Diante do registro de mortes pelo novo coronavírus de pessoas que não pertencem ao grupo de risco, especialistas fazem um alerta sobre o perigo da doença também para a população mais jovem. Segundo a médica e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo, no Brasil, o novo coronavírus não é doença de velho, é uma doença de gente mais nova.
Em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, a especialista, referência em estudos sobre o novo coronavírus no país, foi questionada sobre os perigos das grandes filas formadas em agências da Caixa Econômica Federal, em meio aos saques do auxílio emergencial. Além da preocupação, Margareth afirmou que um dos perigos é que a doença se rejuvenesceu no Brasil, expondo mais pessoas ao risco.
Por isso, a especialista destacou a necessidade do distanciamento social, visto que ainda não há tratamento, remédio ou vacinas disponíveis para conter a doença.
Aqui não é uma doença só de gente idosa. No Rio de Janeiro, por exemplo, 50% dos leitos ocupados em hospitais são por pessoas abaixo dos 50 anos. As pessoas aqui têm que entender que, com dois meses de epidemia no Brasil, já está mais do que provado que nós não temos tratamento, não há remédio, a vacina vai demorar, e só há uma maneira de prevenir, que é impedir a pessoa de se contaminar. Como é não se contaminar? É ficando protegido. Não tem jeito, disse.
Quando questionada sobre a possibilidade de flexibilização do isolamento, a médica destacou que é preciso estabilizar a transmissão e diminuir a ocupação de leitos hospitalares. No entanto, a situação atual é bem diferente dessa. Margareth afirmou que o país pode se tornar o epicentro do novo coronavírus no mundo e o motivo, segundo ela, são os diferentes discursos sobre os perigos da doença.
O Brasil, seguramente, tem uma grande chance, é preciso dizer isso, de virar o epicentro da epidemia. Isso é uma coisa muito triste, trágica, e é resultante dos discursos paradoxais de pessoas que dizem coisas diferentes, e do descrédito que a população tem. Então, a população está se fazendo muito mal de não obedecer aquilo que nós estamos dizendo, que é para que ela fique em casa protegida. Quando nós poderemos liberar? Quando conseguirmos essas duas coisas: a curva de transmissão ser diminuída, e a ocupação, a pressão sobre o sistema de saúde ser suavizada. É inacreditável que as pessoas ainda não levem em conta que a melhor maneira de tratar essa doença é não tê-la, completou.
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