Passageira do "voo do caranguejo", Ana Chacon contou que foi um susto receber a notícia de que o avião não poderia pousar no Aeroporto de Vitória. O sentimento logo mudou quando souberam o motivo: um Guaiamum na pista. A aeronave precisou arremeter e ficar mais dez minutos no ar, nesta segunda-feira (20), até que uma equipe retirasse o animal do local.
"A princípio, ele fez o procedimento padrão de iniciar o pouso, só que logo em seguida a aeromoça veio informar que o pouso tinha sido cancelado, não explicou o motivo. Deu aquele frio na barriga, pensamos: 'Ai, meu Deus, o que aconteceu?' Só que logo em seguida o piloto falou: gente, difícil acreditar, mas o pouso foi cancelado por conta de caranguejos na pista. Todo mundo riu, sem acreditar, foi inusitado. Na hora deu aquele gelo por não sabermos o motivo, mas logo ele informou e aí foi risada, todo mundo riu", disse Ana em entrevista à CBN Vitória.
Agora, ela não vai mais esquecer do dia em que um caranguejo fez um avião mudar a rota. "Fica uma história inusitada para contar", disse.
Por volta das 23h, o comandante da aeronave da GOL, voo G32094, reportou a presença de "muitos deles" na pista. O fato para lá de inusitado teria sido reportado à torre de comando por outro piloto de uma aeronave que desceu momentos antes e avistou o crustáceo. A gravação do áudio foi feita por um passageiro enquanto a aeronave realizava a manobra de arremetida e reaproximação.
"Boa noite, senhoras e senhores passageiros, é o comandante falando. Infelizmente, não foi possível o nosso pouso em Vitória. Acredite se quiser, a aeronave que pousou um pouco a nossa frente reportou uma quantidade absurda de caranguejos na pista (risos), acredite se quiser", disse o comandante.
Ele diz ainda que a torre de controle obrigou a aeronave a arremeter para que uma equipe do aeroporto fizesse uma vistoria no local e o recolhimento dos animais. "Então daqui a 10 a 15 minutos receberemos autorização para prosseguir no pouso em Vitória. Peço desculpas pelo contratempo, mas motivo alheio a todos da tripulação, espero contar com a sua compreensão. Quando tiver o horário de pouso, retornarei com mais informações. Pela atenção, obrigado."
Procurada pela reportagem de A Gazeta, a assessoria do Aeroporto de Vitória confirmou o fato, mas explicou que não foram vários, e sim apenas um caranguejo.
"A Zurich Airport Brasil informa que foi verificada a presença de 1 caranguejo na pista. A equipe de fauna do aeroporto foi acionada. Este é o procedimento padrão previsto para esses casos. Logo após a retirada do animal, as operações seguiram regularmente. A aeronave do vídeo pousou cerca de 10 minutos depois do speech do comandante, que não retratou a realidade da situação. Ocorrência por volta de 23h10 de segunda-feira", comunicou a empresa.
Na manhã desta quarta-feira (22), a assessoria da GOL respondeu, em nota, a reportagem de A Gazeta e informou que o piloto agiu conforme as recomendações de segurança da companhia aérea para situações que envolvam a presença de animais na pista quando na aproximação.
Na avaliação do gerente de segurança operacional do Aeroclube do Espírito Santo, Marcos Nacif, a mudança na rota, que significou mais tempo no ar, foi uma medida "preventiva, acertada e pontual". Em entrevista à jornalista Fernanda Queiroz, da CBN Vitória, Marcos Nacif, que é certificado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), pontuou que os animais oferecem riscos e podem até causar acidentes caso estejam na pista no momento da chegada de um avião.
"Foi uma medida preventiva, acertada e pontual. Mas é uma coisa inusitada, raríssima, inacreditável. Não sei se há precedentes na aviação de caranguejos na pista", disse Nacif.
Para Marcos Nacif, é comum e esperado que, em casos como esse, o piloto reporte o problema à torre de controle e receba alguma recomendação. Neste caso, o pedido foi que o piloto esperasse 10 ou 15 minutos até que houvesse uma vistoria na pista.
De acordo com o gerente de segurança operacional do Aeroclube do Espírito Santo, a colisão com animais é "um dos problemas mais sérios" enfrentados por aviões em todo o mundo, o que, segundo Marcos Nacif, gera "prejuízos exorbitantes".
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