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Médicos gêmeos do ES combatem o coronavírus nos hospitais e na internet

Médicos gêmeos do ES combatem o coronavírus nos hospitais e na internet

Jordan e Jorlan se formaram durante a pandemia e trabalham em Pedro Canário. Eles também usam perfil na internet para informar sobre a doença

Publicado em 23 de janeiro de 2021 às 19:50- Atualizado Data inválida

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Os médicos gêmeos Jordan e Jorlan Souza de Andrade, 25 anos.
Os gêmeos, Jorlan e Jordan, passaram no vestibular de Medicina juntos e se formaram durante a pandemia. (Arquivo pessoal)

A vida inteira, os gêmeos Jorlan e Jordan Souza de Andrade, 25 anos,  fizeram tudo juntos. Das primeiras brincadeiras às aulas da educação infantil, os irmãos também dividiram os sonhos de cursar Medicina e de ajudar as pessoas à medida que cresceram. 

Estudaram e passaram juntos no vestibular. Agora, já formados, os médicos dividem a luta diária para salvar vidas durante uma pandemia e tentam levar informações sobre a Covid-19, de forma divertida, ao maior número de pessoas, pelas redes sociais.  

"Decidimos cursar medicina para dar assistência às pessoas que precisam", lembrou Jordan, que junto do irmão, concluiu o curso de Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em abril de 2020, exatamente quando o decreto da pandemia do coronavírus completava um mês no Estado. 

A situação crítica da saúde pública no Brasil fez com que os irmãos encarassem o desafio de, recém-formados, irem para a linha de frente de enfrentamento à doença.

Os dois entraram em contato com secretarias municipais de saúde de várias cidades e encontraram em Pedro Canário, extremo Norte do Espírito Santo, duas vagas de emprego.

 Os irmãos deixaram o conforto da quarentena em casa com a família para trabalhar diretamente com os doentes. "Seria egoísmo da nossa parte não ajudar as pessoas em um momento tão crítico", afirmou Jordan, que recebeu o apoio de Jorlan. "Estávamos no olho do furacão, precisávamos ir para a linha de frente desta batalha", acrescentou.

Os irmãos se mudaram juntos para Pedro Canário e, pela primeira vez, deixaram a casa dos pais na Grande Vitória. "Saber que estou com meu irmão, que é meu amigo da vida inteira,  é ter um apoio até mesmo neste momento de morar longe do restante da família", lembrou Jorlan, que trabalha na Unidade Básica de Saúde do bairro Boa Vista e ainda está definindo qual especialização pretende fazer. 

E, claro, como costuma acontecer com gêmeos idênticos, eles acabam sendo confundidos. "Paciente que é atendido pelo meu irmão, me vê e fala 'eu fui atendido por você'. Acontece muito de confundiram a gente, desde da época do Hucam (Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes), quando estagiávamos. Teve paciente que viu a gente e disse admirado 'vocês são dois?'", conta Jordan, achando graça da situação. 

REDE SOCIAL

Percebendo o desencontro de informações em relação à Covid-19 e também a onda de negacionismo e fake news que surgiu sobre a doença na pandemia, os irmãos criaram o perfil no Instagram chamado MedGêmeos. Lá, a dupla passou a transmitir de forma simples e, muitas vezes com pitadas de bom humor, o conhecimento técnico que possuem no assunto.  

"O fato de sermos gêmeos e fazermos tudo junto, inclusive termos a mesma profissão, sempre chamou atenção das pessoas. Passamos a usar isso nas redes sociais para repassar informações sobre a doença, o vírus, os sintomas e agora sobre a vacina", explicou Jorlan.

EXPERIÊNCIA

Jorlan lembrou que viveu duas situações bem tristes que foi a morte de dois pacientes por Covid-19. "Vi de perto as pessoas perderem a vida e nós, médicos, não podermos fazer mais nada para que isso não acontecesse. Essa doença é uma roleta russa, não se sabe como o organismo de cada pessoa vai reagir, independente se é jovem ou idoso", lamentou o médico.  

Jordan, que atende na Unidade Básica de Saúde do Centro e pretende se especializar em psiquiatria, conta que ele e o irmão vão carregar na memória momentos difíceis quando a pandemia passar, mas outros momentos menos sofridos também. 

"Já tive dia de chegar em casa e precisar tomar remédio devido à dor no corpo de tanto atendimento que fizemos, dias de trabalho sugados e puxados. Mas também recebemos muito carinho, pessoas simples que saem agradecidas do atendimento, isso é muito gratificante", disse com encantamento.   

Lidar com pacientes com Covid-19, logicamente, deixou os gêmeos mais expostos aos coronavírus. Mesmo tomando muitos cuidados,  os dois foram contaminados pelo vírus e tiveram reações diferentes. 

"Não tivemos sintomas graves, mas a doença evoluiu de forma diferente", contou Jorlan. Nas redes sociais, os dois fizeram vídeos explicando  os sintomas e as peculiaridades de cada um de forma bem prática, como o teste de olfato. 

Os irmãos têm produzido mais conteúdos para a internet desde a chegada da vacina, pois estão bem preocupados em transmitir conhecimento, como explica Jordan: "Estamos com uma expectativa muito grande para as vacinas, pois sabemos o quanto a Ciência é importante para parar essa pandemia. Porém, estamos vendo problemas de gestão nacional que têm atrapalhado bastante, além de muita gente que não quer tomar vacina, por conta da disseminação de informações erradas."

Há 10 meses lidando todos os dias com pessoas infectadas pelo coronavírus e precisando de ajuda, os gêmeos também fazem questão de mandar mensagens de otimismo, pois desejam dias melhores.

"Sejamos otimistas e coerentes, fazendo a nossa parte. Paralelo à vacina, ainda é preciso respeitar as orientações e continuar com os cuidados. Ainda estamos nesta batalha, ajudamos a salvar vidas e vamos sair vencedores com certeza", acredita Jordan. 

Jorlan também vê um futuro com boas notícias quando a pandemia acabar. "Peço às pessoas que escrevam palavras melhores no livro da vida, fazendo neste capítulo da história o que é certo e coerente, mesmo que haja momentos ruins. Não levar o vírus para outras pessoas é essencial, pois  a doença evoluiu de forma diferente em cada indivíduo e qualquer um pode ter o quadro grave. Vamos pensar na vida e ter empatia pelo próximo", completou o jovem médico. 

Os médicos gêmeos Jordan e Jorlan Souza de Andrade, 25 anos. (Arquivo pessoal)

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