A preocupação com o surgimento de uma nova hepatite aumentou no dia 15 de abril, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre centena de casos da doença em crianças. Apesar de ter surgido meses após o início da vacinação infantil contra a Covid-19, não há relação entre o imunizante e os casos da hepatite misteriosa. A afirmação é da epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, que classifica a associação como desinformação.
Até o dia 21 de abril, segundo a OMS, eram pelo menos 169 casos em ao menos treze países. O Brasil não está entre eles. Pelo menos uma morte foi relatada, porém, não há detalhes sobre o histórico da vítima. As autoridades internacionais investigam o aumento dos casos da hepatite aguda. A origem ainda é desconhecida.
Em entrevista à jornalista Fernanda Queiroz, apresentadora da CBN Vitória, Ethel Maciel lembrou o alerta emitido e disse que a qualidade da apuração interfere na contabilização dos casos. A epidemiologista afirmou que o Brasil possivelmente tem casos da doença.
"A OMS emitiu um alerta dessa hepatite em crianças. Até o momento, pouco mais de 200 casos em locais com maior capacidade de investigação. Então é possível que casos tenham acontecido no Brasil também. Por isso é necessário que as autoridades sanitárias também façam investigação", aponta.
A professora da Ufes e comentarista da CBN Vitória explicou que não há relação entre os casos de hepatite fulminante e as vacinas, justamente porque, segundo órgãos oficiais, nem todas essas crianças em que os casos foram observados estavam vacinadas com a vacina da Covid-19.
Ethel Maciel acrescenta que as relações que estão sendo feitas com as vacinas não cabem, não se sustentam, e já foram retiradas e desconsideradas pelas agências oficiais e por todos os envolvidos na investigação.
Algumas crianças testaram positivo para a Covid-19 durante o quadro de hepatite, mas não é possível afirmar que o coronavírus tenha influenciado no quadro de gravidade.
Além do Reino Unido e Irlanda do Norte (114), foram notificados casos na Espanha (13), em Israel (12), nos Estados Unidos (9), na Dinamarca (6), na Irlanda (menos de 5), na Holanda (4), na Itália (4), na Noruega (2), na França (2), na Romênia (1) e na Bélgica (1).
Até o momento, dezessete crianças necessitam de transplante de fígado. Embora a síndrome atinja pacientes de até 16 anos de idade, a maioria dos casos está na faixa de 2 a 5 anos. O quadro das crianças europeias é de infecção aguda.
A hepatite é a inflamação do fígado, que na maioria dos casos é causada por vírus, porém pode também acontecer como consequência do uso excessivo e indiscriminado de medicamentos, do consumo de excessivo de bebidas alcoólicas ou ser devido a uma alteração autoimune. O diagnóstico da hepatite pode ser feito através da observação do paciente e pela confirmação diagnóstica por meio de exames sorológicos de sangue.
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