde”, explicou. “Por enquanto, ninguém tem certeza”, completou.

VENDA SEM RECEITA É CRIME

Diretor do Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo (CRF-ES), Leandro Passos esclareceu que os medicamentos devem cumprir uma série de requisitos, como ser seguro e não gerar dependência, para poderem ser vendidos sem receita nas farmácias – o que não é o caso da ivermectina.

Por isso, o estabelecimento comercial que a vender para qualquer pessoa que não apresente a prescrição médica acaba praticando um crime. “Nos casos mais simples, a pena é de três anos de prisão. Já em casos mais graves, pode configurar tráfico de drogas e resultar em até 15 anos de reclusão”, informou.

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