A enfermeira Nathana Ceschim, que publicou nas redes sociais, na última sexta-feira (22), vídeos em que aparece sem máscara no local de trabalho e debochando da vacina contra a Covid-19 disse que não fez campanha contra o imunizante.
Nathana atua no Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória. A publicação mostra ela de touca cirúrgica, em frente a um computador da unidade. O hospital não informou em que área a gravação foi feita. No vídeo, ela brinca com um colega, que aparece na porta da sala com touca, luvas e máscara. O uso de máscara é obrigatório dentro do hospital.
Horas antes, a mesma enfermeira publicou um vídeo em que desdenhava da aplicação da vacina Coronavac. Um comprovante exibido na rede social mostra que a imunização dela contra a Covid-19 aconteceu na terça (19), em Vitória.
"Tomei por conta (sic) que eu quero viajar, não para me sentir mais segura. Porque uma vacina que dá 50% de segurança para mim não é uma vacina. Tomei foi água", disse no vídeo.
Desde o último sábado (23), a reportagem de A Gazeta tentou contato diariamente com Nathana, no entanto, mas só obteve retorno da enfermeira na tarde desta segunda-feira (25). Em áudio enviado por WhastApp, ela disse que nos vídeos apenas expressou sua opinião, mas não fez campanha contra a vacina.
"Os meus vídeos foram apenas exercendo o meu direito de liberdade de expressão como um cidadã. Eu fiz um vídeo caseiro, dentro da minha casa, sem expor ninguém, dando apenas o meu ponto de vista. Por quê? Porque, sim, eu acho a vacina importante, mas não acho que seja a salvação do problema. Foi um ponto de vista meu, eu não fiz campanha contra a vacina, não falei paras pessoas não se vacinarem, eu não fiz nada disso. Foi um ponto de vista meu, tanto que eu falo no vídeo, ‘pra mim, essa vacina não tem segurança, eu não tomei ela pra me sentir mais segura’, foi um ponto de vista meu", afirmou.
Sobre o não uso de máscara no local de trabalho, a enfermeira explicou que tirou o Equipamento de Proteção Individual (EPI) após o fim do plantão, próximo das 19h, para tomar água.
"Foi um plantão bastante tumultuado que eu tive, que eu passei o dia todo de máscara e não bebi uma gota d'água. Foi o momento que eu parei em frente do computador, respirei, tirei a máscara para poder tomar um pouco de água e fiz aquela brincadeirinha com o técnico lá da equipe de Enfermagem, que não teve relação em nada com a vacina", afirmou.
Os vídeos de Nathana Ceschim foram divulgados por ela em suas redes sociais em perfil aberto. Após tomar conhecido do conteúdo, o Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES) disse em nota que repudia a conduta da enfermeira e que já determinou abertura de procedimento ético para apurar o caso.
"É inaceitável que, após onze meses de enfrentamento à pandemia e em defesa da vida, um profissional de enfermagem se posicione nas redes sociais de forma irresponsável e inconsequente, comprometendo a ciência, a saúde e a vida das pessoas. A apuração, com amplo direito de defesa, será com base no Código de Ética da Enfermagem. As penalidades previstas vão de advertência à cassação do registro profissional", diz parte da nota.
Em nota, a Santa Casa informou que a falta da máscara no ambiente é uma prática proibida desde o início da pandemia e que todos os colaboradores têm conhecimento sobre essa regra. O hospital ainda disse que “irá tomar as medidas necessárias para garantir a segurança de seus pacientes e a manutenção das normas e condutas fundamentais para o bom atendimento assistencial”.
Sobre a fala da enfermeira debochando da vacina, a Santa Casa afirmou que não compactua com este tipo de pensamento e que sempre defendeu a Ciência.
“Não seria agora que mudaria sua postura, em um momento tão difícil que todos estamos enfrentando. Acreditamos sim na vacina e esperamos que, em breve, não só os funcionários, mas toda a sociedade possa ser imunizada”, diz a nota enviada pelo hospital.
Ainda em relação ao caso da enfermeira, "o hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória informa que já tomou todas as medidas cabíveis relacionadas ao assunto e que não mais se manifestará sobre o ocorrido".
Por fim, a Santa Casa de informou que está seguindo o calendário de vacinação da Prefeitura de Vitória, imunizando seus profissionais que atuam na linha de frente, de acordo com as prioridades estabelecidas pelo Plano Nacional de Vacinação.
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) também informou que vai investigar o caso e acompanhar a condução do assunto pela Santa Casa e Coren-ES). A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Espírito Santo informou que "lamenta o posicionamento de qualquer profissional da saúde que desacredite da ciência em prol da vida".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta