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Médicos dizem que a abertura parcial das lojas no ES é um grande risco

Médicos dizem que a abertura parcial das lojas no ES é um grande risco

Para especialistas, as 72 cidades com o comércio liberado para o funcionamento terão o desafio de não aumentar o número de infectados pelo coronavírus

Publicado em 18 de abril de 2020 às 22:23

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Atendentes usam máscara de proteção contra o coronavírus no comércio de Vila Velha
Atendentes usam máscara de proteção contra o coronavírus no comércio . (Carlos Alberto Silva)

abertura do comércio em 72 cidades do Espírito Santo, divulgada em novo decreto neste sábado (18) pelo governador Renato Casagrande, causou preocupação em infectologistas. Para especialistas, as cidades terão um grande desafio para voltar com os serviços respeitando medidas para não aumentar o número de infectados pelo novo coronavírus nessas regiões. Os médicos classificaram a decisão do governo como "um grande risco".

O governador Renato Casagrande (PSB) anunciou no final da tarde deste sábado (18) que vai permitir a abertura de estabelecimentos comerciais em 72 municípios do Estado, com restrições. A autorização vale a partir de segunda-feira (20) para as cidades que foram consideradas pelo governo com risco baixo ou moderado de propagação do novo coronavírus de acordo com a incidência de casos.

A flexibilização só não é válida para as cidades da Grande Vitória - Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana -, onde se concentram 87% dos casos de Covid-19 no Estado; além do Alfredo Chaves, município com maior incidência de casos no Espírito Santo para cada 100 mil habitantes.

03/04/2020 - Com as lojas fechadas o movimento de pessoas na avenida Central em Laranjeiras, na Serra, era pequeno(Vitor Jubini)

OS TRÊS GRANDES DESAFIOS

O infectologista Lauro Ferreira Pinto afirmou que a decisão  de abertura dos comércios nas 72 cidades causa preocupação. Segundo ele, para que nessas regiões não aumentem os números de infectados, a partir de agora, serão necessárias três medidas como desafio: manter a distância entre clientes e funcionários, investigar qualquer sintoma gripal e fazer uma barreira sanitária para evitar que a doença entre nas cidades. 

"Teoricamente, quando há pouca circulação do vírus em uma cidade, as pessoas podem trabalhar, mas funcionários e clientes devem manter no mínimo um metro de distância, sem abraços ou cumprimentos próximos. Qualquer sintoma gripal deve ser investigado - por menor que seja - e a pessoa deve ser afastada, examinada, e se possível, testada. E a terceira: não podemos permitir o trânsito de pessoas doentes para essas cidades. Tem que haver uma barreira sanitária examinando quem entra e quem sai. As pessoas vão dar conta desses desafios? Se derem conta, vai funcionar. Se não, o governo terá que fechar os comércios de novo. Essa dúvida nos causa preocupação. Se esses municípios não conseguirem cumprir esses desafios eu tenho certeza que vai sair do controle. Há muito risco", afirmou. 

O especialista completou que as pessoas devem continuar usando máscaras. Ele afirmou que a Covid-19 é uma doença nova e se  transmitida para muitas pessoas ao mesmo tempo, os hospitais não conseguirão dar conta de atender a todos. Ele disse, ainda, que entende a angústia dos comerciantes e pessoas que querem trabalhar, mas essa é uma situação inédita no mundo, que exige muito cuidado.

"SITUAÇÃO DE GRANDE RISCO"

O também infectologista Carlos Urbano lembrou da atual situação de cidades como Manaus, no Norte do Brasil, e Fortaleza, no Nordeste, onde o sistema de saúde já apresenta sinais de falência devido aos grandes números de pessoas infectadas pelo coronavírus. Ele classificou a decisão de abertura dos comércios nas 72 cidades como "um grande risco". 

"É uma situação de grande risco, mas o governo tem dados em mãos e parece razoável que cidades com poucos casos tenham comércios abertos. Mas é preciso que haja regras rígidas para acompanhar as possíveis aglomerações. Temos que considerar que Vitória é uma das capitais de maior taxa da doença em todo Brasil.  A abertura de comércios nesses 72 municípios fora da Grande Vitória causa preocupação. Consigo entender a dificuldade dos comerciantes. De um lado temos o vírus do outro lado temos a questão da economia. Mas essa reabertura deve ser avaliada e reavaliada periodicamente com extremo cuidado pra não ter aumento de casos nesses locais", afirmou. 

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