Em março deste ano, a chuva marcou o município de Mimoso do Sul, no Sul do Espírito Santo, com a pior tragédia de sua história. Durante a enchente, 18 vidas foram perdidas e 10 mil pessoas precisam deixar suas casas. Após um dos momentos mais desafiadores de suas vidas, os moradores da cidade mostram que são muito mais do que as perdas que sofreram. Eles contam que a enchente levou vidas e conquistas, mas trouxe força para o recomeço de novas histórias.
Uma dessas histórias é da comerciante Cristiane Norbiato. Há 14 anos no comércio, viu as duas lojas que tinha no centro serem tomadas pela água e pensou em desistir do negócio.
"Eu falei que não voltaria. Não dava para voltar. Perdi todo o estoque. Foram duas lojas destruídas. Mas não é sobre a nossa vontade, e sim a de Deus. Os clientes me incentivaram, os funcionários deram apoio e isso trouxe esperança para um novo começo", disse a comerciante, em entrevista ao repórter Gustavo Ribeiro, da TV Gazeta Sul.
As lojas foram transferidas para outro espaço. Os últimos meses foram de muito trabalho para se reerguer. A reinauguração aconteceu há um mês. "No início, ficamos na dúvida do que fazer. São 14 anos de história. Fomos cautelosos e fizemos o que era possível. Hoje estamos aqui, com as lojas inauguradas, lutando e vencendo a cada dia. A cidade inteira está se reerguendo, e seguimos mais fortes", disse Norbiato.
Em apenas dois dias, entre 22 e 23 de março, a água chegou a níveis impressionantes, com registros que apontam até 600 milímetros de chuva. Na sede, quase 4 mil imóveis foram atingidos, entre casas, escolas, comércios e igrejas.
A água tomou conta da casa da agente de saúde Rosemere Spano. Por 30 minutos, ela acreditou que não conseguiria sobreviver nem rever os filhos. Para Rosemere, foi como renascer quando, em meio à água e à lama, conseguiu passar entre as barras de ferro do portão. Foram 70 dias até conseguir voltar para o lugar onde viveu por 22 anos e recomeçar do zero.
Na casa da auxiliar administrativo Gracieli Cancilheri, a água também chegou no teto. Ela relembra que precisou sair pela janela com a filha e o cachorro, subiu no telhado da casa vizinha e passou a noite debaixo de chuva, com frio e sem saber o que poderia acontecer.
"Minha filha estava ao meu lado, meu cachorro e minha sogra estavam no quarto, presos, com água no pescoço. Eu não conseguia fazer nada. Ela gritava por socorro e, quando parava, eu tinha que reanimá-la. Eu só queria que ela não desistisse", relembrou os momentos de tensão.
Ela não desistiu, assim como vários moradores da cidade que continuam superando as dificuldades do dia a dia.
A tragédia mudou a vida dos moradores, mas, para eles, deixou lições de gratidão, fé e esperança. "Eu acredito que o material você conquista tudo de novo, mas é aquele negócio: não precisa de muito. Pelo que a gente tem hoje eu sou grata", disse Rosemere.
Com informações do repórter Gustavo Ribeiro, da TV Gazeta Sul.
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