O músico Tiago Passos Viana, acusado de matar o professor de capoeira Cuarassy Medeiros, foi condenado a sete anos e seis meses de prisão pelo assassinato. A sentença foi definida após mais 12 horas de julgamento no Fórum de Conceição da Barra, no Norte do Espírito Santo, que ocorreu na última quarta-feira (5). Ao fim, o juiz concedeu ao réu o direito de recorrer em liberdade por ser réu primário.
Durante o júri popular foi retirada a análise do caso como homicídio qualificado por motivo fútil e Tiago foi condenado por homicídio simples. No momento, ele está solto, em regime semiaberto. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) informou que não vai recorrer da decisão, por já conseguir a condenação.
Cuarassy, à época com 39 anos, foi morto a tiros dentro de uma pousada na Vila de Itaúnas, na noite do dia 18 de dezembro de 2020. Um dia depois do crime, Tiago se apresentou à delegacia e confessou ser o autor dos disparos, mas acabou sendo solto. No entanto, após denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), em 2021, o músico foi preso em um mandado de prisão expedido pela Justiça.
A defesa de Tiago, representada pelo advogado Leandro Freitas de Souza, informou à reportagem de A Gazeta que o resultado foi parcialmente satisfatório e acredita que em breve ele possa cumprir a pena em regime aberto. "Posteriormente a juíza da execução vai definir ao progredir o regime da pena para o aberto", disse Freitas. "Tiago ficou preso por mais de dois anos. Nesse período, ele trabalhou e estudou no presídio, para a remição de pena", afirmou.
A reportagem de A Gazeta procurou o advogado da família de Cuarassy, Israel Domingos Jório, que atuou como assistente de acusação no julgamento, que emitiu uma nota. Nela, afirma que o capoeirista foi vítima de um assassinato frio e calculado, que foi reconhecido pelos jurados.
"A família de Cuarassy, o Ministério Público do Espírito Santo e a equipe da assistência da acusação congratulam a sociedade de Conceição da Barra pela sábia decisão condenatória. Nunca houve legítima defesa, mas um assassinato frio e calculado que foi reconhecido pelos Jurados. A condenação trouxe justiça para o caso e um pouco de paz para a família de Cuarassy, que teve uma perda para todo o sempre irreparável", comentou.
À época do crime, testemunhas que presenciaram a morte de Cuarassy gravaram um vídeo que mostra a briga que antecedeu o assassinato do capoeirista.
Nas imagens (acima), é possível ver Cuarassy e Tiago, autor dos disparos, discutindo do lado de fora da pousada, na porta de um bar. A discussão dura menos de dois minutos. Durante todo o tempo, Tiago chama a vítima pelo nome e Cuarassy, segurando um copo na mão, diz "sai de perto de mim". Duas mulheres tentam separar a confusão e afastar os dois.
Em determinado momento, o professor de capoeira diz para uma das mulheres: "ele arrumou confusão dentro da vila e veio falar que vai me matar". Em seguida, pergunta "eu sou moleque?" e parte para cima do autor dos disparos, dando chutes e um soco. Eles correm para dentro da pousada, de onde se ouve três disparos. Não é possível ver o que acontece.
Cuarassy Medeiros Del Nery foi morto a tiros dentro de uma pousada de Itaúnas, em Conceição da Barra, na noite do dia 18 de dezembro de 2020. Na época do crime, a Polícia Militar informou que um funcionário do estabelecimento contou que Cuarassy e Tiago Passos Viana, que até então era suspeito do assassinato, discutiram em frente à pousada.
Tiago, de acordo com a testemunha, correu para dentro da pousada para fugir, mas Cuarassy foi atrás do homem. A testemunha informou à Polícia Militar que Cuarassy agrediu o homem com socos e quebrou um copo nele.
A família de Cuarassy, no entanto, contestou, à época, a versão da testemunha e disse que o vídeo que mostra a briga antes do crime "prova que ele não quebrou copo em ninguém e que estava sendo provocado".
De acordo com relato dos familiares, os dois - suspeito e vítima - não estavam hospedados na pousada, mas correram para dentro do estabelecimento no momento da briga. Ainda segundo familiares, houve uma luta corporal entre o professor e o músico antes dos disparos.
O professor de capoeira era morador de Vitória, mas estava na casa de parentes na Vila de Itaúnas. De acordo com os parentes dele, Cuarassy passava os meses de férias em Itaúnas, fazendo trabalhos extras para complementar a renda, como barraquinha de drinks e venda de refeições para turistas. Cuarassy tinha dois filhos.
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