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"Não é uma estatística, era a minha mãe", desabafa capixaba em protesto

"Não é uma estatística, era a minha mãe", desabafa capixaba em protesto

Ewerson Freire, de 29 anos, perdeu a mãe para a Covid-19. A vaga deixada por ela na UTI foi ocupada pelo pai dele, que também estava internado. No último sábado, ele participou de um protesto contra o governo federal e desabafou sobre o drama vivido pela família

Publicado em 1 de junho de 2021 às 11:50

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A morte da mãe do corretor de seguros Ewerson Freire, 29, deu vaga de UTI para o pai dele com Covid-19
A morte da mãe do corretor de seguros Ewerson Freire, 29, deu vaga de UTI para o pai dele com Covid-19. (Arquivo Pessoal)

O corretor de seguros Ewerson Freire, de 29 anos, perdeu a mãe, a dona de casa Maria de Fátima da Silva Freire, 58 anos,  para a Covid-19 depois dela passar quatro dias na UTI de um hospital particular de Vila Velha.

Em meio à dor da perda, que aconteceu no domingo do Dia das Mães, ele também lidou com o que chamou de ‘ironia do destino’. A morte de Maria de Fátima significou a abertura de uma vaga de UTI para o pai do corretor, Jorge Luiz Freire, 59 anos, que também estava internado por causa da Covid-19 e aguardava por um leito de tratamento intensivo.

“No dia 9 de maio, minha mãe estava na UTI e eu estava com meu pai na enfermaria. Fui chamado pelos funcionários do hospital para levar os documentos dela e foi quando me noticiaram o óbito. Eu ainda tive que voltar para o quarto onde estava meu pai, já muito mal, precisando de uma UTI. Foi quando avisaram havia sido aberta uma vaga pra ele”, contou Ewerson.

A história da família de Ewerson viralizou na internet depois que ele desabafou em um da rede social.

Ewerson recorda que esteve com a mãe um dia antes no horário de visita, já que iriam intubá-la no domingo. “Ela estava com muita falta de ar, mesmo lúcida, e praticamente se afogava até num gole de água. Foram momentos torturantes. Eu me despedi dela, disse que a amava muito e que iria voltar para casa logo”, conta o rapaz.

O adeus à mãe no cemitério foi sem a presença do pai, que permaneceu internado por 11 dias ainda. Ewerson e o irmão só contaram para ele sobre a morte da esposa sete dias depois.

“Eles completariam em maio 35 anos de casamento. Contar que mamãe já não estaria mais com a gente foi muito difícil para mim e para meu irmão”, descreve o corretor.

REVOLTA

Atualmente, o pai dele está curado da Covid-19, mas Ewerson não se conforma com tudo que aconteceu. “Se a vacina tivesse chegado antes, eu ainda teria minha mãe e meu pai não teria passado por tudo isso”, conta o rapaz, que lembrou que o governo federal recusou diversas vezes a compra da vacina no ano passado.

“Enquanto isso, um torneio de futebol foi decidido em quatro horas”, disse, se referindo à aprovação do presidente para o Brasil sediar a Copa América.

A angústia de perder a mãe vai além da saudade que fica no peito. “Minha mãe era uma mulher de fé e sorriso fácil, uma guerreia. Eu prometi que a levaria um dia para conhecer a Terra Santa. Sofremos pelo o que ela era nas nossas vidas, mas também pelas coisas que não vivemos com ela”, conta Ewerson, que chorou ao lembrar que não poderia dividir mais com a mãe as alegrias de suas conquistas.

A morte da mãe do corretor de seguros Ewerson Freire, 29, deu vaga de UTI para o pai dele com Covid-19
Ewerson Freire junto com os pais e o irmão. (Arquivo Pessoal)

PROTESTO

No último sábado (29), Ewerson se uniu a outros manifestantes que seguiram em passeata pelas ruas de Vitória para pedir por vacinas contra a Covid-19 e protestar contra a gestão da pandemia do governo do presidente Jair Bolsonaro.O rapaz exibia a foto da mãe na camisa e a "Não era apenas uma estatística, ela era minha mãe".

“Estamos banalizando as mortes. Aquela mulher era minha mãe e não um número. A gente já perdeu mais de 400 mil vidas. Não vou perder também a chance de colocar minha indignação para fora. Precisamos ter mais consciência ao votar e não se calar mais”, completou.

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