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'Não é doença de velho', alerta médica capixaba sobre Covid-19 no Brasil

"Não é doença de velho", alerta médica capixaba sobre Covid-19 no Brasil

Em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, a médica Margareth Dalcolmo, referência em estudos sobre o novo coronavírus no país, afirmou que a doença se rejuvenesceu no país

Publicado em 5 de maio de 2020 às 09:45

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A médica e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcomo, em entrevista à TV Gazeta
A médica e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcomo, em entrevista à TV Gazeta. (Reprodução / TV Gazeta)

Diante do registro de mortes pelo novo coronavírus de pessoas que não pertencem ao grupo de risco, especialistas fazem um alerta sobre o perigo da doença também para a população mais jovem. Segundo a médica e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo, no Brasil, o novo coronavírus “não é doença de velho, é uma doença de gente mais nova”.

Em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, a especialista, referência em estudos sobre o novo coronavírus no país, foi questionada sobre os perigos das grandes filas formadas em agências da Caixa Econômica Federal, em meio aos saques do auxílio emergencial. Além da preocupação, Margareth afirmou que um dos perigos é que a doença se rejuvenesceu no Brasil, expondo mais pessoas ao risco.

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Essas filas, bem como outras aglomerações, são para nós uma grande fonte de preocupação. Saiu uma matéria no jornal O Globo, publicada com a tese que eu levantei há cerca de dois meses, quando a epidemia chegou ao Brasil, que a doença se rejuvenesceria no país. E nós estamos provando que é verdade, ou seja, no Brasil a doença não é uma doença de velho, é uma doença de gente mais nova. Essas filas são um desastre. Elas deveriam estar sendo organizadas com a distância necessária de uma pessoa para outra. Tinham que estar sendo rigorosamente organizadas para não expor as pessoas a um risco maior. E quando eu falo de risco maior, não estou falando de pessoas idosas. Estou falando de pessoas mais jovens, que acham que por serem mais jovens não vão se contaminar. O risco que elas têm é igual ao de qualquer outra pessoa

Margareth Dalcolmo
Médica e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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DISTANCIAMENTO SOCIAL

Por isso, a especialista destacou a necessidade do distanciamento social, visto que ainda não há tratamento, remédio ou vacinas disponíveis para conter a doença.

“Aqui não é uma doença só de gente idosa. No Rio de Janeiro, por exemplo, 50% dos leitos ocupados em hospitais são por pessoas abaixo dos 50 anos. As pessoas aqui têm que entender que, com dois meses de epidemia no Brasil, já está mais do que provado que nós não temos tratamento, não há remédio, a vacina vai demorar, e só há uma maneira de prevenir, que é impedir a pessoa de se contaminar. Como é não se contaminar? É ficando protegido. Não tem jeito”, disse.

BRASIL PODE SE TORNAR EPICENTRO

Quando questionada sobre a possibilidade de flexibilização do isolamento, a médica destacou que é preciso estabilizar a transmissão e diminuir a ocupação de leitos hospitalares. No entanto, a situação atual é bem diferente dessa. Margareth afirmou que o país pode se tornar o epicentro do novo coronavírus no mundo e o motivo, segundo ela, são os diferentes discursos sobre os perigos da doença.

“O Brasil, seguramente, tem uma grande chance, é preciso dizer isso, de virar o epicentro da epidemia. Isso é uma coisa muito triste, trágica, e é resultante dos discursos paradoxais de pessoas que dizem coisas diferentes, e do descrédito que a população tem. Então, a população está se fazendo muito mal de não obedecer aquilo que nós estamos dizendo, que é para que ela fique em casa protegida. Quando nós poderemos liberar? Quando conseguirmos essas duas coisas: a curva de transmissão ser diminuída, e a ocupação, a pressão sobre o sistema de saúde ser suavizada. É inacreditável que as pessoas ainda não levem em conta que a melhor maneira de tratar essa doença é não tê-la”, completou.

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