Nesta segunda-feira (30), completou exatamente um mês que o adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva, de apenas 16 anos, morreu dentro de uma ambulância após esperar por atendimento durante quatro horas na porta do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha.
Desde então, o caso é investigado por três autoridades, mas respostas ainda não foram dadas, apesar dos questionamentos. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por exemplo, informou que a auditoria para apuração segue em andamento e o prazo para conclusão foi prorrogado por mais 30 dias.
A Polícia Civil disse somente que a investigação continua na Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha e "para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada".
Já o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) reforçou que a sindicância aberta tem prazo de 90 dias, mas pode levar mais tempo, se necessário. "Como todos os processos internos correm em segredo de Justiça, não é possível informar mais nada", afirmou a entidade.
Anteriormente, o órgão já havia explicado que, "caso haja indício de falta de ética, abre-se um processo, com direito à ampla defesa dos denunciados". Em caso de condenação, as punições previstas na Lei nº 3.268/57 variam entre advertência e até cassação do exercício profissional.
No início deste mês, a Sesa afirmou que uma vaga estava garantida para atender ao Kevinn no pronto-socorro do Himaba. O secretário Nésio Fernandes classificou o caso como "negligência" e "omissão" por parte de duas médicas intensivistas que estavam de plantão e que acabaram afastadas.
A pasta defendeu que a medida é prevista no código de conduta do hospital. No entanto, o afastamento foi criticado pela Associação Médica do Espírito Santo (Ames) e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM-ES), que o receberam como um "pré-julgamento" das profissionais.
Responsável pela defesa das médicas, o advogado Jovacy Peter Filho endossou as críticas e defendeu que não houve omissão. Em entrevista à TV Gazeta, no último dia 3 de maio, ele alegou que a vaga reservada ao Kevinn era de enfermaria e que não havia respirador livre para o jovem.
No mesmo dia, após as afirmações dadas pelo advogado, a Secretaria de Estado dade Saúde emitiu uma nota em que garantiu que todos os leitos do pronto-socorro contam com recursos adequados para atendimento de quadros críticos e o protocolo é garantir a assistência e estabilização do paciente.
Já na quarta-feira (4), a empresa responsável pela ambulância falou pela primeira vez sobre o caso e divulgou detalhes sobre o atendimento. Entre eles, revelou que a equipe foi forçada a voltar com o paciente para a UTI móvel e que a transferência foi solicitada pela Central de Vagas do Sistema Único de Saúde (SUS).
O adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, morreu na madrugada de 30 de abril deste ano, após esperar durante 4 horas por atendimento dentro de uma ambulância estacionada na porta do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha.
Devido ao grave estado de saúde, ele precisou ser transferido do Pronto-Atendimento (PA) de Paulo Pereira Gomes, em Cachoeiro de Itapemirim. A saída da unidade aconteceu por volta das 22h30 de sexta-feira (29). Já a chegada ao hospital na Grande Vitória se deu cerca de duas horas depois.
Vídeos gravados por um parente de Kevinn mostram o desespero da família, diante das negativas de atendimento. Em um deles, dá para ouvir a médica da ambulância explicando que o caso era "gravíssimo". Por volta das 4h30, o adolescente teve uma parada cardíaca e morreu.
Para os familiares do jovem, o episódio configurou negligência e assassinato. Revoltados, eles registraram um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil — assim como a direção do Himaba, horas depois. Administrativamente, o hospital deu início a uma apuração interna sobre o ocorrido.
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