A morte da jovem Amanda Marques, 20 anos, em um acidente envolvendo uma moto e um carro, em Vila Velha, é considerada pela polícia um assassinato. Isso foi o que concluiu o delegado do caso ao indiciar o motorista do carro, Wagner Nunes de Paulo, pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil, na segunda-feira (26). As investigações apontam que ele ingeriu bebida alcoólica e tentou fugir do local do acidente.
A batida aconteceu na Rodovia Darly Santos, no trecho do bairro Jardim Asteca, no final da tarde do dia 17. Amanda e o namorado, Matheus Jose Silva, 23, haviam saído da casa da mãe da jovem, no bairro Jockey, e seguiam de moto para o bairro Divino Espírito Santo, onde moravam, quando ocorreu o acidente.
Era Matheus quem pilotava a moto, modelo Honda XRE 300, no momento em que o Toyota Corolla, que seguia no mesmo sentido na pista, atingiu a traseira da motocicleta. Amanda morreu no local, enquanto Matheus foi levado por uma ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência, em Vitória, onde permaneceu internado por 10 dias.
Segundo o levantamento da Delegacia de Delitos de Trânsito, o motorista do Corolla, Wagner Nunes de Paulo, não teria tentando parar o carro e seguiu em frente. Somente a uma distância de 50 metros do local da colisão e de ter arrastado a moto e as vítimas, o veículo parou.
Testemunhas contaram que Wagner chegou a tentar arrancar novamente com o carro, porém, foi impedido por outros motoristas que pararam no local para ajudar os envolvidos na batida.
Após o acidente, a Polícia Militar levou Wagner para a Delegacia Regional de Vila Velha, onde o delegado de plantão o autuou em flagrante por homicídio culposo - quando não há intenção de matar - na direção de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro. Foi arbitrada uma fiança de R$ 10 mil, que não foi paga, por isso Wagner foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana no domingo (18). A prisão foi convertida em preventiva pelo magistrado de plantão.
Wagner se recusou a realizar o teste do bafomêtro e não foi sequer conduzido para o exame toxicológico pelo delegado de plantão na Delegacia Regional, procedimento esperado em casos em que há suspeita de embriaguez pelo relato de testemunhas. Também não consta nos autos o autor de constatação de alteração psicomotora que deveria ter sido realizado pelos militares envolvidos na situação.
As investigações da Delegacia de Delitos de Trânsito apontaram que Wagner esteve por volta das 14 horas em uma distribuidora de bebidas onde comprou dois latões de cerveja, em Praia das Gaivotas, e seguiu para uma festa em um apartamento. Com amigos, ele apareceu em fotos segurando um copo com o que aparenta ser cerveja.
No relatório de conclusão do caso, o delegado Maurício Gonçalves observa que a roupa que Wagner usa nas fotos é a mesma com a qual ele foi flagrado no acidente e permaneceu até ser levado para o Centro de Triagem.
Na conclusão, o delegado explica que o motorista agiu de forma dolosa, ou seja, com intenção de provocar o acidente, ao ingerir bebida alcoólica, dirigir embriagado, não frear após a batida, matar Amanda e provocar lesões em Matheus. Ainda são atribuídas as condutas de tentar fugir do local do acidente e arrastar as vítimas. Maurício Gonçalves classifica como egoísta a ação.
"O condutor busca a satisfação de seus desejos sem se preocupar com as reprováveis consequências de seus atos", pontuou em relatório.
Além do indiciamento por homicídio qualificado por motivo fútil, o delegado pede à Justiça a suspensão da carteira de habilitação e a manutenção da prisão preventiva.
Wagner continua detido no Centro de Triagem de Viana desde o dia do acidente. A reportagem entrou em contato com o advogado de defesa do motorista, Ramon Coelho, que disse ainda não ter se interado do conteúdo do inquérito e, por isso, não iria se manifestar.
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