Com o aumento do número de casos da Covid-19, em novembro o Espírito Santo conseguiu ultrapassar o pico que a doença havia registrado no final de junho e início do mês de julho. A informação foi divulgada pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes , em sua conta no Twitter, neste domingo (6).
Nésio explicou que na semana epidemiológica de 28 de junho a 4 de julho foram registrados 9.035 casos da doença. Exatas 20 semanas depois, o Estado volta a marcar elevados pontos da doença. Isto ocorreu na semana de 15 a 21 de novembro, quando um total de 9.219 novos casos foram confirmados.
Outra análise foi feita em relação aos picos diários da doença. No último dia 23 de novembro, foram registrados 2.026 casos. Um total de 23 novos doentes a mais, e ultrapassando o pico anterior, que havia sido de 2.003 casos, no dia 22 de junho.
Ele citou também que na média móvel de casos de 14 dias, o último pico havia sido no dia 2 de julho, com 1.285 casos por dia, número que quase foi alcançado no dia 23 de novembro, com 1.284 casos por dia. Nos próximos dias este dado tende a ser superado, de acordo com Nésio.
As informações mostram, segundo o secretário, que de fato há uma segunda expansão da pandemia no Espírito Santo. "Não se trata somente de observar mais casos como ocorreu na Europa no início da sua 'segunda onda'. É possível que em dezembro alcancemos um resultado equivalente a maio, podendo ultrapassar 500 óbitos por Covid-19".
Nésio pontuou alguns fatores para contextualizar esses resultados. O primeiro é que a realização de testes PCR pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (LACEN-ES) e pela rede privada no Estado mais que dobrou. Entre outubro e novembro também aumentaram outras tecnologias de testagem como "testes rápidos" e outros testes, comparando com o mês de junho.
"Comparando os meses de 'picos' comparados nesta postagem, saltamos de 31.847 PCR realizados em junho, contra 70.721 em novembro", citou.
Com mais testes, uma parcela menor deles deu resultado positivo. "A positividade dos pacientes notificados também teve um pico na semana 27 [início de julho], com 45,45%, que sendo comparado com o da semana 47 [segunda quinzena de novembro], apresentou 29,96% de casos positivos do total de testados".
Enquanto no primeiro semestre do ano não eram testados todos os notificados, desde setembro, todo paciente notificado, independente de comorbidade ou idade, possui indicação de testagem.
E embora tenha sido registrado um novo pico, o número de internações foi mais baixo. Em 5 de julho o pico de internações em leitos exclusivos para pacientes Covid-19 teve 600 pacientes por dia internados em UTI. Hoje são cerca de 390 pacientes por dia.
Com o aumento do número de casos, foi feita a reabertura de leitos Covid, que começou em 1º de novembro. Até então, havia 737 leitos, e desde o início da nova expansão de leitos, foram ampliados 283 leitos, sendo 92 leitos de UTI e 191 leitos de enfermaria, informou o secretário.
Sobre o número de óbitos por Covid nesses dois períodos, na segunda quinzena de junho houve a perda de 273 vidas, número que caiu 80,5% na segunda quinzena de outubro, com 53 óbitos. No entanto, na última semana de novembro verificou-se um ritmo de crescimento, já que alcançamos 133 mortes.
Ao comparar os dois momentos de pico, Nésio Fernandes avaliou também que neste momento, o crescimento de casos graves ocorre com uma pressão assistencial mais diluída e lenta em comparação a primeira expansão, somada com o aumento do tempo médio de permanência. De 1 a 31 de novembro, saíram de 280 para 369 pacientes por dia internados, um crescimento de 31,79%.
Já no primeiro pico, durante mês de maio, os casos de internados por dia em UTI-Covid saltaram de 183 para 426, um crescimento de 132,79%. Naquele período, o crescimento de casos internados foi violento na Grande Vitória, acompanhado de um crescimento intenso e assimétrico no interior.
"Em novembro, com a ampliação realizada, passamos a administrar a rede com uma ocupação variando entre 70-85%. Com as ampliações de leitos previstas para dezembro, janeiro e fevereiro, pretendemos suportar a previsão de aumento sustentado de casos", disse.
O secretário também destacou que a segunda expansão de casos foi caracterizada pela ampliação da testagem e de dois fenômenos sociais, que foram as aglomerações de setembro, devido ao calor, praias, festas, feriados e aulas suspensas. Outro motivo foram as eleições municipais.
"Caso a segunda expansão seja, de fato, resultado dos dois primeiros fenômenos, um cenário de estabilização da segunda expansão poderá ocorrer nas próximas semanas", disse.
No entanto, com as previsíveis aglomerações de fim de ano essa queda pode ser frustrada, de acordo com Nésio.
"Os fatos são objetivos e concretos. Será necessário preparar-se para um final de ano diferente. Preservem os idosos do contato social não-essencial, não subestime qualquer sintoma, procure avaliação médica diante de qualquer suspeita e faça isolamento adequado até a cura", recomendou.
Ele também acrescentou que o cenário desenhado por alguns otimistas de disponibilidade de vacinas em dezembro não irá ocorrer no Brasil, nem em janeiro. "Não temos imunidade de rebanho. Não existe tratamento medicamentoso específico para Covid-19. O negacionismo continua atrapalhando o Brasil", frisou.
"Estamos todos cansados e sobrecarregados. O fardo é da nossa época e as épocas passam, vai passar. Seria mais fácil sem negacionismo. Mas na fraqueza encontramos força e na loucura escolhemos a sabedoria. Basta a cada dia o seu mal", finalizou.
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