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Ministro da Educação promete concurso para dividir Ufes em duas, mas não explica custo

Ministro da Educação promete concurso para dividir Ufes em duas, mas não explica custo

Ideia de desmembrar unidades para criar a Universidade Federal do Vale do Itapemirim (UFVI), no Sul do Estado, é defendida por Bolsonaro. Entenda

Publicado em 22 de outubro de 2021 às 16:31

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Murais de mosaico na Grande Vitória
Entrada do campus de Goiabeiras da Ufes, em Vitória. (Vitor Jubini)

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, confirmou que o governo federal tem o projeto de criar a Universidade Federal do Vale do Itapemirim (UFVI), desmembrando os campi de Alegre e Jerônimo Monteiro, no Sul do Estado, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Mas os custos da iniciativa e os impactos para as contas públicas não foram informados por ele nem pelo ministério. Também não há detalhes de onde vão sair os recursos que serão empregados nos novos investimentos.

A proposta é polêmica e tem dividido opiniões. Se por um lado é defendida por prefeitos, deputados federais e até pelo presidente Jair Bolsonaro, por outro, o projeto é questionado pelo Conselho Universitário da Ufes.

O chefe da pasta de Educação falou sobre a divisão em duas universidades em evento na Câmara Federal, na última quarta-feira (20). Convidado para explicar sobre nomeação de reitores na Comissão de Fiscalização e Controle, ele disse ser favorável à criação de novas instituições de ensino superior pelo país. Ele ainda negou que exista alguma iniciativa no ministério para interferir na escolha das autoridades nos centros universitários.

Sobre a nova Universidade Federal Vale do Itapemirim, o ministro disse que a proposta será positiva por gerar empregos com a criação de cargos efetivos e de gestão, que seriam preenchidos por concurso, e movimentaria a economia ao redor das instituições. Mas ele não detalhou os custos com pessoal nem com a manutenção da estrutura da nova entidade.

Ministro da Educação promete concurso para dividir Ufes em duas, mas não explica custo

O Ministério da Educação (MEC) tem sido procurado deste a última terça-feira (19) por A Gazeta para dar detalhes sobre a UFVI. Entre os questionamentos feitos estão pedidos para detalhar informações sobre o número de cargos que serão criados, a expectativa de custos e o total de estudantes que serão contemplados com a emancipação. A pasta, no entanto, ainda não deu os esclarecimentos.

Proposta de criação de universidade no Sul do Espírito Santo é apresentada na Câmara. (Reprodução Câmara dos Deputados)

A criação da UFVI no Sul do Estado faz parte de uma proposta do governo federal em desmembrar universidades e institutos federais, possibilitando a criação de novas unidades, principalmente no interior.

O ministro da Educação defendeu que a medida visa a contemplar Estados no Norte e Nordeste do país e aqueles que contam com apenas uma universidade federal, como é o caso do Espírito Santo. Se aprovada, a medida vai abrir 10 novos institutos e cinco universidades federais no país.

No caso da nova universidade na Região Sul capixaba, dois projetos de lei foram apresentados, um pelo deputado  Neucimar Fraga (PSD) e o outro pelo deputado federal Evair de Melo (PP). O desmembramento conta com o apoio dos prefeitos Nemrod Emerick (Solidariedade), de Alegre; e Sérgio Fonseca (PSD), de Jerônimo Monteiro; além da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes).  

Em entrevista para A Gazeta na tarde desta quinta (21), Evair explicou que, pelo seu projeto, a UFVI teria entre R$ 8 milhões e R$ 9 milhões de custos com pessoal ao ano. A proposta prevê utilizar as estruturas já existentes em Alegre e em Jerônimo Monteiro. 

Já Neucimar Fraga evidenciou que, ao apresentar o seu projeto, deu como estimativa de custo com pessoal valores entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões ao ano. A projeção oficial não foi passada pelo MEC.

A medida agora precisa ser validada no plenário do Congresso Nacional e, na sequência, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No início do mês, em vídeo publicado pelo ex-senador Magno Malta, o presidente sinalizou apoio ao projeto. Ele afirmou que já acionou o MEC para transformar o que chama de “puxadinhos” em novas universidades no país. 

Perspectiva de gastos com as novas universidades federais. (Ministério da Educação)

PREVISÕES DE CONTRATAÇÃO E DE GASTOS

Na Comissão, os representantes do Ministério da Educação não mostraram o detalhamento de quantos cargos seriam criados em cada nova unidade, apenas uma estimativa geral, envolvendo todas as unidades.

Assim, estima-se a criação de 180 cargos de técnico-administrativo em Educação com nível de classificação D, com o custo de R$ 7.474.514; 335 de nível E, com o custo de R$ 18.471.141; e 1.746 cargos de direção, funções gratificadas e de coordenação de curso, pelo custo de R$ 30.738.140.

REITOR DA UFES CHAMA MEDIDA DE TEMERÁRIA

O reitor da Ufes, Paulo Vargas, chamou a medida de temerária e destacou que não há um planejamento que aponte para a sua sustentabilidade. 

“Somos favoráveis à criação de novas universidades que ofereçam mais cursos e vagas. Entretanto, reduzir o tamanho da Ufes para se criar uma universidade minúscula e sem infraestrutura adequada não é, definitivamente, uma estratégia promissora para o Sul do Estado”, evidenciou o reitor.

“A ausência de diálogo com a Universidade afronta o preceito constitucional da autonomia universitária, além de ser incompatível com o estado democrático de direito”, frisou o reitor Paulo Vargas.

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