O número de mortes entre jovens em decorrência da Covid-19 quase dobrou nos hospitais do Espírito Santo. De outubro até 28 de fevereiro, os óbitos representavam 25,45% no público de 18 a 29 anos, internado. De fevereiro até o momento, esse índice chegou a 43,24% na mesma faixa etária.
Os dados foram apresentados em coletiva de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) na tarde desta segunda-feira (19). "Temos uma doença que, de fato, neste momento se comporta com mortalidade maior na população jovem", ressaltou o secretário Nésio Fernandes.
Há uma perspectiva de queda no número de casos e mortes entre o final de abril e início de maio, mas, ainda assim, o contexto da pandemia não permite relaxar com as medidas de segurança, sobretudo em virtude de novas variantes.
"A redução tem a tendência de ser mais rápida do que nas primeira e segunda curvas, mas pode ocorrer de não ser uma queda total do número de casos como nas duas primeiras curvas, e iniciar novamente um crescimento. Se tivermos outra variante, teremos aumento de casos para os jovens. Os jovens estão muito expostos a adoecimento e, infelizmente, a risco de óbitos", pontuou Luiz Carlos Reblin, subsecretário de Vigilância em Saúde.
Também destacando o número de óbitos, que praticamente dobrou entre os jovens que são internados por Covid-19, Reblin observou que muitos especialistas já não consideram que exista uma faixa etária de risco para a doença, mas que todos estão suscetíveis à infecção e agravamento.
Para Reblin, os jovens podem ter um fator preponderante na subida de nova curva, com muito risco de adoecer de forma grave, ser hospitalizado e morrer. "Isso é o que todas as variáveis que observamos nos indicam", frisou.
Nésio Fernandes reforçou que, até o Estado alcançar a imunidade coletiva com pelo menos 80% da população vacinada, os protocolos sociais e sanitários são indispensáveis.
O secretário disse que as novas cepas que circulam no Brasil, em especial a variante P1, passam a ser analisadas com mais profundidade pelo Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen). Nésio afirmou que a equipe técnica já reconheceu a persistência da circulação das variantes que já estavam presentes no Estado no ano passado, como a B.1.13, foi identificada a variante inglesa, B.1.17, e serão incorporadas tecnologias capazes de identificar a P1.
"Verificamos que estão ocorrendo, em solo brasileiro, algumas expressões importantes que precisam ser destacadas: os Estados que têm a P1, com predominância reconhecida em janeiro e fevereiro, apresentam proporção maior de jovens internados do que no Espírito Santo, no mesmo período. Aqui, ainda preservamos uma proporção predominante de pacientes idosos e com comorbidades nas internações hospitalares. Neste momento, não podemos afirmar qual de todas as variantes assume a transmissão comunitária predominante no Espírito Santo", descreveu.
A investigação que o Lacen vai promover pode ajudar a determinar a predominância das cepas, mas Nésio Fernandes já afirmou que está evidente que o momento atual da pandemia é bastante distinto do momento em que ela começou, em março do ano passado, com variantes mais infecciosas e com maior letalidade, inclusive de faixas etárias mais jovens.
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