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Mesmo CPF foi usado sete vezes para vacinar contra Covid-19 no ES

Mesmo CPF foi usado sete vezes para vacinar contra Covid-19 no ES

Uma auditoria realizada pela Secretaria de Estado de Controle e Transparência (Secont) identificou diversas irregularidades no processo de vacinação contra a Covid-19 no ES

Publicado em 16 de junho de 2021 às 14:07

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Vacina Covid-19
Auditoria apura irregularidades na vacinação contra a Covid-19 no ES. (Carlos Alberto Silva)
Autor - Isaac Ribeiro
Isaac Ribeiro
Repórter de Cotidiano / [email protected]

Uma auditoria realizada pela Secretaria de Estado de Controle e Transparência (Secont) identificou que o mesmo CPF foi usado sete vezes para vacinar contra a Covid-19 no Espírito Santo. Os dados foram observados durante quatro meses de investigação. 

No total, o levantamento apontou 408 casos em que o portador de um mesmo número de CPF teria recebido mais de três doses da vacina. Além disso, 934 pessoas usaram documentos de pessoas mortas, ou seja, em que o nome está no registro de óbito, para conseguirem entrar no grupo de imunização e receber as injeções contra o novo coronavírus.

Edmar Camata, secretário de Controle e Transparência, explicou que o cruzamento dos dados apresentados até o momento poderá auxiliar o governo do Estado a identificar o que de fato ocorreu em relação ao uso de um mesmo documento repetidas vezes.

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O CPF apareceu como vacinado sete vezes, mas não significa que aquela pessoa foi imunizada sete vezes, mas que pode ter acontecido várias coisas como uso de documento falso, ou pode sim, ter acontecido a inserção daquele CPF para mascarar uma aplicação da dose em outra pessoa

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Segundo Camata, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) foi acionado e acompanha os casos. Na tarde desta quarta-feira (16), os auditores vão apresentar as informações coletadas até o momento à Polícia Civil.

"A partir desse desdobramento, vamos buscar identificar o que de fato aconteceu. Nós mantemos uma articulação constante com a Polícia Civil para subsidiar novas trilhas de investigação dentro do controle e transparência, mas o caso também caminha por conta própria na Polícia Civil porque ela pode identificar outras situações, pode reunir com inquéritos que já estavam em curso", explicou.

Em nota enviada nesta quarta-feira, a Polícia Civil informou que "não recebeu, oficialmente, as informações contidas no relatório citado. A partir do momento que os fatos forem compartilhados, as medidas que cabem à autoridade policial serão adotadas".

O secretário de Controle e Transparência, Edmar Camata, é o responsável pelos processos de responsabilização da Lei Anticorrupção
O secretário de Controle e Transparência, Edmar Camata, é o responsável pela auditoria. (Divulgação/Secont)

PERÍODO 

A análise, realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), abrangeu 882.505 doses aplicadas, no período de 18 de janeiro a 12 de maio deste ano. De acordo com a Secont, a ação teve o objetivo de identificar riscos nos procedimentos adotados e corrigir eventuais falhas que poderiam comprometer a rapidez e a qualidade da campanha de imunização contra a Covid-19.

Em 1.240 casos, a segunda dose aplicada foi de laboratório diferente da primeira dose. Outras 70 doses foram registradas como sendo de um laboratório que ainda não é distribuído no Espírito Santo.

A auditoria identificou que 11.582 doses de imunizantes foram aplicadas em cidadãos com idade mais baixa do que a faixa etária informada no cartão. Do total dessas aplicações fora da fila, 1.448 seriam de pessoas com menos de 60 anos e que não integram o grupo prioritário por idade, mas receberam a vacina como se estivem nele.

A auditoria foi realizada por meio de aplicação de checklist em todos os 78 municípios capixabas e visitas presenciais a redes de frios e locais de vacinação definidos por amostragem.

IRREGULARIDADES ENCONTRADAS

  • O trabalho identificou 1.240 casos em que o registro aponta a aplicação de 2ª dose de laboratório diferente da 1ª dose recebida; 

  • No período analisado, 70 doses foram registradas como fabricadas por um laboratório sem vacinas disponíveis no Estado;

  • A auditoria constatou 11.582 doses aplicadas em cidadãos com idade inferior à faixa etária informada como justificativa para inclusão no grupo prioritário que estava sendo vacinado a cada fase da imunização. Quando se exclui os vacinados com 60 anos ou mais, do total de 11.582 doses, 1.448 doses teriam sido recebidas por pessoas com menos de 60 anos, ou seja, em pessoas que não fariam parte deste grupo prioritário;

  • A auditoria constatou 408 casos em que o portador de um mesmo número de CPF teria recebido mais de três doses de vacina;

  • Um total de 934 doses foram aplicadas em pessoas que, segundo o sistema de registro de óbitos, já teriam falecido na data de aplicação da vacina.

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