Autoridades do Espírito Santo continuam em busca de identificar e punir todos que vazaram informações sigilosas, fizeram pressões psicológicas ou conturbaram o processo de interrupção da gravidez de uma criança de 10 anos vítima de estupro em São Mateus. O aborto foi autorizado pela Justiça e atendeu a vontade da criança e da avó, que possui a guarda da neta.
> ABUSO EM SÃO MATEUS | A cobertura
Após denunciar à Justiça a extremista Sara Giromini e pedir que ela pague indenização de R$ 1,3 milhão, o Ministério Público Estadual acusou formalmente mais um aliado de Sara. É Pedro Teodoro, filiado ao PSL de São Mateus. Em suas redes sociais, Pedro se define como "empreendedor, palestrante, escritor, acadêmico de ciência política e fundador do Projeto Família Cristã. Condena o aborto, defende os valores cristãos e a família.
Para o promotor Fagner Andrade Rodrigues, Pedro é seguidor das ideias de Sara e teve acesso, de forma ilegal, aos detalhes do caso envolvendo a criança. De acordo com a denúncia protocolada na Justiça, Pedro foi até a casa da família, em São Mateus, no dia 15 de agosto e "promoveu terror psicológico na responsável pela vítima a fim de que esta mudasse sua decisão a respeito do aborto legal".
Ainda de acordo com as investigações, no dia seguinte, ao saber que o procedimento seria realizado em outro estado, Pedro divulgou o nome da criança em suas redes sociais e escreveu as seguintes frases: "Todos a favor da vida me ajudem a levantar a # acima!" e "não se paga um mal cometendo outro maior ainda".
A família da criança registrou Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia de São Mateus e informou que Pedro invadiu a casa pelo quintal, chamou pela avó e disse que, se algo ocorresse com a garota, seria a avó a culpada. Ainda de acordo com o BO, que A Gazeta teve acesso, Pedro Teodoro só saiu da residência depois de ser empurrado para fora. Quem registrou a ocorrência diz que Pedro colocou "terror psicológico" sobre a avó. De acordo com o promotor, Pedro admitiu, em depoimento à polícia, que realizou as pressões.
O promotor entendeu que "tal conduta está incluída dentro de uma estratégia midiática de viés político-sensacionalista iniciada pela que se porta como líder do grupo fundamentalista, a radical Sara Giromini, e seguida pelo demandado". O promotor pede que a Justiça condene Pedro a pagar R$ 300 mil a título de dano moral.
A reportagem entrou em contato com Pedro Teodoro. Ele atendeu a ligação e quando nos identificamos, interrompeu e disparou a falar: "Minha fortaleza é que sou temente a Deus. Levar a palavra de Deus, o amparo, parece que se torna algo criminoso. O bem está sendo confundido com o mal. No momento certo eu vou me pronunciar". Ao ser questionado sobre o que foi fazer na casa da família da criança, Pedro desligou o telefone e não atendeu novamente as ligações.
A defesa de Sara Giromini informou que ela está sendo censurada e perseguida injustamente.
Nesta quinta-feira (20), a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves pediu ao ministro da Justiça André Mendonça o encaminhamento do caso à Polícia Federal, além da articulação com a Polícia Judiciária do Estado do Espírito Santo para o possível indiciamento dos responsáveis pelos vazamentos.
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