O cotidiano de grandes navios carregados com milhares de contêineres e granéis saiu de cena na manhã desta quarta-feira (20), no Porto de Vitória. Por volta das 8h30, ao invés dos imponentes cargueiros, a embarcação que atracou na capital capixaba foi o Navio-Veleiro Cisne Branco (U-20), da Marinha do Brasil.
A chegada pelas águas calmas da Baía de Vitória atraiu olhares em direção ao mar de quem passava pela região do Centro e também no trecho restante da orla próxima ao local de atracação. Imponente e visualmente chamativa, a embarcação tem cerca de 46 metros de altura no mastro grande.
Segundo o capitão-tenente Nicácio, o veleiro permanece atracado em Vitória até a próxima segunda-feira (25). A vinda ao Estado é parte do treinamento de aspirantes da armada e também faz parte de uma operação que está em curso pela Marinha do Brasil.
"A escolha pelo Porto de Vitória se deu por conta da excelente cultura náutica existente na cidade, além de uma logística facilitadora para a embarcação. Como estamos com 78 pessoas a bordo, sendo 24 delas de tripulantes em instrução, eles estão sendo submetidos a exercícios náuticos necessários à formação marinheira, visto que a operação deste veleiro é feita à 'moda antiga', na qual o marinheiro aprende a navegar sem o auxílio das tecnologias de navegação atuais, embora o Cisne Branco disponha delas. Esta ação é parte da Operação Aspirantex da Marinha", detalhou o capitão-tenente.
Pertencente à Marinha, o veleiro exerce funções diplomáticas e de relações públicas, representando o Brasil em eventos náuticos nacionais e internacionais, além de ajudar na divulgação da mentalidade marítima à população e também de preservação das tradições navais.
Diferentemente das vezes anteriores em que esteve em águas capixabas, o Navio Veleiro não poderá receber a visita da população de Vitória e demais cidades. Devido à pandemia do novo coronavírus, a embarcação estará fechada ao público externo para evitar a transmissão da doença.
"Infelizmente não poderemos receber as pessoas desta vez. Esta prática teve de ser adotada desde que a pandemia começou e se faz necessária para o momento. Nos entristece, pois a receptividade e o apreço dos capixabas pela cultura náutica são gratificantes", complementou o capitão-tenente.
As 78 pessoas embarcadas foram todas previamente testadas antes do Cisne Branco prosseguir para o Espírito Santo.
Cisne Branco é o nome do hino da Marinha do Brasil, a canção do marinheiro. A letra faz uma analogia entre a beleza e graça de um cisne.
De acordo com a Marinha do Brasil, a história da embarcação se entrelaça com a do país. Ela construída na Holanda, em 1998, e lançada ao mar em março de 2000, em Lisboa, quando fez a primeira viagem percorrendo a “Rota do Descobrimento”, a mesma feita por Pedro Alvares Cabral, de Portugal ao Brasil, em comemoração aos 500 anos do Descobrimento. Por dentro e por fora, o navio possui uma importante carga histórica, uma espécie de museu vivo, que navega levando por onde passa, a história do Brasil.
O veleiro de 76 metros de comprimento é a terceira embarcação e o segundo veleiro a ostentar esse nome na Armada Brasileira, em homenagem ao Hino da Marinha Brasileira, com esse título. Em heráldica - ciência e arte em descrever brasões de armadas ou escudos, a figura do cisne significa uma feliz travessia e um bom augúrio (profecia feita por sacerdotes romanos a partir do canto e voo das aves).
O primeiro Cisne Branco foi um veleiro feito em madeira. Com dois mastros, era tripulado por vinte homens. Realizou apenas uma viagem de instrução com Guardas-Marinha, em 1979. O segundo foi construído já em alumínio e realizou viagens de instrução com Guardas-Marinha, entre 1980 e 1986, quando passou à Escola Naval Instalada na Ilha de Villegagnon, no Rio de Janeiro para servir como veleiro de instrução.
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