Motociclistas estão mais expostos quando sofrem acidentes no trânsito. Não têm cinto de segurança, tampouco airbags. Mesmo assim, muita gente encontrou, pilotando moto, uma forma de sustento. Principalmente na pandemia, quando os serviços de entrega foram impulsionados. Mas o Anuário de Segurança Pública do Espírito Santo revela um dado preocupante: quase metade das mortes no trânsito — 407 de um total 826 registradas em 2022 — é representada pelos motociclistas.
Comparando a 2021, quando 365 motociclistas morreram no trânsito, houve um crescimento 11,5%. O percentual é maior que o número geral de acidentes fatais no trânsito, que passou de 756 para 826, o equivalente a 9,3%.
O diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Givaldo Vieira, relacionou os principais motivos para o número de fatalidades, particularmente entre motociclistas. Segundo ele, o excesso de velocidade, avançar o sinal vermelho, misturar bebida e direção e a falta do uso de equipamentos adequados são as principais causas de morte.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (25) em uma coletiva de imprensa na Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), que contou com a presença do titular da pasta, Alexandre Ramalho, e também do secretário estadual de Planejamento, Álvaro Duboc, e do presidente do Instituto Jones Santos Neves (IJSN), Pablo Lira. O anuário reúne vários dados sobre segurança pública no Estado.
No estudo, são pontuados dois principais motivos para o aumento do número de motos. "Os dados apontam ainda o aumento da frota de motocicletas e motonetas, principalmente a partir do primeiro trimestre do ano de 2020, impulsionado pela necessidade de transporte particular e o crescimento dos serviços de entregas (tanto no setor alimentício quanto os demais comércios) durante o início da pandemia da Covid-19", diz trecho do anuário.
Além dos serviços de entrega, o relatório destaca a necessidade de transporte particular como motivos para o aumento da frota de motocicletas. "Em 2021, com a retomada do comércio e outros serviços, houve um crescimento ainda maior dessa frota, usada como meio de transporte e renda (tanto como complementação quanto principal fonte)", ressalta outro trecho do documento.
Givaldo lembrou também que a facilidade em adquirir uma moto colaborou para esse aumento. "Nós temos uma preocupação especial com os motofretistas, que são os trabalhadores que utilizam motocicleta para entregas. Agora, eles não são a maioria dos motociclistas que circulam. Muitas pessoas usam motocicleta, pois é um veículo mais acessível. Utilizam para se deslocar até o trabalho e lazer", observa o diretor do Detran-ES.
Por município, a Serra é o que lidera a estatística, com 35 mortes. Na sequência, cinco cidades do interior — Cachoeiro do Itapemirim (28), Linhares (19), São Mateus (16), Nova Venécia (16) e Barra de São Francisco (16) — Mas, no top 10, ainda aparecem outros municípios da Grande Vitória e mais um da Região Serrana. Da sétima à décima posição, estão Vila Velha (15), Cariacica (14), Domingos Martins (13) e Vitória (11).
"No interior, as motos substituíram os cavalos", explica Givaldo. "Nós temos muitos casos de colisão de moto contra moto, perda do controle, colisão contra árvores ou contra outro veículo. E, no caso do interior, a atitude de risco em relação ao excesso de velocidade, consumo de álcool e a não utilização do capacete levam a um número bastante elevado", completa.
Givaldo acrescenta que o Detran apela para que todo condutor, mas especialmente o motociclista, que está mais vulnerável, esteja usando os equipamentos de segurança corretamente e seguindo as regras do trânsito para haver uma redução dos indicadores de violência e morte no trânsito.
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