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'Não tem sentido', diz especialista do ES após Bolsonaro vetar vacina

"Não tem sentido", diz especialista do ES após Bolsonaro vetar vacina

No dia seguinte ao anúncio da intenção de compra de 46 milhões de doses, pelo ministro da Saúde , o presidente desautorizou Pazuello e descartou a aquisição da vacina chinesa

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 17:51

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Avanços na vacina da covid-19
Avanços na vacina da covid-19. (Miguel Noronha/Futura Press/Folhapress)

Uma decisão do presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (21) deixou mais distante o anseio de brasileiros pela imunização contra a Covid-19. Isso porque menos de 24h após o ministro da Saúde, General Eduardo Pazuello, afirmar que o Brasil iria comprar 46 milhões de doses da CoronaVac, produzida em São Paulo, Bolsonaro disse que o país não irá adquirir a vacina que está sendo produzida pelo Instituto Butantan. A expectativa do Governo de São Paulo é que, em caso de resposta positiva, a vacina esteja disponível no início de 2021.

Segundo a epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, a decisão do presidente de cancelar a compra da vacina pode ter "consequências bastante importantes na vida de todos nós". "Nenhuma vacina contra a Covid-19 já tem eficácia comprovada e esta é a que está no estágio mais avançado", disse.

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Estamos observando uma contaminação política de uma questão de saúde pública. Não tem sentido colocar qualquer restrição à vacina

Ethel Maciel
Epidemiologista e professora da Ufes
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A especialista ainda ressaltou que a vacina não virá pronta da china, uma vez que o acordo entre o Butantan, onde ocorre a produção, e a Sinovac, indústria farmacêutica, é para transferir a tecnologia, o modo de fazer.

CoronaVac está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan e produzida em parceria com a empresa chinesa Sinovac
CoronaVac está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, e produzida em parceria com a empresa chinesa Sinovac. (Adriana Toffetti/A7 Press/Folhapress)

Em entrevista ao jornalista Fábio Botacin durante o CBN Cotidiano desta quarta (21), Ethel explicou que a vacina tão esperada contra a Covid-19 passará pelo mesmo processo que outros imunizantes, úteis ao combate de outras doenças, envolvendo testes e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"A vacina será feita no Brasil, como acontece com a maioria. É como se passassem a receita de como deve ser feita. Depois, passará pelos mesmos processos das outras vacinas. Será adquirida pelo SUS e distribuída aos Estados. Há um controle de qualidade, temos a segurança", afirmou.

A professora da Ufes destacou que, diferente do que circula, a vacina não partiu do zero, isto é, não começou a ser feita sem qualquer base de estudos neste ano.

"A vacina está sendo produzida para (combater) o Sars-Cov-2, mas já estava em estudo desde 2002, quando descobrimos o primeiro coronavírus no mundo. O que foi feito agora é uma modificação para o novo coronavírus, mas a plataforma já estava pesquisada", assegurou.

REPERCUSSÃO NO ES

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, havia comemorado a decisão do governo federal na terça (20). Casagrande definiu a intervenção do ministério como "ótima notícia" que "levará ao trabalho conjunto para alcançarmos igualmente todos os brasileiros".

Após a fala de Bolsonaro, na manhã desta quarta (21), Casagrande publicou em suas redes sociais, sem citar o nome do presidente, que "salvar vidas e libertar os brasileiros do coronavírus são objetivos que devem unir todos nós". O governador ainda acrescentou que adquirir as vacinas deve ser a "meta primordial", afirmando que não há "espaço para discussão sobre assuntos eleitorais ou ideológicos".

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