No início do próximo ano, em pelo menos 47 cidades do Espírito Santo um novo prefeito assumirá a gestão, e com ele, uma nova equipe de saúde. A troca de comando municipal ocorrerá em meio à pandemia do novo coronavírus e representa um desafio para o controle da Covid-19.
Para Ethel Maciel, doutora em Saúde Coletiva e Epidemiologia e professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a passagem de poder vai ocorrer no momento em que a atuação dos municípios vai ser ainda mais necessária. É um desafio. Ela ocorre no momento em que as prefeituras vão ter que ter ações mais coordenados com o Estado para reduzir a transmissão da Covid-19. E vão estar com uma equipe que, até aquele momento, não lidou com o controle da pandemia, observa.
Em geral, as mudanças atingem toda a equipe que atua na saúde, do secretário ao gestor das unidades básicas. Assim, saem do comando os administradores que estavam em seus cargos desde a decretação da pandemia, em 11 de março, e que enfrentaram todas as etapas da doença até agora.
A minha sugestão é que os novos prefeitos pensassem, neste primeiro ano da gestão, em manter a equipe técnica que estava lidando com a pandemia, e que tem conhecimento do problema, para evitar rupturas profundas que podem prejudicar o controle da doença nas cidades, assinala a epidemiologista.
Ethel Maciel destaca ainda que a mudança ocorre em meio a um momento crucial da pandemia, quando os municípios vão enfrentar a vacinação da população. Os prefeitos ainda terão o desafio do planejamento das vacinas, que são feitas nas unidades de saúde. A organização da imunização depende das prefeituras."
Além da imunização, outro problema a ser enfrentado pelos municípios é a fiscalização das situações de aglomerações que levam a uma maior transmissão da doença. Em pronunciamento, na última sexta-feira (20), o governador Renato Casagrande pediu apoio aos municípios nas ações de fiscalização para evitar o problema. Informou que o Estado pretende começar, de novo, um trabalho mais forte nesta área.
Mas o Estado sozinho não consegue fazer essa fiscalização. Os municípios têm um papel grande na fiscalização e no isolamento de casos ativos, para que possamos barrar o contágio", disse Casagrande.
O pronunciamento foi feito no dia em que foi divulgado o novo Mapa de Risco da doença, ampliando para cinco o número de cidades em risco moderado. Três delas estão na Grande Vitória.
Outro dado que impacta os municípios é a taxa de transmissão da doença, que pela terceira semana consecutiva vem apresentando crescimento. alcançando o marcador de 1,37, o que, na prática, significa dez pessoas podem contaminar outras 14. O indicador tem sido puxado pela taxa do interior, que chegou a 1,49 (dez infectando outros 15).Mas há microrregiões em que a taxa já chegou a 2,11, com dez pessoas contaminando outras 21.
Segundo Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), há quatro semanas a taxa do Estado ultrapassou a marca de 1, e desde então vem crescendo, o que faz com que a situação do Espírito Santo seja de atenção. Os números comprovam, de fato, o aumento de infecção, constata.
Das 47 cidades que vão enfrentar a troca de comando, três delas estão na Grande Vitória e, apesar de ainda vivenciarem um segundo turno para definir o novo prefeito, já é certo que o atual gestor não permanecerá: São elas: Serra, Vitória e Cariacica. As duas últimas estão entre os municípios que, esta semana, passaram à classificação de risco moderado da Covid-19.
Há ainda o caso de Vila Velha, única cidade da Grande Vitória em que o atual gestor permanece na disputa pelo segundo turno, no próximo dia 29. Já no município de Boa Esperança, a eleição ainda não foi definida pela Justiça.
Em 44 cidades capixabas, a troca de comando já está definida. Um novo prefeito assumirá e passará a gerir ainda o controle da pandemia em seu município.
Entre os eleitos, apenas o de Conceição da Barra, Mateusinho do Povão (PTB), esteve à frente da prefeitura local durante a pandemia. Ele assumiu o cargo de prefeito em março deste ano, quando Francisco Bernhard Vervloet, o Chicão, foi cassado.
Mateusinho permaneceu na prefeitura até o setembro, quando Chicão reassumiu o cargo.
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