Os desdobramentos das investigações do acidente que levou à morte a jovem Amanda Marques, 20 anos, e deixou ferido o namorado dela, Matheus José da Silva, 23, chegou como um acalento para as famílias. "Minha filha vai ter a Justiça de Deus e da terra", disse mãe de Amanda, Renata Marques.
Segundo as apurações da Delegacia de Delitos de Trânsito, o motorista Wagner Nunes de Paulo, 28 anos, bebeu antes de dirigir e bater com o veículo na moto onde estavam Amanda e Matheus. Ele foi indiciado pelos crimes de homicídio e tentativa de homicídio. O delegado responsável pelo caso, Maurício Gonçalves, também representou pela manutenção da prisão preventiva de Wagner e a suspensão da carteira de habilitação.
Renata também elogiou a conduta do delegado a frente das investigações. "Ele trabalhou profissionalmente e fez com humanidade seu trabalho. Essa é a Justiça", disse. A mãe de Amanda se refere ao fato de Maurício Gonçalves ter encaminhado às corregedorias das Polícias Civil e Militar o inquérito, uma vez que há a suspeita de falhas nas condutas de policiais militares que atenderam à ocorrência e também a postura dos policiais civis na delegacia e um policial civil, amigo da mãe de Wagner, que tentou retirá-lo da cena do acidente.
"Tínhamos dúvidas se a influência dos parentes policiais iria favorece-lo. O resultado nos deixou um pouco aliviados. Que sirva de recado para a sociedade em geral para que se conscientizem e não sejam imprudentes no trânsito", completou Antônio Victor, tio de Matheus. O rapaz se recupera em casa após 10 dias internado e ainda apresenta uma lesão na vértebra.
Por nota, a Polícia Civil informou nesta quinta-feira (29) que "não coaduna com condutas inadequadas ou delituosas e apura todos os fatos, independentemente das pessoas envolvidas. O relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito demonstra que a investigação é imparcial. A partir da conclusão do Inquérito Policial, a Corregedoria da Polícia Civil vai instaurar investigação para apurar a conduta de todos os policiais citados no relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito e aplicará as medidas cabíveis", finalizou.
Questionada, a Polícia Militar informou que "até o momento não recebeu qualquer documento relativo ao fato e, após tomar conhecimento de todo o conteúdo das peças que envolvem o acidente de trânsito e que foram encaminhadas à Corregedoria, irá instaurar o devido procedimento apuratório", afirmou a corporação.
Wagner continua detido no Centro de Triagem de Viana desde o dia do acidente. A reportagem entrou em contato com o advogado de defesa do motorista, Ramon Coelho, nesta quinta-feira. Por telefone, ele solicitou que a ligação fosse retornada em um intervalo de uma hora. A reportagem atendeu ao pedido. No entanto, o advogado não atendeu e nem respondeu às mensagens.
A batida aconteceu na Rodovia Darly Santos, no trecho do bairro Jardim Asteca, em Vila Velha. O casal havia saído da casa da mãe da jovem, no bairro Jockey, e seguiam de motocicleta para o bairro Divino Espírito Santo, onde moravam, quando ocorreu o acidente.
Era Matheus quem pilotava a moto, modelo Honda XRE 300, no momento em que o Toyota Corolla, conduzido por Wagner Nunes de Paulo, que seguia no mesmo sentido na pista, atingiu a traseira da motocicleta. O Corolla arrastou vítimas e a moto por cerca de 50 metros até parar.
Amanda morreu no local, enquanto Matheus foi levado por uma ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência, em Vitória, onde permaneceu internado por 10 dias.
Ainda na cena do acidente, já com a chegada da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) e da Guarda Municipal, um policial civil chegou ao local em uma viatura descaracterizada e ficou próximo a Wagner, conversando. O policial é amigo da família de Wagner, que também tem policiais civis, e aparentava estar de folga.
Ele tentou tirar o motorista do local. Porém, foi impedido pela equipe do Samu e também da guarda municipal. Ainda segundo consta o relatório da investigação do acidente, o policial civil teria tentado influenciar na versão presenciada pela testemunha, tendo a ameaçado de prisão e de que iria conduzi-la à delegacia.
Segundo o relatório da investigação, também houve falha dos PMs que assumiram a ocorrência ao não registrarem em momento algum que Wagner apresentava aparentemente sinais de embriaguez, como relatado por outras testemunhas, ou mesmo sobre a presença do policial civil junto ao detido nos registros formais necessários.
Os militares nem sequer completaram os autos de constatação de alteração psicomotora, como é solicitado em caso de acidente onde os condutores se recusam a fazer teste de bafômetro.
Na Delegacia Regional, segundo consta no relatório, os familiares tiveram acesso a Wagner e às dependências da unidade policial, procedimento que não é o padrão da Polícia Civil.
Outra conduta questionada no relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito é o fato do delegado de plantão na Delegacia Regional de Vila Velha, para onde o suspeito foi levado, não ter conduzido Wagner para os exames toxicológico e de alcoolemia junto à perícia da corporação, onde a recusa do exame - direito que o acusado possui - é documentada adequadamente.
Na data do crime, Wagner foi autuado em flagrante por homicídio culposo - quando não há intenção de matar - na direção de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro. Foi arbitrada uma fiança de R$ 10 mil, que não foi paga, por isso Wagner foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana no domingo (18).
Dentro do prazo legal estipulado, o delegado Maurício Gonçalves encaminhou à Justiça a conclusão do inquérito policial que investigava o acidente e concluiu que se tratou de um homicídio qualificado por motivo fútil, uma vez que foram reunidos fatos que apontam que Wagner ingeriu bebida alcoólica antes de pegar a direção do Corolla. Fora isso, ainda tentou fugir do local e não prestou socorro às vítimas.
Wagner continua detido no Centro de Triagem de Viana desde o dia do acidente. A reportagem entrou em contato com o advogado de defesa do motorista, Ramon Coelho, nesta quinta-feira. Por telefone, ele solicitou que a ligação fosse retornada em um intervalo de uma hora. A reportagem atendeu ao pedido. No entanto, o advogado não atendeu e nem respondeu às mensagens.
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