A próxima quinta-feira (9) marca o pontapé inicial para uma experiência única na vida de alunos do curso de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Os estudantes farão uma viagem até o dia 16 deste mês, aproveitando os equipamentos e a infraestrutura do navio-escola Ciências do Mar III, um Laboratório de Ensino Flutuante. Esta é a primeira viagem da embarcação ao Espírito Santo.
Na viagem, embarcarão 14 estudantes da Ufes e um professor, além de um pós-doutorando, que vai conduzir um experimento de pesquisa com um robô submarino (ROV), e uma enfermeira do Departamento de Enfermagem da Universidade, que auxiliará os alunos com possíveis problemas de mal-estar gerados pelo balanço das ondas.
O grupo ficará em alto-mar até o dia 16 de março. No dia 19, o navio será entregue para o Ifes de Piúma e, posteriormente, retornará para Niterói-RJ, onde se localiza sua base operacional.
A viagem acontece devido a um convênio firmado em novembro de 2022 entre a Ufes e a Universidade Federal Fluminense (UFF), que administra o Ciências do Mar III.
O navio é compartilhado entre instituições de ensino da região Sudeste que oferecem cursos na área de Ciências do Mar e integra o projeto LEF, tendo outros três navios “irmãos” espalhados pelo litoral brasileiro. Eles foram desenvolvidos pelo Ministério da Educação (MEC) por meio do Programa de Formação de Recursos Humanos em Ciências do Mar (PPGMAR).
O professor do Departamento de Oceanografia da Ufes Agnaldo Silva Martins, responsável pelo programa didático da disciplina Embarque Supervisionado, afirma que esta é uma importante aquisição para a infraestrutura da Ufes.
“Os estudantes atualmente realizam essa experiência embarcada, mas em geral em embarcações nem sempre em condições ideais para o aprendizado. Agora, poderemos ministrar uma aula do curso no ambiente e utilizando os equipamentos que tanto mencionamos em aulas teóricas”, afirma.
Segundo o professor, o navio deve voltar duas vezes por ano ao Estado para atender a Ufes e o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) de Piúma, que tem um curso de Engenharia de Pesca.
Agnaldo Martins explica que o projeto LEF foi iniciado quando foi constatada a existência de cerca de 45 cursos de ciências do mar espalhados pelo Brasil. Mas não existiam navios-escola para o treinamento dos estudantes. Por isso, o treinamento ocorria de “carona” em embarcações de instituições de pesquisas, universidades e empresas, mas que geralmente não forneciam as condições ideais para o aprendizado dos alunos.
“O objetivo deste navio não é pesquisa, mas ensino. As pesquisas podem e devem ocorrer porque o navio é equipado com instrumentos oceanográficos de última geração, que são os mesmos usados em pesquisas, mas a ideia do projeto é que os estudantes possam interagir com o navio e aprender o que geralmente não é possível em expedições onde eles vão ‘de carona’”, detalha o professor.
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