Uma auditoria realizada pela Secretaria de Estado de Controle e Transparência (Secont) identificou que o mesmo CPF foi usado sete vezes para vacinar contra a Covid-19 no Espírito Santo. Os dados foram observados durante quatro meses de investigação.
No total, o levantamento apontou 408 casos em que o portador de um mesmo número de CPF teria recebido mais de três doses da vacina. Além disso, 934 pessoas usaram documentos de pessoas mortas, ou seja, em que o nome está no registro de óbito, para conseguirem entrar no grupo de imunização e receber as injeções contra o novo coronavírus.
Edmar Camata, secretário de Controle e Transparência, explicou que o cruzamento dos dados apresentados até o momento poderá auxiliar o governo do Estado a identificar o que de fato ocorreu em relação ao uso de um mesmo documento repetidas vezes.
Segundo Camata, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) foi acionado e acompanha os casos. Na tarde desta quarta-feira (16), os auditores vão apresentar as informações coletadas até o momento à Polícia Civil.
"A partir desse desdobramento, vamos buscar identificar o que de fato aconteceu. Nós mantemos uma articulação constante com a Polícia Civil para subsidiar novas trilhas de investigação dentro do controle e transparência, mas o caso também caminha por conta própria na Polícia Civil porque ela pode identificar outras situações, pode reunir com inquéritos que já estavam em curso", explicou.
Em nota enviada nesta quarta-feira, a Polícia Civil informou que "não recebeu, oficialmente, as informações contidas no relatório citado. A partir do momento que os fatos forem compartilhados, as medidas que cabem à autoridade policial serão adotadas".
A análise, realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), abrangeu 882.505 doses aplicadas, no período de 18 de janeiro a 12 de maio deste ano. De acordo com a Secont, a ação teve o objetivo de identificar riscos nos procedimentos adotados e corrigir eventuais falhas que poderiam comprometer a rapidez e a qualidade da campanha de imunização contra a Covid-19.
Em 1.240 casos, a segunda dose aplicada foi de laboratório diferente da primeira dose. Outras 70 doses foram registradas como sendo de um laboratório que ainda não é distribuído no Espírito Santo.
A auditoria identificou que 11.582 doses de imunizantes foram aplicadas em cidadãos com idade mais baixa do que a faixa etária informada no cartão. Do total dessas aplicações fora da fila, 1.448 seriam de pessoas com menos de 60 anos e que não integram o grupo prioritário por idade, mas receberam a vacina como se estivem nele.
A auditoria foi realizada por meio de aplicação de checklist em todos os 78 municípios capixabas e visitas presenciais a redes de frios e locais de vacinação definidos por amostragem.
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