“Ele falava assim: ‘meu Deus, não deixe eu morrer. Tira essa dor de mim para eu brincar”, conta o aposentado Artur Gomes de Oliveira, avô de Brayan Alves da Silva, de 6 anos, morador de Sooretama, no Norte do Espírito Santo, que morreu com o diagnóstico de dengue. O menino não resistiu aos sintomas e faleceu no dia 19 de janeiro deste ano. O caso foi investigado pela Secretaria de Estado da Saúde, que confirmou a causa da morte na última semana.
Segundo o avô, a mãe de Brayan trabalha como doméstica e o filho ficava com ele e a avó que lida com as sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Para ele, é mais que um filho. “Ele não saía do meu colo aqui. Chegava, ficava me cheirando, me abraçava, ia na casa da vizinha e a avó, que a avó tem AVC, eu ficava mais com ela. Eu considero ele mais que meu filho, porque ele é meu neto e meu filho. É filho de duas vezes”, disse Artur em entrevista para o repórter André Afonso, da TV Gazeta Norte.
O aposentado relembra sobre os últimos dias do neto. “Ele sentia muita sede. Muita sede, dor nos braços, dor nas pernas, dor e mandava eu esfregar. Ele falava ‘tá doendo, tá doendo’. A gente levava ele no médico. Acho que a morte dele poderia ser evitada. Que se ele tivesse sido levado para Vitória, ou Colatina, ou Linhares, não teria morrido”, afirmou com tristeza.
A Prefeitura de Sooretama informou que a mãe da criança levou o filho ao Pronto Atendimento 24 Horas com sintomas de vômito, náuseas e diarreia na tarde do dia 17 de janeiro. “A criança foi devidamente atendida pela equipe médica, recebeu hidratação venosa, os exames foram solicitados, foi recomendado a continuar a hidratação em casa e após o período de observação a criança foi liberada”, informou.
No dia seguinte, 18 de janeiro, pela manhã, Brayan voltou ao PA. “O menor retornou para avaliação dos exames, sendo medicado, reidratado e como o quadro e o resultado dos exames não havia grandes alterações, a mãe recebeu todas as orientações necessárias, inclusive de retornar imediatamente sob qualquer sintoma de piora”.
No dia 19, durante a manhã, Brayan precisou retornar por conta do agravamento dos sintomas. “A criança retornou já com sinais graves, onde foi atendida e encaminhada imediatamente para o hospital de referência, em Colatina, acompanhada por uma enfermeira e pela médica de plantão. Neste percurso foi necessário fazer uma parada na UPA Infantil de Linhares para solicitar suporte de estabilização da criança, mas infelizmente ela veio a óbito no local”.
Essa é a terceira morte por dengue confirmada no Espírito Santo desde o início do ano. A primeira foi em Laranja da Terra, relatada no boletim divulgado no dia 15 deste mês. A vítima era uma criança portadora de comorbidade neurológica grave desde o nascimento, cujo quadro de saúde foi agravado pela dengue, levando-a a óbito no dia 2 de fevereiro.
A Prefeitura de Linhares também confirmou uma morte por dengue de uma mulher de 56 anos, identificada como Elisceia Cardoso da Silva. Ela era moradora do bairro Lagoa do Meio, tinha comorbidades e veio a óbito no dia 7 de fevereiro.
Em coletiva de imprensa, na última quarta-feira (21), o subsecretário de estado de Saúde, Orlei Cardoso, explicou que o caso continua sendo investigado pelo Estado. “A morte foi confirmada pelo município, mas passa pela análise do sistema de informação de mortalidade do Estado”.
Nesta sexta-feira (23), a Sesa informou, em nota, que outros 11 casos estão sob investigação no Espírito Santo. "A Secretaria da Saúde (Sesa) informa que foram notificados no Espírito Santo, 25.276 casos de dengue até a Semana Epidemiológica (SE) 07. Dois óbitos foram confirmados neste período, sendo 01 na cidade de Laranja da Terra e 01 na cidade de Sooretama. Outros 11 óbitos estão em investigação. O prazo para confirmação dos óbitos por dengue é de 60 dias".
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