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Mudanças no Fundeb podem afetar finanças de pelos menos 51 cidades do ES

Mudanças no Fundeb podem afetar finanças de pelos menos 51 cidades do ES

Uma das  propostas do governo federal limita gastos dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação para pagamento dos salários de professores em até 70%

Publicado em 21 de julho de 2020 às 18:51

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Alunos em escola municipal de Vila Velha: as aulas presenciais seguem suspensas
Alunos em escola municipal de Vila Velha: as aulas presenciais seguem suspensas. (Fabrício Lima/ Prefeitura de Vila Velha)

As mudanças que o governo federal quer realizar no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) pode afetar as finanças de pelo menos 51 municípios capixabas. Em 17 deles os recursos do fundo representam mais de 10% de suas receitas correntes.

Uma das propostas é limitar em 70% a utilização dos recursos do fundo para os gastos com os salários dos professores. Ocorre que muitos municípios capixabas utilizam quase que a totalidade destes recursos com a folha de pagamento dos professores, como explica Vilmar Lugão de Brito, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). “Como ficaria a situação de dezenas de cidades que utilizam 100% dos recursos com a folha de pessoal”, questiona.

De acordo com Tânia Vilella, economista e editora da revista Finanças dos Municípios Capixabas, o maior gasto dos municípios é com a educação. Em 2019 ela representou 29,2% da despesa total dos municípios. Um percentual que, em 2019, significou R$ 3,7 bilhões.

Deste total, 30% (R$ 1,115 bilhão) veio de recursos do Fundeb. “A despesa com professor é significativa na Educação que, por sua vez, é o maior gasto dos municípios e a mudança vai causar problemas”, pondera Tânia.

Dos 58 municípios capixabas que enviaram informações para a revista, em 16 deles os recursos do fundo representam mais de 10% da receita corrente (tudo o que é recebido regularmente) das cidades. São elas: Sooretama, São Mateus, Cariacica, Guarapari, Viana, Ibatiba, Vila Velha, Iúna, Jaguaré, Conceição da Barra, Pinheiro, Atílio Vivácqua, Nova Venécia, Serra, Montanha e Colatina.

LONGA DISCUSSÃO

Está em votação a proposta de emenda à Constituição (PEC) que tramita na Câmara, relatada pela deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO), e que prevê um aumento escalonado do aporte do governo federal no Fundeb: o percentual começaria em 12,5% em 2021 e chegaria a 20% em 2026. No formato atual, ainda em vigor, a União complementa o fundo com 10% sobre o valor aportado por Estados e municípios.

Uma proposta que passou por cinco anos de discussão, como relata o presidente da Undime. “E que vai agora ser mudada pelo governo federal, um desrespeito. Vai prejudicar principalmente os municípios, muitos deles não conseguem nem mesmo pagar o piso nacional ao professor”, destaca.

A proposta do governo prevê a criação de um “voucher-creche”, ao destinar parte dos 20% repassados pela União ao fundo à transferência direta de renda para famílias com crianças em idade escolar. A intenção é que os recursos venham a compor o Renda Brasil, que deve substituir o Bolsa-Família.

Também limita os recursos com a folha em 70%. E quer permitir a entrada dos inativos para os gastos com o Fundeb. E abre espaço para o chamado “apagão de recursos”, ao dizer que o Fundeb, que será extinto em dezembro deste ano, só seja retomado somente em 2022, sem esclarecer o que aconteceria no ano que vem.

O QUE É O FUNDEB?

De acordo com Tânia Vilella, economista e editora da revista Finanças dos Municípios Capixabas, o fundo para a educação foi criado em 1997, começou a vigorar em 1998, quando ainda se chamava Fundef e era destinado à educação básica. Em 2007 passou a ser Fundeb e foi ampliado, reunindo todo o ensino básico, infantil, fundamental e médio.

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Estado e municípios destinam 20% de uma série de receitas, como impostos, para o fundo. Depois de formado, ele é redividido de acordo com o critério de número de alunos. “Representou um avanço em termos de sistema de transferência de recursos. Quem tem mais recursos, contribui com mais, e quem tem mais alunos, recebe mais. É distribuído pela necessidade de cada ente, pela quantidade de alunos”, explica.

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