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Nésio Fernandes discorda da exigência de comprovante de residência para vacinação

Nésio Fernandes discorda da exigência de comprovante de residência para vacinação

Secretário estadual da Saúde argumentou que a decisão tomada pela Prefeitura de Vitória pode causar desconfortos aos trabalhadores de saúde que aplicam as doses e a população

Publicado em 20 de maio de 2021 às 17:34

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O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em entrevista à TV Gazeta
Nésio afirmou que a exigência de comprovante de residência pode causar constrangimentos. (Reprodução / TV Gazeta)

A decisão da Prefeitura de Vitória de requisitar o comprovante de residência ou da aplicação da primeira dose da vacina da Coronavac contra a Covid-19 no município foi criticada pelo secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes. Em entrevista à jornalista Fernanda Queiroz na Rádio CBN Vitória nesta quinta-feira (20), Nésio afirmou que a exigência da prefeitura pode gerar desconfortos tanto para os profissionais da saúde quanto para a população e cobrou uma maior democratização na imunização.

O secretário pontuou que os municípios possuem autonomia para decidirem as regulamentações a respeito da aplicação das doses. Nésio frisou, porém, que, em cidades nas quais há um processo de conurbação e que pessoas circulem constantemente entre os diferentes municípios, o sistema de saúde é único e deve atender a todos.

Nésio Fernandes discorda da exigência de comprovante de residência para vacinação

"Principalmente em territórios conurbados, onde existe uma ampla circulação de pessoas, onde, por exemplo, no início do processo de imunização não se exigiu a comprovação da residência, o sistema é único. Esse tipo de normativa, neste momento, o que fará é submeter os trabalhadores que executam a vacinação a constrangimentos, a negativas que podem gerar conflitos nas unidades de saúde com os usuários do sistema e um confronto muito grande com os usuários", disse.

Nésio relembrou também a corrida por marcação de consultas particulares para comprovação de comorbidades e pela declaração de escolas por parte de professores, classificando este processo como características de um contexto de escassez de doses. O secretário alertou que isso causa uma necessidade de escolher quem será vacinado ou não, o que, para ele, não é a melhor estratégia.

"Eu tenho insistido junto ao PNI (Plano Nacional de Imunização) para que a vacinação seja democratizada. A gente já tem a expectativa de ampla chegada de vacinas, nós precisamos imunizar toda a população em processos unificados. A corrida que tivemos por laudos médicos, por declaração das escolas para poder comprovar que são professores, a exigência depois de fazer auditorias para poder confirmar se a pessoa furou ou não furou a fila, são características de programa de imunização que ocorre em um contexto de escassez", argumentou o secretário.

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A gente tem que ficar escolhendo as pessoas que são imunizadas. Acho que escolher, nessa altura do campeonato, não é a melhor opção

Nésio Fernandes
Secretário de Estado da Saúde
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Durante a entrevista, Nésio também criticou a decisão unilateral de Vitória de exigir o comprovante de residência, afirmando que esta poderia ser uma prerrogativa adotada desde o começo do processo de imunização entre todos os municípios. 

"Todos os municípios têm acesso ao sistema do PNI, nominalmente cada secretário municipal de saúde sabe e tem acesso a quem tomou a primeira dose no seu município. O ideal seria, por exemplo, que uma medida como essa, de exigir o comprovante de residência, tivesse sido tomada em conjunto com os diversos municípios. Uma medida dessa em território conurbado, como é o da Grande Vitória, poderá, sem dúvida alguma, gerar diversos desconfortos, com a população, com os trabalhadores, ao longo dos próximos dias. O Estado respeita a decisão do município, mas faz essas considerações", finalizou.

"O OBJETIVO FOI GARANTIR A VACINAÇÃO DE FORMA RÁPIDA"

A decisão da Prefeitura de Vitória de exigir o comprovante de residência para vacinação com a segunda dose da Coronavac foi tomada junto ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Procurado pela reportagem de A Gazeta, o órgão explicitou que expediu a Notificação Recomendatória para a Secretaria Municipal de Saúde para que "fossem atendidas todas as medidas necessárias para garantir a organização dos serviços de saúde e as ações de vacinação por meio do agendamento". 

O MPES ainda argumentou que observou, em diálogo com a Prefeitura de Vitória, que a forma mais efetiva de garantir a imunização é pelo agendamento para contemplar todos os moradores da Capital. "O objetivo foi garantir que todos os munícipes que estão com a segunda dose da vacina contra a Covid-19 em atraso completem a vacinação de forma mais rápida", diz a nota no Ministério Público.

O órgão também relatou que tem recebido diversas denúncias quanto ao atraso no recebimento da segunda dose da vacina contra a Covid-19.

MAIS DE 50 MIL ESPERAM SEGUNDA DOSE DE CORONAVAC NO ES

Com as duas últimas remessas do Ministério da Saúde, o Estado está conseguindo reduzir a fila das pessoas que tomaram a primeira dose, mas não receberam a segunda no intervalo máximo de 28 dias que era o previsto inicialmente. Até a última sexta-feira (14), havia mais de 152 mil aguardando. Ainda assim, o volume entregue até o momento ao Espírito Santo não será suficiente para acabar com a espera.

Por outro lado, o Instituto Butantan, parceiro brasileiro na produção da Coronavac, deve receber da China, na próxima terça-feira (25), os insumos para produzir novas doses que, então, serão distribuídas pelo país. No Espírito Santo, há atualmente cerca de 50 mil pessoas que ainda não foram contempladas com a segunda dose e não serão atendidas pela remessa mais recente enviada pelo Ministério da Saúde. Mas, com os novos lotes da Coronavac que vão ser enviados, a expectativa é poder zerar a fila no mês que vem.

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