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'Meus amigos médicos acharam que eu fosse morrer', diz cirurgião que ficou 49 dias internado

"Meus amigos médicos acharam que eu fosse morrer", diz cirurgião que ficou 49 dias internado

O cirurgião torácico Cláudio Laurindo chegou a ficar em coma e teve 90% do pulmão tomado pelo vírus. Ele teve alta na última sexta-feira (03) e foi recebido com homenagens no prédio onde mora

Publicado em 4 de julho de 2020 às 19:30

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Após 49 dias internado, o retorno de Cláudio ao prédio onde mora, em Vila Velha, foi celebrado por amigos e vizinhos
Após 49 dias internado, o retorno de Cláudio ao prédio onde mora, em Vila Velha, foi celebrado por amigos e vizinhos. (Arquivo Pessoal)

Os últimos 49 dias foram de muita incerteza e apreensão para a família e amigos do cirurgião torácico Cláudio Laurindo, 50 anos. Acostumado a estar na linha de frente do combate à Covid-19, o médico viveu o outro lado da doença, o de um paciente em estado grave, infectado pelo novo coronavírus. Cláudio teve 90% do pulmão comprometido e chegou a ficar 35 dias "fora do ar", como descreveu a própria mulher, a médica do trabalho Luciana Puppin. "Achei que ele não fosse voltar", comentou.

O medo não era só de Luciana. Os profissionais de saúde que acompanharam de perto a situação de Cláudio também tinham dúvidas sobre a recuperação dele. Para o cirurgião, o caso foi um milagre, como tantos que ele já presenciou durante a carreira. 

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Tudo de pior que esta doença pode trazer, eu tive. Perda respiratória, falta de ar, coração falhando. A doença evoluiu muito rápido. Até meus amigos médicos acharam que eu fosse morrer. Diante de tantas complicações, acredito que sou um milagre. Fui no céu, beijei Deus e voltei

Cláudio Laurindo
Médico
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Cláudio e a esposa foram diagnosticados com a Covid-19 no dia 12 de maio. Quatro dias depois, o cirurgião foi internado com dificuldade para respirar. O quadro piorou e ele teve de ser entubado, sem a menor previsão de saída do hospital.

"Eu tive muito medo do que podia acontecer, me bateu desespero. É uma doença nova, que a gente não conhece. Não é igual  a um câncer de pulmão, por exemplo, que eu sei como é o procedimento, a média de internação, os possíveis efeitos e que, raras as vezes, vai sair daquele padrão. Na Covid, a gente não tem essa previsão. É uma doença ingrata, você tem o ticket de entrada, mas não tem de saída. No meu caso, veio quase dois meses depois", comentou.

HOMENAGEM

Cláudio recebeu alta na última sexta-feira (03). O retorno dele ao prédio onde mora, na Praia de Itaparica, em Vila Velha, foi celebrado com uma homenagem organizada pelos vizinhos, com música e oração. 

"Por mais que a gente não fosse tão próximo e não conhecesse todo mundo, porque nos mudamos recentemente para cá, as pessoas sabiam o que estávamos passando. Muitos foram bater na minha porta para oferecer a ajuda, para saber se eu precisava de algo com as crianças. Sou eternamente grata por essas pessoas, que se uniram em uma corrente de oração pela vida do meu marido", comentou Luciana. 

Apesar do retorno para casa, a vida após o vírus não será a mesma para Cláudio. Aos poucos, ele vai se recuperando dos efeitos do vírus no corpo, sem saber ainda do que virá.

Agora que eu escapei da parte crítica, vem a segunda fase, de recuperação. Eu perdi 30 quilos, ainda não tenho força muscular, sinto dificuldade para andar. Vou ter que ficar de molho por uns dois meses. Sem falar da parte psicológica", comenta.  

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A única coisa que eu tenho certeza é que esta doença não é qualquer uma, e as pessoas precisam levar isso mais a sério, não pode banalizar. Eu vi muita gente morrer e eu quase morri. É algo diferente, assustador e que ninguém conhece

Cláudio Laurindo
Médico
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