A mãe do aluno que teve os pés amarrados a uma cadeira com fita adesiva na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professora Eunice Pereira da Silva, que fica no bairro Tabuazeiro, em Vitória, contou que seu filho está traumatizado e não quer mais voltar para a escola. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA).
De acordo com a promotora de vendas de 38 anos, que não quis ser identificada, o garoto disse que não quer ter aulas novamente com o professor que o amarrou. Ela contou que o adolescente, de apenas 12 anos, está traumatizado com o ocorrido, mas quer ver o garoto de volta às aulas.
"Meu filho está traumatizado, não quer ir para a escola, não quer ver o professor. Ele acha que o professor vai dar aula para ele, falei com ele que não vai, que ele pode voltar para a escola, porque não adianta sair. Ele está traumatizado, ele olha no jornal e fala ‘de novo meu vídeo, mãe, de novo’. Eu passo na rua e perguntam: ‘Você é o menino que estava amarrado?’. Então é muito triste ver essa situação", lamentou.
A mãe explicou também que o menino foi diagnosticado com déficit de atenção e que já fez uso de medicamentos para controlar a condição.
"Ele tem déficit de atenção comprovado, tem um ano que ele não toma medicação por causa da pandemia. Eu fiquei desempregada, sem o plano de saúde. Estou pelo SUS, mas não saiu a consulta ainda, então acabou o remédio dele, mas ele é tranquilo. Tinha um ano em que ele não me dava trabalho, era só nos deveres de casa que ele tinha dificuldade. Mas em relação a ele, é um menino exemplar, maravilhoso, amoroso. Cuida da avó dele, ajuda todo mundo em casa, não tem dificuldade na relação com amigos", pontuou.
Segundo ela, a família chegou a ir até a escola e se reuniu com a diretoria e o professor, que teria apenas pedido desculpas. O professor já foi afastado pela Prefeitura de Vitoria, mas a mãe quer que ele sofra punições maiores.
"Ele só me pediu desculpas, que ele trataria meu filho melhor, daria mais atenção. Mas eu não quero isso, quero que ele seja punido pelo que ele fez com meu filho, que ele seja tirado da prefeitura. Não queriam que eu vazasse isso porque ele é um profissional que está se aposentando, e isso prejudicaria a carreira dele", disse.
A reportagem de A Gazeta entrou em contato com Ugo Fleming, advogado que faz a defesa do professor de 52 anos. Ele confirmou que o docente "pegou a fita de forma simbólica e passou no pé do estudante" e pontuou que não houve maus tratos por parte do docente. Segundo ele, não há registro de agressões físicas ou verbais, e o aluno poderia tirar a fita adesiva que o prendia à cadeira.
"Se você olhar a foto, o pé do menino não está amarrado, o próprio menino poderia tirar a fita durex, não houve agressão verbal ou física. No caso desse aluno que passa o tempo integral na escola, o professor confunde o que é pedagógico e o que é paternal", afirmou.
O advogado alegou ainda que o professor foi diagnosticado com um quadro de depressão intensa e de ansiedade e já havia pedido afastamento das aulas por causa da doença. "Ele possui laudo médico que aponta um quadro de intensa depressão, ansiedade e manifestação somáticas decorrentes do transtorno psicológico. Ele não deveria estar em sala de aula", informou Fleming.
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