Um dia após a enchente que devastou Mimoso do Sul, na Região Sul do Espírito Santo, entre os dias 22 e 23 de março, A Gazeta foi até a cidade para mostrar como estava o drama de moradores que perderam parentes e bens materiais na tragédia. O cenário era de devastação após o temporal, que deixou um saldo de 18 mortos e mais de 11 mil pessoas fora de casa. Um mês depois, a reportagem volta ao município, desta vez para mostrar como anda a recuperação da cidade.
No vídeo acima, com imagens captadas pelo repórter fotográfico Fernando Madeira, é possível comparar a situação da cidade em março e agora, em abril. Ainda é possível ver muita sujeira e escombros pelas ruas. Mais de 110 toneladas de lama e entulhos foram retiradas ao longo de 30 dias de trabalho ininterrupto.
Em uma nova etapa de reconstrução, começam os reparos nos calçamentos e no asfalto em todo o município, além do desentupimento de bueiros. Essas obras aguardam recursos, segundo o prefeito Peter Costa. "Já estamos em conversa também sobre as casas populares", antecipa.
Muitas famílias que tiveram suas casas invadidas pela força das águas ainda não conseguiram retornar à normalidade. A manicure Lidiane Cândido é um dos exemplos. Ela perdeu a casa que lutou para construir durante a enchente e, hoje, está na residência da mãe — imóvel que também tem risco de desabar. A jovem e o marido dependem de doações para se alimentar.
"Eu não sei o que vou fazer. Eu não sei se eles vão vir e interditar. Eles não têm onde colocar a gente, e a gente não tem para onde ir", desabafou, durante a passagem de A Gazeta pela cidade.
No comércio, o cenário não é muito diferente. Ainda há muitas pontos comerciais fechados ou funcionando precariamente. A empresária Marina de Souza Lima Melo, dona de uma loja de artigos para festa, é uma das que luta para reabrir as portas. Metade das mercadorias foram perdidas, e outra parte, assim como a loja, ainda passa por um processo de limpeza.
Além das perdas materiais, Marina ainda enfrenta o luto pela perda da irmã, que morreu poucos dias depois de apresentar sintomas de mal-estar. A suspeita é de leptospirose, doença comum em áreas alagadas. Um mês após os temporais, a empresária tenta se manter firme, com a ajuda de voluntários e da fé, para recuperar-se e poder voltar a trabalhar. "Vai ser devagar", disse à reportagem.
Desde o temporal que arrasou a cidade no dia 22 de março, houve 172 notificações de suspeita de leptospirose — mais que o dobro do registrado no dia 10 de abril, quando a prefeitura investigava 80 casos. A doença bacteriana é transmitida pela urina de ratos, que contamina a água durante os alagamentos.
Dos casos em investigação, nenhum foi positivado ainda. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, o diagnóstico da doença é complexo e requer duas coletas com intervalo de 14 dias.
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