Após uma reunião em seu apartamento, na Praia do Canto, em Vitória, Milena Gottardi, foi taxativa ao afirmar para seu irmão Douglas Gottardi: “Não gosto mais dele (Hilário), sinto nojo dele, não consigo mais olhar na cara dele”. A partir deste momento, segundo o irmão, a médica assassinada em setembro de 2017 ficou “irredutível” em relação à separação de Hilário Frasson.
Ele relata que isto aconteceu alguns dias após o aniversário de Milena, em 5 março de 2017. Neste dia, eles saíram para uma comemoração e Hilário havia bebido muito. E no dia seguinte, Hilário ligou para Douglas relatando que Milena o havia expulsado de casa. “Pedi a ele calma”, conta.
Dias depois, Douglas e a esposa, Luana, foram ao apartamento de Milena. Hilário permanecia na casa, dormindo no sofá, enquanto Milena dormia no quarto com as filhas.
“Neste encontro a Milena deixou claro que gostaria que ele saísse de casa, mas ele estava revoltado dizendo que ele não sairia nem as filhas. Pedi que Hilário fosse para minha casa e ele não aceitou. Pedi então que pudesse levar Milena e as filhas para minha casa, e ele não aceitou. Milena estava firme na decisão e ele continuava não aceitando”, conta Douglas.
Em outro encontro, solicitado por Hilário, agora em Fundão, Douglas estava acompanhado da médica Livia Maria Araujo Maia, amiga de Milena. “Neste encontro minha irmã foi ainda mais taxativa. Disse: ‘Não gosto mais dele, sinto nojo dele, não consigo mais olhar na cara dele’.’”, conta Douglas.
O modo como Milena falou que senti nojo de Hilário levou Douglas e a esposa, Luna, passassem a cogitar a hipótese que Hilário tentou fazer sexo à força com Milena enquanto estava bêbado. “Eu perguntei a ela o que tinha acontecido neste dia (festa do aniversário), mas ela não falava. Mas lembro de que em uma discussão ela disse a Hilário: "Você não percebe que eu não gosto mais de você quando a gente faz sexo?"
Segundo Douglas, a partir da data de aniversário de Milena, em 5 de março de 2017, a irmã não mais voltou atrás na proposta de separação de Hilário. “Ela já pensava em se separar. Em janeiro, ela me disse que não ficaria casada mais com o Hilário por muito mais tempo. Mas a repugnância veio no dia do aniversário dela, mas ela nunca me relatou o motivo”, conta o irmão
A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.
Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.
As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.
Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, o ex-policial civil Hilário Frasson teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.
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