Damião Marcos Reis, 22 anos, atuava em projetos sociais e na escola de samba
Ruan Reis, 19
Aladir de Oliveira Filho
Lucas Teixeira Verli, 19
Walace de Jesus Santana
Luiz Fernando da Conceição Gomes, 18 anos, estudante
Patrick Oliveira de Souza, 26, coletor de lixo que tinha ido ao bairro visitar a irmã
Wemerson da Silva Lima, 23, estudante
Sobreviveram às tentativas de homicídio:
Um coletor de lixo de 28 anos
Uma adolescente de 15 anos
Pelos crimes, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) denunciou várias pessoas e, na sequência, ocorreram as pronúncias – decisão da Justiça estadual que os encaminha para enfrentar o tribunal do júri. Um dos casos já houve julgamento; outro está marcado para quarta-feira (5). Um processo foi extinto e outros dois ainda vão ter a data do júri agendada.
Para pôr em prática a ação, o grupo, segundo denúncia apresentada pelo MPES, realizava incursões pelo bairro, “portando armas de fogo e trajando toucas ninja, coletes e coturnos”. Em uma destas ações, ocorreu o primeiro duplo assassinato. Confira os detalhe:
Crime - dia 25 de março de 2018
O que aconteceu - O grupo armado foi até a casa de Ruan Reis, 19, querendo saber a localização do chefe do tráfico do bairro. Como ele não sabia, foi levado ao alto do morro. Damião Reis, 22 anos, tentou resgatar o irmão. Os dois foram mortos com mais de 20 tiros cada um deles.
Vão ser julgados na quarta-feira (5 de julho): Alan Rosário do Nascimento, vulgo “Gordinho”; Flávio Sampaio, vulgo “Coroa” ou “Flavinho”; Rafael Batista Lemos, vulgo “Boladão”; e Gean Gaia de Oliveira, vulgo “Chocolate”
Foram pronunciados, encaminhados ao tribunal do júri: Leandro Correia Ramos Barcelos, vulgo Leandro Bomba; e Renato Correia Ramos (aguardam decisão de recursos apresentados à Justiça).
Dois meses se passaram e o conflito continuava. Foi quando mais uma pessoa acabou morta. Desta vez a vítima foi o pai de um dos membros do grupo que havia assassinado os irmãos Ruan e Damião. Confira:
Crime - 27 de maio de 2018
O que aconteceu - Foi morto a tiros Aladir de Oliveira Filho, apontado pela polícia como um dos homens que colaboraram no assassinato dos irmãos Reis. Ele era pai de Alan Rosário, um dos que serão julgados pelas mortes de Ruan e Damião. Segundo a polícia, ele foi morto por Walace de Jesus Santana, o braço direito de João Paulo Ferreira Dias, que comandava na ocasião o tráfico na Piedade.
Processo - Acabou sendo extinto, considerando que o principal acusado pelo crime foi morto poucas semanas depois.
Irmãos Damião e Ruan Reis . (Reprodução TV Gazeta)
Sem conseguir localizar as lideranças do tráfico na Piedade, o grupo armado continuou promovendo ataques na comunidade. Em um deles, mais uma pessoa morreu.
Crime - 28 de maio de 2018
O que aconteceu -Foi assassinado Lucas Teixeira Verli, de 19 anos, Segundo a polícia, com mais de 15 tiros, durante outro ataque ao Morro da Piedade. Um bando formado por cerca de 20 pessoas encapuzadas entrou no local atirando em quem estivesse pela frente. No total, mais de 60 cápsulas de munição foram recolhidas pela polícia. Segundo as investigações, o ataque foi vingança de Alan Rosário pela morte do pai, Aladir, e deixou outros moradores feridos.
Situação do processo: A data do julgamento ainda não foi marcada
Foram pronunciados, encaminhados ao tribunal do júri: Alan Rosário do Nascimento, vulgo “Gordinho”; Flávio Sampaio, vulgo “Coroa” ou “Flavinho”; Gean Gaia de Oliveira, vulgo “Chocolate”; Josenildo Marcolino Correia; Tiago da Silva; e Geovani de Andrade Bento, vulgo “Vaninho”.
Rafael Batista Lemos, 26 anos, conhecido como Boladão, no momento da prisão. (Reprodução/ TV Gazeta)
Poucos dias depois ocorreu outra morte. Desta vez, localizaram o braço direito do chamado “dono do morro”, que comandava o tráfico na região.
Situação do processo: A data do julgamento ainda não foi marcada
Foram pronunciados, encaminhados ao Tribunal do júri: Alan Rosário do Nascimento, vulgo “Gordinho”; Rafael Batista Lemos, vulgo “Boladão”; Gustavo Batista Lemos, vulgo “Fefe”; Flávio Sampaio, vulgo “Coroa” ou “Flavinho”; Gean Gaia de Oliveira, vulgo “Chocolate”; Célia Nilza Wanzeler de Souza; e Bruna Lemos de Souza.
Moradores deixam o Morro da Piedade após crimes em 2018. (Fernando Madeira)
O que aconteceu - Mais uma noite sangrenta, desta vez na divisa entre os Morros da Piedade e do Moscoso. Em uma área conhecida como "Poeirão", três jovens foram assassinados. Outros dois conseguiram sobreviver. A perícia criminal da Polícia Civil, na época, informou que foram encontradas aproximadamente 40 cápsulas de calibres .380 e 9mm. As vítimas que morreram foram atingidas por cerca de 10 a 15 perfurações, cada uma. Naquele dia morreram: Luiz Fernando da Conceição Gomes, 18 anos; Patrick Oliveira de Souza, 26; e Wemerson da Silva
Condenação de mais de 130 anos: Pelo crime foram condenados Alan Rosário do Nascimento, vulgo “Gordinho”; Rafael Batista Lemos, vulgo “Boladão”; e Carlos Magno Pereira Teixeira.
Moradores deixam o Morro da Piedade após crimes em 2018. (Fernando Madeira)
O que diz a defesa
No processo dos irmãos Reis, os advogados Paloma Gasiglia e Marcos Daniel Vasconcelos Coutinho fazem a defesa de Flávio Sampaio. Informaram que acreditam na Justiça estadual e que buscarão a absolvição. Destacam que o processo se embasa em provas testemunhais que não reconheceram Flávio como partícipe, e que vão provar em plenário que ele não tem nenhuma ligação com o crime.
Os advogados dos três outros réus que irão a julgamento no mesmo caso, não foram localizados até a publicação deste texto, assim como os advogados dos demais casos.
Sobre o julgamento do caso dos irmãos da Piedade, que está marcado para quarta-feira (5), o promotor Rodrigo Monteiro é um dos três que atuam na Primeira Vara Criminal de Vitória, responsável pelo tribunal do júri, e que irá atuar no julgamento dos irmãos. “Ruan e Damião eram jovens que tinham tudo para se envolverem com a criminalidade, mas optaram por uma vida digna e foram mortos pela guerra absurda do tráfico”, destaca.
A expectativa, segundo ele, é de que será um júri difícil, como todos os que envolvem membros de facções criminosas. “Esperamos que seja um julgamento justo, em que todos sejam condenados a pelo menos 60 anos, cada um, que é o que a lei permite. É preciso dar uma resposta para a sociedade”, assinala.