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Menino que perdeu mãe e irmão em acidente espera por cirurgia no ES

Menino que perdeu mãe e irmão em acidente espera por cirurgia no ES

Criança e família retornavam para casa, em Vitória, quando sofreram acidente na Bahia. O menino só soube da morte da mãe e do irmão esta semana

Publicado em 16 de julho de 2021 às 12:30

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Yuri (10), Brunelli (26) e Caik (8)
Yuri (10), Brunelli (27) e Caik (8), que aguarda cirurgia. (Arquivo pessoal| Imagem cedida pela família)

Caik Gomes Xavier, o menino de 8 anos sobrevivente de um acidente de carro em que perdeu a mãe e o irmão na Bahia, lida agora com outro desafio: a espera por uma cirurgia de correção do maxilar. A criança e a família retornavam para casa, em Maruípe, Vitória, quando sofreram o acidente na manhã do dia 27 de junho, em Teixeira de Freitas. Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), afirmou que, para a cirurgia, é necessário um material específico, que já foi adquirido e tem previsão de entrega para esta sexta-feira (16).

No veículo estavam Caik; o irmão Yuri Gomes Xavier, de 10 anos; a mãe Brunelli Gomes, de 26 anos; e o pai Edvaldo Xavier dos Prazeres Júnior, de 33 anos, que sobreviveu.

Após saber do acidente, uma parte da família foi para o município dar suporte a Edvaldo e a Caik. O homem, mesmo com o braço quebrado, disse que queria dar o último adeus à Brunelli e ao outro filho, no velório deles no Espírito Santo. Neste momento, os familiares assinaram um termo de responsabilidade pela transferência do menino mais novo, e contrataram uma ambulância para levá-lo para um hospital de Vitória.

Há mais de 15 dias internado no Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg), Caik ainda não foi operado. Os médicos constataram que é necessário corrigir o maxilar do garoto. Segundo a irmã de Edvaldo e tia do menino, Janaína Xavier, duas cirurgias chegaram a ser marcadas, mas foram canceladas. No último contato da assistência social com a família, foi informado que não havia previsão para a aquisição de uma placa necessária para a operação.

“Na primeira vez, cancelaram no dia marcado e falaram que não deu para encaixar [na agenda de horários de cirurgias]. Na segunda vez falaram que precisava dessa placa, para poder consertar o maxilar dele. A última notícia que tivemos na quarta foi que nem tinha previsão para essa placa chegar”, explicou.

“FICOU SABENDO DA PERDA DA MÃE NA QUARTA”

Na mesma quarta, a família decidiu contar para o menino o que havia ocorrido. Desde o acidente em junho, ele não sabia onde a mãe e o irmão estavam.

“Ele ficava perguntando onde a mãe e o irmão estavam. Ele era muito apegado com o irmão. Faziam tudo juntos. Decidimos fazer uma videochamada, junto com uma psicóloga e explicar tudo. Contamos que eles tiveram mais ferimentos e, por isso, não resistiram. Ele chorou muito. Foi um momento muito difícil para todos. Agora a gente espera que ele se recupere logo e volte para fazer companhia ao pai e ver os primos, amigos, para essa dor passar um pouco", contou Janaína.

Soldado BM Novais/Divulgação Corpo de Bombeiros
Mãe e filho morrem em acidente na Bahia a caminho do ES. (Soldado BM Novais/Divulgação Corpo de Bombeiros)

O QUE DIZ A SESA

Por meio de nota enviada pela Sesa, a direção do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg) informou que o paciente está recebendo toda assistência necessária, e que para a realização da cirurgia, é necessário esperar o período de redução do “inchaço”, que dura, no mínimo, cerca de sete dias.

Ainda sobre o paciente, o texto afirma que a condição dele é muito específica e, portanto, foi necessária uma compra de material específico que exigiu abertura de um processo de aquisição individual. Segundo a Sesa, essa compra já foi finalizada e tem previsão de entrega para esta sexta-feira (16).

Já a respeito dos agendamentos da cirurgia feitos e não cumpridos, conforme apontou a tia do menino, a direção do hospital ressalta que compromete verificar o ocorrido e alinhar a comunicação interna, pois “o agendamento deve ocorrer somente mediante a disponibilidade do material.”

Confira a nota na íntegra:

"A direção do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg) informa que o paciente está recebendo toda a assistência necessária. Esclarece que, a maioria dos casos de cirurgia bucomaxilofacial exigem um período de redução do 'inchaço', que dura, no mínimo, em torno de sete dias.

No caso do paciente, trata-se de uma condição muito específica, diferente das várias especialidades cirúrgicas, nas quais é possível uma padronização de materiais para a maioria dos casos. Por isso, foi necessária uma compra específica que exigiu abertura de um processo de aquisição individual, especificamente para o paciente. O processo de compra foi aberto imediatamente e está finalizado com previsão de entrega até esta sexta-feira (16).

Sobre possíveis agendamentos não cumpridos, a direção ressalta que se compromete em verificar o ocorrido e alinhar a comunicação interna, pois o agendamento deve ocorrer somente mediante a disponibilidade do material. Assim que o material necessário chegar ao hospital, a família será comunicada sobre a data e horário da cirurgia. Enquanto isso, o paciente segue sendo cuidado pela equipe multidisciplinar do hospital."

O ACIDENTE

De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), obtidas pelo G1 Bahia, chovia no momento do acidente, e Edvaldo teria perdido o controle da direção, caindo em uma ribanceira e parando em uma área de vegetação de difícil acesso às margens da rodovia. O homem e os dois filhos foram levados para o hospital com vida, já a mãe teve a morte constatada ainda no local do ocorrido. Posteriormente, a morte do filho mais velho também foi confirmada.

A tia das crianças explicou à reportagem de A Gazeta que uma parte da família é da Bahia, e Edvaldo, esposa e filhos iam todo ano a Porto Seguro visitar os parentes e passear pela região.

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