O ano de 2018 foi marcado por noites sangrentas no Morro da Piedade, com crimes brutais, seguidos de ataques e ameaças a moradores que foram expulsos do bairro, localizado em Vitória. No período, pelo menos oito pessoas foram assassinadas, além de duas tentativas de homicídio. Era o resultado da guerra do tráfico de drogas pela disputa de territórios.
Foram mortos nos ataques:
Sobreviveram às tentativas de homicídio:
Pelos crimes, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) denunciou várias pessoas e, na sequência, ocorreram as pronúncias – decisão da Justiça estadual que os encaminha para enfrentar o tribunal do júri. Um dos casos já houve julgamento; outro está marcado para quarta-feira (5). Um processo foi extinto e outros dois ainda vão ter a data do júri agendada.
As investigações realizadas pela Polícia Civil apontaram que os violentos ataques foram promovidos por um grupo formado, majoritariamente, por moradores que haviam sido expulsos do bairro entre os anos de 2012 e 2013. Eles decidiram voltar e retomar o controle do tráfico na Piedade, na ocasião já dominado pela família Ferreira Dias.
Para pôr em prática a ação, o grupo, segundo denúncia apresentada pelo MPES, realizava incursões pelo bairro, “portando armas de fogo e trajando toucas ninja, coletes e coturnos”. Em uma destas ações, ocorreu o primeiro duplo assassinato. Confira os detalhe:
Dois meses se passaram e o conflito continuava. Foi quando mais uma pessoa acabou morta. Desta vez a vítima foi o pai de um dos membros do grupo que havia assassinado os irmãos Ruan e Damião. Confira:
Sem conseguir localizar as lideranças do tráfico na Piedade, o grupo armado continuou promovendo ataques na comunidade. Em um deles, mais uma pessoa morreu.
Poucos dias depois ocorreu outra morte. Desta vez, localizaram o braço direito do chamado “dono do morro”, que comandava o tráfico na região.
Após o assassinato de Walace, a família dele foi expulsa da Piedade e teve a casa incendiada. Segundo a investigação policial, o grupo fez ainda ameaças aos moradores, gritando pelo morro e exigindo a saída de todos os familiares das pessoas que comandavam o tráfico local, e deram um prazo de 30 dias.
Nos meses que se seguiram, dezenas de moradores decidiram abandonar suas casas na Piedade. A comunidade viveu meses complicados. No início do ano seguinte, mais um ataque com três mortes.
No processo dos irmãos Reis, os advogados Paloma Gasiglia e Marcos Daniel Vasconcelos Coutinho fazem a defesa de Flávio Sampaio. Informaram que acreditam na Justiça estadual e que buscarão a absolvição. Destacam que o processo se embasa em provas testemunhais que não reconheceram Flávio como partícipe, e que vão provar em plenário que ele não tem nenhuma ligação com o crime.
Os advogados dos três outros réus que irão a julgamento no mesmo caso, não foram localizados até a publicação deste texto, assim como os advogados dos demais casos.
Sobre o julgamento do caso dos irmãos da Piedade, que está marcado para quarta-feira (5), o promotor Rodrigo Monteiro é um dos três que atuam na Primeira Vara Criminal de Vitória, responsável pelo tribunal do júri, e que irá atuar no julgamento dos irmãos. “Ruan e Damião eram jovens que tinham tudo para se envolverem com a criminalidade, mas optaram por uma vida digna e foram mortos pela guerra absurda do tráfico”, destaca.
A expectativa, segundo ele, é de que será um júri difícil, como todos os que envolvem membros de facções criminosas. “Esperamos que seja um julgamento justo, em que todos sejam condenados a pelo menos 60 anos, cada um, que é o que a lei permite. É preciso dar uma resposta para a sociedade”, assinala.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta