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Morro do Moreno: o que deve ser explicado sobre o acidente na tirolesa

Morro do Moreno: o que deve ser explicado sobre o acidente na tirolesa

João Paulo Moreira dos Reis, de 47 anos, morreu após sofrer um acidente na tirolesa do Morro do Moreno, no último sábado (1º). O caso é investigado pela Polícia Civil

Publicado em 3 de maio de 2021 às 21:31

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Autor - Isaac Ribeiro
Isaac Ribeiro
Repórter de Cotidiano / [email protected]

O acidente na tirolesa do Morro do Moreno que matou o engenheiro mecânico João Paulo Moreira dos Reis, de 47 anos, no último sábado (1º), ainda é cercado de mistério. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa de Vila Velha.

João havia ido ao local com a filha e uma amiga dela para aproveitar a vista na tarde de sábado. As duas desceram antes na tirolesa. Na vez dele, um acidente fez com que morresse local. As causas estão sendo apuradas pela Polícia Civil. Uma equipe do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) também investiga as circunstâncias do fato.

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Essa vítima estava de barriga para cima, arroxeada, com as pupilas dilatadas e com um trauma no lado esquerdo da face. Após os trabalhos periciais, o cadáver foi levado até o topo do Morro do Moreno e entregue à Polícia Civil

Tenente Andresa
Corpo de Bombeiros
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Dois dias após a morte do engenheiro, o que se sabe sobre o acidente? O que provocou a morte dele? Em busca das respostas, A Gazeta acionou a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros, o Crea-ES e a empresa responsável pela gestão do equipamento.

Crea - ES realiza vistoria nas bases da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha, para apurar acidente que causou a morte do engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis
Vista de um dos pontos de parada da tirolesa no Morro do Moreno. (Fernando Madeira)

O ACIDENTE

O acidente que matou o engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis, neste sábado (1), aconteceu nos primeiros 100 metros da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha. A informação foi revelada por Giuliano Battisti, gerente de Relacionamento Institucional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES).

173 metros
É A ALTURA DA TIROLESA

Ao todo, a atividade tem cerca de 500 metros de percurso e três bases: a de partida, a intermediária e a de chegada. "Segundo testemunhas, a vítima teria colidido com a estrutura da segunda plataforma. Se isso aconteceu, precisamos entender o sistema e como ele permitiu que isso acontecesse", comentou.

Na porta do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória, o pai do engenheiro desabafou dizendo que viu o filho morrer por meio de um vídeo. "Por essa gravação, já pude ver a falta de segurança do local. Alguém deve ter dito que era seguro. Mas ele foi vítima de um erro grosseiro", afirmou João Reis.

As imagens citadas não foram divulgas pelo familiar nem pelas autoridades envolvidas no caso. Inicialmente com um registro de engenharia de Goiás, João Paulo tem licença para atuar como engenheiro no Espírito Santo desde 2012. Morador de Vila Velha, ele deixa uma filha, um filho e a esposa.

O QUE DIZ A PERÍCIA DA POLÍCIA CIVIL

A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa de Vila Velha, que aguarda o resultado da perícia realizada no local. "Detalhes não serão divulgados durante as investigações para preservar a apuração do incidente", finaliza a nota.  No entanto, alguns questionamentos ainda precisam ser respondidos.

  • O que, de fato, causou a morte do engenheiro?
  • Quantas pessoas já foram ouvidas sobre o caso? 
  • Se ninguém foi ouvido, há previsão de quando os depoimentos serão prestados?
  • Quando que a delegacia responsável pelo caso vai receber o resultado/análise da perícia feita no local do acidente?
  • Em quanto tempo a polícia deve concluir as investigações?

INVESTIGAÇÃO DO CREA-ES

O gerente de Relacionamento Institucional do Crea-ES, o engenheiro civil, ambiental e de segurança do trabalho, Giuliano Battisti e o gerente de fiscalização do Conselho, Leonardo Leal, estiveram no Morro na manhã desta segunda-feira (3). A Gazeta acompanhou a vistoria, com exclusividade, os trabalhos dos especialistas do conselho.

A equipe do Crea-ES está apurando as possíveis causas do acidente. Durante a ação, foram encontrados fragmentos de material rompido que pode ser de algum acessório ou vestimenta que a vítima usava no equipamento. Após as análises, Battisti informou que o material colhido -vídeos, fotos e medições - seria discutido em uma reunião na tarde desta segunda-feira.

Crea - ES realiza vistoria nas bases da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha, para apurar acidente que causou a morte do engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis
Fragmentos encontrados na região onde engenheiro morreu. (Fernando Madeira)
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É uma tira, ainda precisa ser validado. Estava rompida, preciso entender se aquilo é do equipamento ou não. Vamos verificar se existia algum tipo de colisão na estrutura. Fizemos vários registros fotográficos e várias medições para comparar com o projeto

Giuliano Battisti
Gerente de Relacionamento Institucional do Crea-ES
Aspas de citação

Battisti revelou que a procuradoria do Crea-ES vai notificar a empresa responsável pela confecção e execução do projeto estrutural e o empreendimento responsável pelo gerenciamento do equipamento para obter os documentos relativos à obra. Após a notificação, os proprietários têm até três dias úteis para fornecer a informação.

Crea realiza vistoria na tirolesa do Morro do Moreno(Fernando Madeira)

DOIS MILITARES COMO SÓCIOS: O QUE DIZEM OS BOMBEIROS

Dois cabos do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo figuram entre os três sócios da empresa responsável pela operação da tirolesa do Morro do Moreno. A informação foi confirmada pela corporação por meio de nota nesta segunda-feira, que destacou que os dois são sócios cotistas da empresa proprietária do empreendimento.

"O CBMES esclarece que a Lei Estadual nº 3.196 permite que os militares desempenhem atividade empresarial, desde que seja como sócio cotista, o que é compatível com a atividade dos militares nesta empresa. A Polícia Civil é responsável pela investigação das circunstâncias do fato e, paralelamente, a Corregedoria do Corpo de Bombeiros vai instaurar Procedimento Administrativo Disciplinar para apurar a conduta do militar que estava no local do fato", destacou o documento.

O QUE DIZ A EMPRESA

Questionado pela reportagem nesta segunda-feira, um dos representantes da empresa responsável pela operação da tirolesa preferiu não se manifestar. Por mensagem, ele informou "que estava em reunião com os advogados". Há, no entanto, a expectativa de que ele se manifestem sobre o assunto nesta terça-feira (4).

Na madrugada deste domingo (2), por meio das redes sociais, a empresa lamentou o ocorrido e pontuou que, na ocasião, ainda não havia conseguido o contato da família. No texto, também afirmou aguardar a perícia para saber a causa do acidente.

LOCAL TEM LICENÇA PARA FUNCIONAR?

A Prefeitura de Vila Velha alegou que o local possui licença ambiental para funcionar. "O local é privado e os responsáveis devem ser questionados sobre operação do equipamento, instalado em área particular". O município também esclareceu que as atividades em área aberta estão liberadas pela classificação de risco do governo do Estado. "O local possuí licença ambiental para funcionar".

Crea - ES realiza vistoria nas bases da tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha, para apurar acidente que causou a morte do engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis
Tirolesa do Morro do Moreno foi inaugurada em 2019. (Fernando Madeira)

A TIROLESA

O empreendimento foi inaugurado em dezembro de 2019. O topo tem uma altura de 173 metros acima do nível do mar e o ponto de chegada tem 95 metros. A descida tem um percurso de 500 metros.

A descida pela tirolesa é realizada em duas partes. A primeira, de 100 metros, é guiada. Ela sai da Praça das Antenas, com um posto de parada. A segunda etapa tem 400 metros de descida e pode chegar a 35 km/h. Nesta fase, um paraquedas controla a direção e velocidade até o fim, na Pedra da Testa.

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