Uma trombose foi a causa da morte da dona de casa Maria de Lourdes Araújo dos Santos, de 75 anos, que morreu durante um voo entre São Paulo e Paris, operado pela companhia Latam, na última segunda-feira (14). A informação foi repassada pela família à reportagem de A Gazeta na manhã desta quarta-feira (16).
Segundo uma das filhas de Maria, Lucilene Araújo dos Santos, a idosa, que morava há mais de 30 anos em Cariacica, teve um mal-estar no avião, que precisou desviar para Madri, na Espanha, onde tentativas para salvá-la foram realizadas, porém sem sucesso. O irmão de Lucinene, Leandro Araújo dos Santos, saiu de Paris, na França, com destino à capital espanhola onde realiza os trâmites para a liberação do corpo da mãe.
O laudo cadavérico repassado pela perícia à família apontou que uma trombose provocou o mal súbito na dona de casa, que evoluiu para óbito - a trombose consiste na formação de um coágulo sanguíneo em uma ou mais veias grandes das pernas e das coxas. Esse coágulo bloqueia o fluxo de sangue, causando inchaço e dor na região.
O problema maior é quando o coágulo se desprende e se movimenta na corrente, em um processo chamado de embolia. No caso de Maria de Lourdes, a filha relatou que o coágulo se alojou no coração.
Desde que foi informado sobre a morte da mãe, Leandro, um dos filhos da idosa, que mora em Paris, se deslocou até a Espanha. No país vizinho, é ele quem cuida de todos os detalhe burocráticos para a liberação do corpo, velório e sepultamento. Entretanto, diante das dificuldades em solucionar os entraves, ele e os demais familiares optaram por cremar Maria de Lourdes por lá, visto que boa parte da família da idosa, incluindo filhos e netos, reside na Europa.
"Nós optamos pela cremação do corpo na Espanha porque vai demorar muito o traslado para o Brasil. É tudo muito burocrático e queremos acabar logo com esse sofrimento. O corpo não foi liberado ainda porque preciso designar uma funerária. Estou fazendo alguns orçamentos aqui e também em contato com a Latam. Espero que eles (empresa) cumpram com a palava que nos deram e divulgaram em relação a dar assistência à família. Até o momento o que tive foi o hotel, e disseram que me pagarão depois o bilhete de avião que fiz de Paris para Espanha, mais os outros gastos", detalhou Leandro, de 38 anos, que é perito criminal da Polícia Civil francesa.
No fim da manhã, Leandro comunicou que foi procurado pela aérea, que se mostrou solícita e disposta a ajudar.
"Recebi há pouco uma ligação da Latam do Brasil. Eles disseram que entraram em contato com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), e foram informados que a empresa não tem obrigação legal nenhuma em repatriar o corpo ou de dar uma assistência deste tipo, visto que a passagem foi comprada sem seguro. Mas a companhia está sensível com nosso caso e vai tentar fazer o possível para pelo menos nos ajudar a cremar o corpo aqui (Madri)", complementou o perito.
Demandada por A Gazeta na terça e novamente nesta quarta-feira, a Latam disse, em nota, que "o voo LA702 (São Paulo/Guarulhos – Paris), que decolou às 23h05* de domingo (13), precisou pousar no aeroporto de Madri às 13h03* (horário local) de segunda-feira (14) para que uma passageira recebesse atendimento médico. A companhia se sensibiliza com o ocorrido e informa que está buscando contato com os familiares da passageira para prestar toda a assistência necessária", informou a companhia aérea.
No começo da tarde, a assessoria da empresa deu detalhes do caso envolvendo a passageira e reiterou que está colaborando com a família neste momento de perda.
A LATAM se sensibiliza com o ocorrido no voo LA702 (São Paulo/Guarulhos – Paris), que decolou domingo (13) e precisou pousar no aeroporto de Madri na segunda-feira (14) para que uma passageira recebesse atendimento médico.
Desde o início da ocorrência, a empresa seguiu todos os procedimentos necessários a bordo e, já em Madri, providenciou que o sobrinho que a acompanhava no voo prosseguisse para Paris. Em paralelo, também providenciou que o seu filho viajasse de Madri para Paris em voo da Iberia.
No aeroporto de Madri, a LATAM prestou todos os esclarecimentos para o filho da passageira e providenciou hotel e alimentação na capital espanhola para assegurar os procedimentos necessários. Em relação ao traslado do corpo, a empresa reforça que está em contato direto com o filho da passageira para tratar dos trâmites.
A LATAM também esclarece que o atendimento médico a bordo de todos os voos é realizado de forma voluntária. Os tripulantes anunciam a emergência de saúde a todos os passageiros para que médicos voluntários possam se apresentar para esse atendimento. A empresa conta com kits médicos de primeiros socorros e com desfibriladores em todas as suas aeronaves, inclusive com mais itens do que exige a legislação de cada país onde a companhia opera.
Adicionalmente, a LATAM também tem parceria com empresa de telemedicina que pode prestar atendimento remoto em caso de ausência de médicos a bordo, ou até mesmo assessorar remotamente os médicos que estiverem a bordo. Em casos mais graves, como o do voo de São Paulo para Paris, a LATAM segue o procedimento indicado e busca o aeroporto mais adequado para o atendimento médico.
Maria de Lourdes viajava para Paris ao encontro dos filhos e outros familiares que moram na França. Durante o voo ela passou mal. Uma passageira que esta no avião contou ao portal G1, que o piloto solicitou a ajuda de algum médico que estivesse na aeronave. Integrantes da comissão técnica, incluindo médicos, da seleção feminina de futebol do Brasil chegaram a prestar atendimento à idosa. Posteriormente o socorro foi continuado em solo, mas a moradora de Cariacica não resistiu.
Esta seria a terceira vez que Lourdes desembarcaria no país europeu para ficar com os filhos. Antes, ela havia viajado em 2012 e em 2019, acompanhada pelo marido. Além de Lucilene e Leandro, Lourdes deixou outros cinco filhos: Paulo, Erasmo e Rosânia, que também moram na França, e Edna e Edson, que residem no Espírito Santo. A dona de casa era avó de 24 netos e ainda bisavó de 8 bisnetos.
Maria de Lourdes é natural da Bahia e morava há mais de três décadas no bairro Nova Rosa da Penha, onde era muito conhecida e querida. A perda repentina dela rendeu homenagens e comoveu amigos, vizinhos e conhecidos em Cariacica.
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