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'Missão cumprida': quem é professor do ES homenageado por alunos ao se aposentar

'Missão cumprida': quem é professor do ES homenageado por alunos ao se aposentar

Estudantes fizeram 'corredor humano' para o docente Jacy Silveira Nunes, de 60 anos, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) David Gomes, em Ibatiba, no Sul do Epírito Santo

Publicado em 28 de junho de 2023 às 09:06

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Alunos fizeram 'corredor humano' para se despedir do professor Jacy Silveira Nunes
Alunos fizeram 'corredor humano' para se despedir do professor Jacy Silveira Nunes. (Reprodução | Rede social)

Após a repercussão da despedida do professor Jacy Silveira Nunes, de 60 anos, feita por estudantes e colegas de trabalho no último dia antes de se aposentar na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) David Gomes, de Ibatiba, no Sul do Espírito Santo, o docente conversou com a reportagem e falou momento marcante que viveu ao passar por um "corredor de palmas" e aproveitou para fazer um pedido em prol da categoria na qual se dedicou por décadas.

"Eu gostaria que tivéssemos uma política de Educação contínua, que fôssemos mais respeitados na questão de remuneração, da valorização. Educação se faz com continuidade. Eu nunca entrei uma sala de aula sem planejar no dia anterior o que eu ensinaria aos alunos. A gente precisa de planejamento para a educação", disse o professor.

O educador, que dedicou mais da metade da vida a ensinar crianças, passar conhecimento e formar cidadãos disse ainda que a dupla jornada é uma realidade para os professores. Ele mesmo atuou em mais de uma escola por anos.

"A maioria de nós trabalha em duas escolas, não tem tempo sequer de alimentar direito, corre risco de vida nas estradas, pois não pode atrasar para dar aulas. Com uma remuneração justa, os professores ficariam somente numa escola", disse.

35 anos de sala de aula

Nascido em Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Espírito Santo, Jacy trabalhou desde a adolescência na cultura de subsistência, dividindo os estudos com a rotina nas plantações de café, milho, arroz e feijão da família. Foi logo depois que terminou o ensino médio que o jovem teve o primeiro contato com uma sala de aula como docente.

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Eu era um aluno aplicado e sempre quis ser professor. Sempre. Quando eu terminei o ensino médio, em 1983, no seguinte tive a oportunidade de substituir uma professora durante três meses e dar aula para alunos da 4º série do ensino fundamental de uma escola do município. Foi uma experiência que reforçou o meu sonho e depois fui contratado, disse.

Jacy Silveira Nunes
Professor
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Além do magistério, o professor também tinha a formação de Pedagogia e especialização em Inspeção Escolar. Antes de se aposentar, Jacy dava aulas de Matemática, História e Geografia, em duas turmas do 5º ano.

Professor do ES, Jacy Silveira Nunes, de 60 anos, foi homenageado no último dia antes de se aposentar
Professor do ES, Jacy Silveira Nunes, de 60 anos, foi homenageado no último dia antes de se aposentar. (Reprodução | Rede social)

O docente se aposentou da rede municipal de Ibatiba, mas segue como pedagogo na rede estadual, onde é concursado desde 2006. Ou seja, ele ainda vai ser visto andando por aí, pelo menos em outra escola. Apaixonado pela profissão, o professor disse que quando entrava em uma sala de aula esquecia de tudo que acontecia fora dela.

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Não tinha nada melhor do que entrar sala e ver que ali tinham pessoas querendo aprender. Era o meu mundo. Eu esquecia tinha problemas, esquecia o que tinha lá fora. Para mim, só existiriam aqueles 30, 35 alunos. Eu encerro a minha trajetória com a sensação de que completei a minha missão

Jacy Silveira Nunes
Professor
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Entre as lembranças do professor, o docente comentou sobre o dia em que um aluno desinteressado descobriu a profissão que queria exercer no futuro por meio de uma atividade dentro da sala de aula.

"Era uma atividade sobre meios de transportes, e aquele aluno era sempre desinteressado, não fazia nada. Mas naquele dia ele ficou com o cartaz na mão, olhando, e disse: 'professor, eu vou ser caminhoneiro quando crescer'. Aí eu o orientei e disse que ele precisaria saber ler, escrever, aprender sobre legislação do trânsito, entre outras coisas. Anos depois, vi esse meu aluno... Um caminhoneiro e tanto! Que orgulho!", disse.

O professor também lembra das festas da cidade em que participa e os alunos antigos, hoje crescidos e com família, fazem questão de apresentar seus filhos.

"Eles vêm até mim e dizem: 'meus filhos, esse é o professor que me ensinou a fazer cálculo, a contar as sacas do café'. O café é o nosso principal produto do agronegócio na região. Isso transforma vidas", disse.

No dia 23 de junho, último dia em que Jacy lecionava dentro da sala de aula, ele disse que chorou muito ao falar com os alunos, que entenderam a aposentadoria do docente.

O professor também fez questão de registrar momentos importantes, como a última assinatura do Livro de Ponto da escola. "Fiz isso durante 35 anos. Aqui ficam meus sinceros agradecimentos à diretora, aos pedagogos, coordenadores, professores, bibliotecária, auxiliares de secretarias escolares, merendeiras e faxineiras. Aos alunos dos 5° anos, os últimos na minha trajetória na missão de ensinar", disse.

Homenagem merecida

No dia 23 de junho, último dia antes de professor se aposentar, colegas de trabalho e estudantes da escola municipal de Ibatiba, onde o professor lecionou por 35 anos, fizeram um "corredor humano" para aplaudir o docente (assista acima).

"Eu peguei minha mochila e, quando eu boto o pé na porta, vejo aquele corredor de ‘meninos’. Ali passou todo um filme na minha cabeça, dos 35 anos que passei em sala de aula", disse o professor Jacy Silveira Nunes.

O vídeo mostra o professor caindo em lágrimas ao ver os alunos, choro que, segundo ele, foi símbolo da relação de carinho e respeito que foram construídos durante todos esses anos.

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Eu chorei, confesso, não teve jeito. Sempre gostei muito do que eu faço. Foi a maior felicidade que senti na minha vida

Jacy Silveira Nunes
Professor
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Diretora da instituição, Elizângela Silveira disse que a homenagem foi organizada pelos próprios alunos, juntamente com a direção e a coordenação da escola.

“Nós temos que reconhecer e sermos gratos às pessoas enquanto se tem vida. Foi um reconhecimento por todos esses anos de trabalho prestado”, reforçou.

*Com informações do g1ES

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