Uma brincadeira entre irmãos em casa provocou horas de aflição e incerteza para o supervisor Ricardo Almeida Novaes, de 30 anos, e a esposa dele, Regina Ramos Batista. Na manhã desta terça-feira (15), Cauã, de 11 anos, jogava futebol na companhia do pequeno Caio, de apenas 1 ano, e, ao chutar a bola, acabou atingindo o irmão mais novo, que caiu e bateu com a cabeça na quina da parede. O chute acidental que pegou na criança foi o começo de uma história que envolveu fuga de casa, buscas sem sucesso, mas terminou com um final feliz e emocionante.
Tudo ocorreu na residência da família, no bairro Cidade Continental, na Serra. Após a queda de Caio durante a brincadeira entre os irmãos, uma sucessão de acontecimentos atrelados ao medo levou Cauã a tomar uma atitude desesperada: fugir de casa. O caso foi relatado pelo padrasto do menino.
"Eles estavam no mesmo espaço e o Cauã chutava a bola, mas pegou no Caio. O neném acabou caindo e bateu com a cabecinha na quina. Como ele chorou, o Cauã acabou se assustando e minha esposa logo chegou. Por precaução e pelo fato da pancada, ela levou o mais novo para o hospital. Aquela cena assustou o Cauã. Nesse meio tempo, ele chegou a preparar a mamadeira para o irmão e depois foi para o quarto dele", afirma Ricardo.
Após o pequeno acidente doméstico, a situação na casa da família parecia sob controle. Do hospital, Regina avisou o marido que Caio não havia se ferido com a queda. Mais tranquilo após saber que o filho estava bem, Ricardo se deitou para repousar até a hora de seguir ao trabalho. Foi neste meio tempo que o seu enteado de 11 anos saiu de casa.
"Como minha esposa me avisou estar tudo bem, deitei para descansar um pouquinho porque havia trabalhado na noite anterior e já iria para o serviço à tarde. Nisso o Cauã ficou no quarto dele e cochilei. Eu coloquei o despertador para perto das 14h30, mas fui acordado por um colega de trabalho. Ele disse que havia tentado me ligar, mas não conseguiu e entrou ao encontrar o portão aberto. Falei com ele que o Cauã estava no quarto, mas ele me avisou que não e então me dei conta que ele havia saído", detalha Ricardo.
A preocupação foi imediata. Enquanto o amigo do supervisor seguiu para substituir o padrasto de Cauã no trabalho, Ricardo começou as buscas pelo enteado nas proximidades da casa, indo até mesmo à praia procurar pelo garoto, mas sem sucesso.
"Na hora, me desesperei. Ainda mais porque o Cauã é um menino tranquilo, calmo, ama o irmão e nunca fez nada parecido. Busquei na rua logo, fui nos outros setores (em Cidade Continental) e até na Praia de Carapebus eu o procurei. Nesse mundo tão violento, não sabemos o que pode acontecer. O Cauã ainda é um menino, tive medo de alguém ter levado ele ou até coisa pior. Graças a Deus a polícia o encontrou e o trouxe de volta para nós", explicou o supervisor
Já era no meio da tarde quando policiais em uma viatura foram avisados por populares que havia uma criança caminhando sozinho, chorando à beira da ES 010, na altura de Manguinhos, no mesmo município. Com a localização relatada, os militares encontraram Cauã, o acolheram, colocaram o menino na viatura e levaram ele até o posto do Batalhão da Polícia de Trânsito (BPtran), que fica também no balneário. Lá, Ricardo foi avisado e foi ao encontro do enteado. Do momento em que notou a ausência do menino até reencontrá-lo, foram cerca quase quatro horas sem notícias.
"Quando fui avisado que o encontraram, me deu um alívio que você não faz ideia. Quando cheguei no posto da polícia, estava em choque, com dificuldade para falar e muito assustado. Ele ainda está assustado com tudo o que passou, mas felizmente apareceram esses anjos em nossas vidas. Depois, fomos até o hospital e lá encontramos com a Regina e o Caio, que passa bem e não teve nada", conclui Ricardo.
Após deixarem o Hospital Meridional, onde a criança mais nova foi examinada, Ricardo, Regina e os dois filhos voltaram para casa agradecidos. Apesar dos sustos – o acidente doméstico de Caio e o sumiço de Cauã –, nada de mais sério ocorreu.
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