Em meio a um dos pontos mais valorizados de Vitória, um retrato triste da diferença social chama a atenção de quem passa pela Praça do Papa, na Enseada do Suá. Há algumas semanas, pessoas em situação de rua fazem de um pequeno espaço da região uma moradia. No local, é possível notar até mesmo a presença de tendas improvisadas e feitas com pedaços de plástico para não dormirem ao relento. Até mesmo arbustos foram transformados em varal.
O registro feito na Enseada do Suá não é isolado. Em outros pontos da cidade também há moradores de rua em condições semelhantes. A Prefeitura de Vitória tem ciência de que o problema ocorre e o monitora constantemente. Segundo a secretária municipal de Assistência Social, Iohana Kroehling, as pessoas fixadas na Praça do Papa fazem parte do grupo de cerca de 200 pessoas em situação de rua atualmente monitoradas pela Semas.
"Estas pessoas se estabeleceram na região porque há áreas de estacionamento, então eles ficam por perto para trabalharem como guardadores de carros. Todos são monitorados e acompanhados por membros da nossa equipe, mas é uma situação delicada. Por mais que oferecemos assistência e amparo, é difícil convencê-los a deixarem à rua. Fora o fato de não poder obrigá-los. Fazemos um esforço muito grande para fazer esse trabalho de convencimento", ressaltou.
Por ser um ponto constantemente procurado por pessoas em vulnerabilidade social, a região da Praça do Papa recebe uma atenção especial. No local, a prefeitura monta frequentemente a "Tenda do Bem", locais onde essas pessoas recebem alimentação, higienização, acompanhamento psicológico e outros serviços essenciais para viverem com um mínimo de dignidade.
"Na Praça do Papa e também em Jardim da Penha, próximo ao colégio Darwin, nós montamos essas estruturas para ampará-los. São dois dos locais onde mais existem pessoas em condição de rua. Ali oferecemos marmitas, água, elas podem tomar banho, ganham roupa, tudo isso para evitar que sigam como pedintes ou abordem as pessoas que estejam passando por estas regiões. De abril para cá, quando a pandemia se acentuou, já distribuímos cerca de 18 mil refeições entre café, almoço e janta a essas pessoas", complementou a secretária.
Especificamente sobre o grupo que está na Praça do Papa, a representante da administração municipal explicou que não são todos que "moram" no local.
"Não são muitas pessoas que ficam ali. Fixos mesmo ali são dois ou três, que há muito tempo trabalham como guardadores. Ocorre que existem as pessoas que chamamos de migrantes. Estas esporadicamente aparecem, ficam por um período e saem, podendo voltar retornar. Mas elas também são contempladas e recebem a mesma abordagem. É um trabalho diário da nossa secretaria", contou Kroehling.
Até o fim de abril, havia aumentado o número de pessoas em situação de rua na capital. Dados da Prefeitura apontavam para uma média de 280, mas a pandemia do novo coronavírus influenciou até nisso. Por conta da menor circulação de pessoas nas ruas e a necessidade do isolamento social, os migrantes, principalmente, deixaram de se abrigar nas ruas.
"As pessoas em vulnerabilidade estão nas ruas por diferentes motivos. Pode ser por desamparo familiar, vício em drogas, alcoolismo ou depressão. Ocorre que alguns deles possuem residência e encontram fora de casa o escape que precisam, mas na pandemia observamos uma diminuição. Atualmente estamos com cerca de 200 pessoas necessitando da nossa atenção", complementou a secretária.
Desde 2013 a Prefeitura desenvolve o Programa "Onde Anda Você?, voltado justamente para a reinserção deste grupo populacional à sociedade. Além disso, é feito um trabalho de convencimento para que estes moradores de rua ao menos passem às noites nos abrigos municipais. A população pode acionar as equipes de Abordagem Social, que funciona de segunda a domingo, inclusive feriados, das 8 horas até meia-noite. Para isso, basta utilizar ligar para o número 156, ou utilizar o serviço 156 Online.
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