As características das chuvas que atingem o Espírito Santo nos últimos dias são similares àquelas que caíram no Estado em 2013, de acordo com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Alexandre Cerqueira. Ele ressalva não haver nenhum motivo para se criar um alarde exacerbado, mas, tecnicamente, a chuva tem caído de maneira espalhada e com maior persistência, como foi há 9 anos.
Em 2013, foram mais de 60 mil desabrigados e desalojados em todo o Estado, com 23 mortes. Cerqueira lembra que o prognóstico dos institutos de meteorologia para os próximos três meses é que chova acima da média histórica no território capixaba. Até a manhã desta quinta-feira (1°), o número de pessoas fora de casa era de 735 em todo o Estado, podendo chegar a 2 mil somente em Viana – no último boletim divulgado pela Defesa Civil Estadual na tarde desta sexta, o município contabilizava 1.031 moradores entre desalojados e desabrigados.
As Regiões Norte e Nordeste do Estado são as que mais têm probabilidade de chuvas mais intensas para esta quinta e sexta-feira (2). A boa notícia é que o risco hidrológico, de inundações e alagamentos dos rios, é menor, já que as regiões de cabeceiras dos afluentes, em Minas Gerais, não tiveram a mesma intensidade de chuva do que o Norte do Espírito Santo. Assim, a situação do nível do Rio Doce é de alerta, mas em uma situação ainda controlável. Outro risco iminente – e mais difícil de monitorar – é o de deslizamentos.
Por outro lado, a região que costuma sofrer com maior risco de inundações, o Centro Sul tem previsão menor de chuvas. É isso que, segundo Cerqueira, difere das chuvas de 2020, que atingiram as cidades de Iconha e Afonso Cláudio com maior gravidade, por exemplo.
"A topografia do Sul é de um relevo mais acidentado, que por conta disso, a água desce de forma muito rápida, surpreendendo as pessoas que moram próximas aos rios, que nem sempre conseguem ir para locais seguros. A previsão é que essas cidades da região e as cidades das cabeceiras não recebam um volume tão grande de chuva como o Centro-Norte do Estado", explica Cerqueira.
O subcomandante do Corpo de Bombeiros e ex-coordenador estadual da Defesa Civil, coronel André Có, criticou a forma como os municípios, com algumas exceções, têm gerido as defesas civis municipais. Para ele, faltam ações de preparação e prevenção de situações de risco em épocas de estiagem, quando o risco de desastres é menor.
Ainda assim, Có afirma que essa insuficiência tem diminuído nos últimos anos. Ele destaca as defesas civis de Cariacica, Viana, Vila Velha, Serra, Santa Leopoldina e Cachoeiro de Itapemirim como as que mais melhoraram seu modelo de atuação.
"É necessário fazer essa cobrança. O município é o ente que está mais perto, que pode agir de maneira mais rápida e que deve acompanhar mais de perto, em época de chuva ou não. Precisamos avançar com as estratégias de prevenção", destaca.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta