Mimoso do Sul carrega marcas e estragos provocados pelas fortes chuvas que atingiram a cidade em 22 de março. Passado um mês, o município ainda contabiliza prejuízos, mas também faz contas de tudo o que já foi investido, e as ações realizadas, para a sua recuperação. Somente na área de limpeza urbana, mais de 110 toneladas de lama e entulhos foram retiradas das ruas e avenidas ao longo de 30 dias de trabalho ininterrupto.
Já foram lavadas cerca de 80% das vias, mas, em alguns pontos, as equipes terão que retornar porque, à medida que é feita a limpeza de casas e comércio, as ruas acabam sujando novamente durante a locomoção dos trabalhadores e remoção de materiais.
"Estamos usando, em média, 14 caminhões-pipas no turno do dia, e seis, à noite. Lembrando que, nos dias 17 e 18 de abril, foi realizado um mutirão, com o apoio do governo do Estado e a parceria de mais de 15 municípios, e tivemos uma média de 40 caminhões-pipas por dia, nos dois dias de mutirão. O que nos ajudou bastante a minimizar os transtornos", enumera Carlos de Souza, o Juninho, secretário municipal de Limpeza Urbana.
Ele conta que, na estrutura usada para o trabalho, também são utilizados 50 caminhões caçamba diariamente, parte no período noturno, com os quais são feitas cerca de 300 viagens para carregar lama e entulho. Desde o início dessa operação, afirma Juninho, já foram retiradas aproximadamente 110 toneladas do material.
A Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb) diz, em nota, que foram disponibilizados mais de 48 mil horas máquinas para atuar na limpeza e recuperação dos municípios mais afetados com as chuvas no Sul capixaba.
"Somente no município de Mimoso do Sul, já foram disponibilizados mais de 27 mil horas máquinas. O investimento total já executado no município é de R$ 7,2 milhões para atuar na limpeza da cidade. Os equipamentos contam com caminhão tanque, caminhão basculante com caçamba, caminhão-pipa, retroescavadeira de pneus e escavadeira hidráulica."
Para o prefeito Peter Costa, o município já evoluiu bastante nessa etapa de limpeza. Ele agora aguarda liberação de verba para outras ações. "Estamos esperando recursos para começar obras estruturantes em relação aos bueiros entupidos, que a gente não consegue desentupir porque foram totalmente assoreados, e vamos ter que fazer rede de drenagem. Recursos também para fazer os reparos nos calçamentos e no asfalto em todo o município. Já estamos em conversa também sobre as casas populares. O Estado já está preparando uma ata, através da Sedurb, para a construção dessas casas", pontua.
Peter Costa acrescenta que foi iniciada a distribuição do cartão reconstrução para os moradores do município e que há uma perspectiva de realizar o patrolamento de todas as estradas rurais de Mimoso do Sul em um prazo de até quatro meses. Não há, segundo o prefeito, nenhuma comunidade rural sem acesso, mas há necessidade de melhorar as condições de circulação nessas vias.
Os danos causados pelas chuvas se estenderam também para áreas como a Saúde e a Educação. As escolas municipais precisaram atuar em regime não presencial para que os alunos não ficassem muito tempo sem aulas. Mas, das 19 unidades de ensino de Mimoso do Sul, 10 já retomaram as atividades presenciais no dia 16 de abril. A escola Antonia Junger Poubel da Silva, no distrito de Conceição de Muqui, retorna na próxima segunda-feira (29). Sobre as demais, a secretária Gracielli Defante acrescenta que a administração municipal está "trabalhando com celeridade para retornar o mais breve possível."
Na Saúde, em nenhum momento houve interrupção dos serviços, mas sim a necessidade de adaptações porque todos os espaços de atendimento foram afetados pelas enchentes. A cidade tem cinco unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma Casa da Mulher e uma central de regulação que não estão atualmente em pleno funcionamento, mas, conforme aponta o secretário Eliédson Morini, têm equipes atendendo em algum ponto de apoio próximo à unidade.
Já o posto de saúde, que funciona como um centro de especialidades, retomou o atendimento no local parcialmente e o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) voltou a operar normalmente.
Eliédson explica que, de imediato, foi feita a limpeza de todas as unidades, e nenhuma delas teve a estrutura física comprometida, a ponto de oferecer risco de desabamento. "Mas está tudo muito úmido, as paredes não absorvem a tinta ainda. Então, é preciso dar esse tempo para fazer a pintura e também ainda vamos receber recurso federal para recuperar por completo todas as unidades."
O Banestes instalou em Mimoso do Sul uma agência para atendimento emergencial, em estrutura de contêiner, após a agência sede do banco na cidade ficar completamente destruída pela enchente.
A instituição disponibilizou recursos para os municípios da região Sul afetados pelas chuvas — produtos de capital de giro, crédito pessoal e microcrédito — e, ao longo desses 30 dias, foram cotadas 370 operações, que totalizam R$ 7,5 milhões. Mimoso do Sul é o mais expressivo, com R$ 5,5 milhões cotados, e já teve R$ 700 mil liberados.
O Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) também oferece linhas de crédito e outros benefícios para as cidades atingidas pelos alagamentos em março. Desde o início da oferta, a instituição recebeu 108 propostas de financiamento que estão protocoladas, ou em fase de análise, totalizando R$ 37 milhões. Só em Mimoso do Sul, são 73 projetos encaminhados ao banco, somando R$ 26,5 milhões.
Paralelamente a ações voltadas à população, como o cartão para aquisição de alimentos e eletrodomésticos, o Estado também tem investido em outras áreas para ajudar na recuperação das 13 cidades classificadas em situação de emergência devido às chuvas, conforme explica a Secretaria de Governo (SEG).
Com recursos próprios, foram aportados R$ 22 milhões para restabelecer trechos de estradas rurais, desobstrução de rodovias e recuperação de pontes. Outros R$ 16 milhões foram aplicados na retomada do abastecimento com água potável, por meio de caminhões-pipa, perfuração de poços artesianos e recuperação de tubulações, na limpeza e retirada de entulhos de vias públicas e no desassoreamento de rios.
O governo do Estado também pleiteou à União R$ 743 milhões para ações de reconstrução. "Equipes técnicas de secretarias e órgãos, juntamente com a Cepdec (Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil), trabalham com total dedicação apresentando documentações e elaborando projetos e estudos técnicos, além de orçamentos detalhados, para a aprovação do valor solicitado em sua totalidade", pontua, em nota, a SEG.
O relatório inicial apresentado ao ministro Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional, com demandas de infraestrutura urbana, rural e rodoviária, além de habitação, ficou assim distribuído:
Com base em estudos, projetos e orçamentos detalhados, o Estado já apresentou ao governo federal R$ 89 milhões relativos a pontes, contenções, recomposições de aterros, entre outros.
Com apoio técnico da administração estadual, ainda segundo a nota, os municípios já solicitaram recursos ao Ministério da Integração para ações de restabelecimento das cidades, o valor de R$ 47,62 milhões. Os processos ainda estão em andamento, mas, do total solicitado, já foram assegurados pela União às cidades cerca de R$ 7,92 milhões.
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