Diagnosticada em 2011 com hepatite C durante os exames de pré-natal, uma moradora de Jardim Camburi, de 47 anos, aguarda desde 2019 por uma consulta com um hepatologista para tratar da sua condição.
Embora a doença tenha progressão lenta, sem muitos sintomas, a paciente chegou a procurar médicos por conta própria e fez exames três anos depois do diagnóstico, o que resultou no indicativo de uma fibrose no fígado.
Nessa época, ela conta que o médico orientou que ela fosse ao Hospital das Clínicas (Hucam). Mas a mulher cita que, na ocasião, a unidade hospitalar não estava recebendo pacientes novos.
“Mandaram eu ir para o posto de saúde do bairro para que entrasse no sistema de regulação quando houvesse vaga. No mesmo dia, em fevereiro de 2019, eu fui ao posto. Fui atendida pelo médico e ele fez o encaminhamento para o infectologista. Mas a regulação mudou para hepatologista sem me informar ou mandar e-mail”, conta a paciente, que pediu para não ser identificada, em função de a família não saber sobre sua doença.
Depois disso, ela conta que voltou ao posto para perguntar em qual lugar estava na fila de espera. Mas foi informada que, em função da mudança de especialidade para o atendimento, o pedido que tinha feito não valia mais. Assim, teria que realizar outra solicitação.
Ela relata que, depois de aguardar por mais um ano, decidiu ir de novo ao posto de saúde. Lá, recebeu a informação de que sua solicitação havia sido avaliada como urgente, o que poderia agilizar o atendimento. Porém, nesta quinta-feira (9), ao entrar novamente no sistema de agendamento da Prefeitura de Vitória (PMV), viu que o status do seu pedido de consulta aparecia como cancelado.
“Com a fibrose, já estou eletiva para o tratamento. Eu tenho direito, mas ainda não fui nem atendida. O medicamento é muito eficiente, mas é caro. E o acesso só é obtido pelo SUS. Preciso de atendimento para começar o tratamento. Em três meses, posso estar curada. Mas, se não fizer, posso ter a doença agravada de fato”, diz.
A hepatite C é uma doença infecciosa que pode ser manifestada na forma aguda ou crônica, sendo a segunda a forma mais comum. A infecção ataca o fígado e provoca inflamação.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Vitória para saber sobre a situação da moradora, na manhã desta sexta-feira (10). No início da noite, a assessoria da PMV respondeu que a consulta da paciente foi agendada para o dia 15 de março e informou ainda que vai apurar o ocorrido.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) também foi procurada, mas informou que não há registro de pedido de consulta para a paciente.
Depois de saber que a consulta havia sido marcada, a reportagem voltou a entrar em contato com a moradora de Jardim Camburi. Ela informou que recebeu uma ligação sobre o agendamento no fim da tarde desta sexta-feira (10) e disse acreditar que o contato de A Gazeta fez diferença. "Sou muito agradecida a vocês. E estou muito indignada com 'eles'", disse.
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