Moradores da Praia do Canto, em Vitória, que participaram de audiência pública na noite desta quinta-feira (29) confirmaram uma decisão que já haviam tomado em 2019: implantar a ciclovia no canteiro central da Avenida Rio Branco e manter todas as vagas de estacionamento à direita da pista.
O encontro reuniu cerca de 100 pessoas, mas algumas já tinham deixado a Escola Irmã Maria Horta, onde foi promovida a audiência, quando se iniciou a votação. Presidente da Associação de Moradores da Praia do Canto (AMPC), Sérgio Magalhães disse que a decisão foi unânime, com 68 votos pela manutenção do estacionamento à direita em vez de transferi-lo para as margens do canteiro central, como era a proposta da prefeitura.
Pelo projeto aprovado, há a previsão de substituir até quatro árvores do canteiro central com dimensões que podem atrapalhar a implantação da ciclovia, que precisa ter largura de 1,20 metro para a circulação segura dos ciclistas. Na reunião, também ficou acertado que a administração municipal vai plantar até 100 novas árvores na região da Praia do Canto como uma forma de compensação por aquelas que vão ser substituídas na Avenida Rio Branco.
O secretário de Desenvolvimento da Cidade, Marcelo de Oliveira, falou que, com a decisão da audiência, o próximo passo será finalizar o projeto. Ele argumentou que esse trabalho não foi feito antes porque era necessário concluir o debate com a comunidade. Agora, a estimativa é que em até dois meses a prefeitura possa lançar o edital para contratar a empresa que vai executar a obra, de cerca de um quilômetro de extensão.
Embora o projeto da prefeitura tenha sido rejeitado, Marcelo afirmou que a proposta original dos moradores também passou por ajustes para se tornar viável do ponto de vista técnico e não haverá dificuldades em implantá-la. Uma das mudanças previstas é que a ciclovia deverá receber um gradil em toda a sua extensão para proteger os ciclistas, e os pedestres deverão se deslocar por um trecho maior para fazer a travessia.
A implantação da ciclovia no bairro é uma discussão antiga e se arrasta pelo menos desde 2013, no início da gestão de Luciano Rezende. Em 2019, o ex-prefeito apresentou um projeto pelo qual suprimia 92 vagas de estacionamento ao longo da avenida, no sentido Ponte Ayrton Senna-Santa Lúcia, para poder instalar a pista para os ciclistas.
A proposta foi recusada pela comunidade, que, com o apoio do morador Luiz Carlos Menezes, engenheiro e especialista em mobilidade, fez um novo projeto, desta vez com a ciclovia no canteiro central e mantendo todas as vagas de estacionamento. A ideia foi submetida à avaliação em uma assembleia de moradores e aprovada, porém não foi executada pela gestão passada.
Quando assumiu, a atual administração municipal apresentou uma nova proposta: mantinha a ciclovia no canteiro central, porém as vagas de estacionamento também seriam deslocadas para esse ponto da pista, e o lado direito da avenida ficaria livre para a circulação de veículos.
Diante do proposto pela prefeitura, a AMPC fez uma assembleia em junho e 28 associados participaram - cerca de um terço dos membros. Entre os presentes no encontro, Sérgio Magalhães aponta que 26 recusaram a mudança do estacionamento para o canteiro central, e a decisão foi comunicada à administração municipal.
Com o impasse, a Comissão de Mobilidade Urbana da Câmara de Vereadores sugeriu a audiência pública, que reuniu mais moradores, mas não mudou a decisão: todos confirmaram o resultado da assembleia de junho e da votação realizada em 2019.
"Esse é o último passo para essa discussão. Agora, esperamos que a obra seja licitada e executada o mais rápido possível para finalmente completar o anel cicloviário. O ciclista vai poder sair do Centro de Vitória e ir até a Praia de Camburi em segurança", frisou Sérgio Magalhães, da AMPC.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta