O Corpo de Bombeiros concluiu no início deste mês o laudo pericial que investigou as causas do incêndio no imóvel onde moravam os irmãos Ayla Sofia de Jesus da Silva e Gabriel de Jesus da Silva, de 2 anos. O caso aconteceu no dia 14 de maio deste ano, em São Mateus, na Região Norte do Espírito Santo. Três hipóteses foram apontadas no laudo, mas a conclusão da perícia foi de causa indeterminada.
De acordo com o capitão Rainer, do Corpo de Bombeiros, várias hipóteses possíveis foram testadas durante as investigações e algumas delas foram desconsideradas.
A perícia é pautada pela metodologia. A gente segue todo o passo a passo para entender ao máximo o cenário naquele local. Dessa forma, a gente prova quais hipóteses não são viáveis e, avaliando essas hipóteses e vendo que não eram viáveis, elas são descartadas. Todas as hipóteses são testadas nesse período, explicou.
Segundo o capitão, após um longo trabalho de apuração, algumas hipóteses foram submetidas a um programa de simulação de incêndio. Ao final, chegamos a três hipóteses que vimos viabilidade e submetemos ao programa de simulação de incêndio, que auxilia bastante, já que é uma metodologia confiável, por ser feita por um computador, reforçou.
O laudo pericial apontou que o fogo se alastrou por meio de um colchão. Utilizando esses recursos, a gente chegou num aproximado do que teria ocorrido no dia da ocorrência, que seria o colchão sendo o causador da disseminação do incêndio que a perícia se esmera em achar, afirmou.
Além disso, a investigação tentou descobrir o que teria provocado o incêndio que matou os irmãos. Sobre o que pode ter causado o incêndio, a gente chegou a três possibilidades, que é o efeito termoelétrico, uma ação acidental ou uma ação pessoal. Em cima dessas três possibilidades, a gente faz a busca. No entanto, não foi possível definir quais das três foi, de fato, o que causou o incêndio, porque a gente achou possibilidade em todas, destacou o capitão.
Para tentar descartar a hipótese de ação pessoal, várias testemunhas foram ouvidas e colaboraram com o resultado da perícia. O laudo ficou como indeterminado, justamente por não termos desconsiderado as outras hipóteses. Tinham muitas chances de ser um curto-circuito, poderia ser um acidente, chegamos a ouvir pessoas ligadas à família, mas elas também não foram capazes de excluir a hipótese de algo proposital, concluiu.
Em entrevista à reportagem de A Gazeta, o capitão Rainer revelou que a casa onde as crianças moravam era considerado um fator de risco devido à quantidade de situações poderiam provocar acidentes.
As ligações elétricas não eram adequadas, a energia vinha direto da rua, essas emendas eram mal feitas, o que gerava um aquecimento da estrutura elétrica, completou.
Além da perícia dos Bombeiros, a reportagem de A Gazeta demandou a Polícia Civil nesta quarta-feira (16) para saber o resultado do laudo cadavérico. Na manhã desta quinta-feira (17), a PC informou que "todos os laudos foram encaminhados ao Ministério Público Estadual".
A reportagem também demandou o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para saber sobre a conclusão do laudo cadavérico e detalhes da denúncia apresentada pelos promotores na Justiça. Assim que a demanda for respondida, essa matéria será atualizada.
O pedido de indiciamento de Márcia de Jesus, feito pela Polícia Civil, foi analisado por promotores do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que apresentaram denúncia à Justiça no dia 26 de maio e foi incluída no processo.
No dia 9 de junho, o juiz Paulo Sarmento de Oliveira Junior recebeu a denúncia apresentada contra Márcia de Jesus pelo Ministério Público e a mãe das crianças passou a ser ré no processo que apura a morte dos irmãos. O caso continua tramitando na 3ª Vara Criminal de São Mateus.
Os irmãos Ayla de Jesus Silva e Gabriel de Jesus Silva, de 2 anos, morreram após um incêndio na casa onde moravam no bairro Aroeira, em São Mateus, no Norte do Estado, no dia 14 de maio.
A mãe das crianças, Márcia de Jesus da Silva, foi levada para prestar esclarecimentos na delegacia. Para o delegado, a mãe das crianças contou, na ocasião, que estava usando o fogão com uma panela de pressão. Disse ainda que achou que teria desligado esse fogo e foi à casa de uma irmã a poucos metros do imóvel onde morava com os filhos. As crianças estavam acordadas. Quando a mãe retornou, já viu a casa incendiada.
Após o depoimento na Polícia Civil, Márcia foi presa e autuada por abandono de incapaz com resultado de morte e encaminhada ao presídio. No mesmo dia em que deu entrada no sistema penitenciário, em 15 de maio, a mãe das crianças teve a liberdade provisória concedida pela juíza Fábia Medice de Medeiros.
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