O ano de 2020 terminou com os números da pandemia em franca ascensão no Espírito Santo. Apenas durante o mês de dezembro, foram divulgadas 802 mortes causadas pelo novo coronavírus no Estado: 378 a mais que em novembro – o que equivale a um aumento de 89,1%.
Esse desfecho já vinha sendo apontado há cerca de três semanas por A Gazeta e é o segundo crescimento consecutivo. Em números absolutos, a quantidade de óbitos notificados durante o último mês é o terceiro maior de toda a pandemia, ficando atrás somente de junho e julho, meses do pico.
Doutora em epidemiologia, Ethel Maciel garante que o número de mortes é um indicador que permite uma comparação mais direta que o de casos, que podem ter sofrido subnotificações no passado. "Elas são menos sensíveis a mudanças, por isso podemos afirmar que já temos um padrão muito semelhante a julho", explica.
Apesar de acompanhar de perto a pandemia, a especialista se surpreendeu com os dados de dezembro. "O aumento foi muito expressivo. A gente não esperava, em nenhuma das nossas projeções. Achávamos que íamos estabilizar e apresentar queda, mas ainda estamos subindo", alerta.
Em forte crescente também está o número de casos registrados em dezembro no Espírito Santo, que superou a marca dos 58 mil. Ou seja, cerca de 23 mil a mais que o total divulgado em novembro pelo Painel Covid-19, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Um aumento de 69,9%.
Esse comportamento dá continuidade a uma tendência de alta, que vigora no Estado desde o início de outubro: este é o terceiro aumento consecutivo na quantidade de novos casos mensais. A última queda registrada aconteceu ainda entre os meses de agosto e setembro.
Vale ressaltar que pelo comportamento da doença, esses dados ainda não refletem as consequências dos encontros no Natal e no Réveillon. "Em média, leva uma semana para o aumento de infecções, duas para o impacto nas internações e três para os reflexos nos óbitos", esclarece Ethel.
Lamentável e inevitavelmente, as perspectivas para o primeiro mês de 2021 também não são nada boas. "A nossa situação é difícil, até pelo potencial do poder público de coibir aglomerações. Será um janeiro de muitos casos e muitas mortes. Será um janeiro muito triste", prevê a especialista.
Para além das dificuldades já causadas pelo relaxamento do distanciamento social por parte da população, Ethel alerta que a nova variante do coronavírus pode causar ainda mais impactos. "Essa cepa é mais contagiosa e tem uma carga viral maior. Com isso, mais pessoas com predisposição a casos graves adoecem e morrem", alerta. Ou seja, todo cuidado é pouco.
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