A segunda testemunha a depor no julgamento dos seis acusados pela morte de Milena Gottardi, na tarde desta segunda-feira (23), foi a médica nefrologista Líva Maria Araújo Maia, amiga de Milena. Ela relatou, em seu depoimento, que Milena morreu no dia em que assinaria o divórcio.
"Ela levou o tiro no dia 14 de setembro. E assinaria o divórcio no dia 15, dia em que ela teve a morte declarada", afirmou no depoimento, que começou às 14h25 e durou três horas. Ela respondeu as indagações dos advogados de acusação e defesa sem a presença do réu, que foram levados para uma sala próxima do salão do júri.
Segundo a nefrologista, ela e o marido eram amigos de Milena e Hilário e conviviam com eles forma próxima. Lívia conta que Hilário tinha muito ciúmes de Milena, até mesmo com as filhas.
A testemunha afirmou que as conversas sobre separação começaram em janeiro de 2017, mas a decisão de se separar de fato foi tomada no dia do aniversário de Milena, em 5 de março de 2017.
Lívia contou que, na data, eles foram comemorar em uma churrascaria e, no final Hilário estava muito bêbado. "A filha mais velha de Milena estava muito envergonhada com as atitudes dele. Milena virou para mim e disse: não dá mais!".
A partir disso, a testemunha afirmou que Milena estava muito decidida pela separação e que não voltaria atrás.
Lívia disse que chegou a conversar com Hilário. Ela e Douglas Gottardi, irmão de Milena, foram até a casa de Milena conversar com o casal. A testemunha relatou ter visto quando Milena se virou para Hilário e disse que não o amava mais, que a presença dele a incomodava. Hilário, entretanto, não aceitava.
Lívia e Douglas chegaram a pedir para Hilário dar um tempo a Milena, mas ele não aceitava, segundo a testemunha.
A amiga da médica assassinada relatou ainda que no dia em que Milena conseguiu a liminar para sair de casa com as filhas, tudo foi arrumado às pressas, de forma escondida, para elas conseguirem sair.
"Quando Hilário chegou em casa à noite e viu que Milena tinha saído, ficou endemoniado", disse. Segundo Lívia, ele teria ido até a casa de um amigo, armado, para buscar informações sobre onde Milena estava.
"Para mim, Hilário falou: 'se eu descobrir que Milena tem outra pessoa, isso não vai ficar assim. Não tenho temperamento para aceitar isso!'", relatou a testemunha.
Lívia também disse que os sogros de Milena, incialmente, falavam que aceitavam a separação, mas depois o sogro (Espiridião Frasson, um dos réus) disse que não aceitaria porque na família dele ninguém se separava.
A testemunha relatou também que Milena sabia que estava sendo seguida e monitorada pelo telefone e por aplicativos. Lívia disse que Milena era ameaçada constantemente por Hilário.
"Ele monitorava as conversas de Milena no WhatsApp. Quando ele viu que ela conversou com um advogado, ele disse que ia tomar a guarda das meninas. Foi a primeira vez que Milena viu ele agir com mais agressividade. Milena chorava muito por medo de perder as filhas", contou a testemunha.
Lívia ainda afirmou que Hilário tinha todas as senhas de Milena, como códigos de banco, celular e redes sociais.
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