A adoção de novos critérios para definir o risco de contágio pelo novo coronavírus no Espírito Santo pode fazer com que mais cidades capixabas adotem medidas mais rígidas no combate à pandemia, decretando até mesmo o lockdown, que é o isolamento compulsório da população, com fechamento de comércios, proibição de andar em ruas e paralisação total do transporte público.
A partir do próximo domingo (24), o Estado vai incluir a taxa de letalidade do novo coronavírus, o índice de isolamento dos moradores e a quantidade de idosos em cada município na equação para indicar o grau de risco das cidades.
Todos esses fatores, juntos, definirão se uma cidade está em risco baixo, moderado, alto ou extremo de transmissão do novo coronavírus. Atualmente, são considerados apenas a taxa de ocupação dos leitos de UTI e o coeficiente de incidência (proporção de contaminados em relação à população).
No Estado, Ecoporanga, e Água Doce do Norte, ambos localizados na região Noroeste, já decretaram bloqueio total obrigatório de todos os setores do comércio.
O anúncio do que será considerado na elaboração do novo mapa de risco foi feito na manhã desta terça-feira (19) durante reunião entre o governador Renato Casagrande (PSB), 67 prefeitos e representantes de todos os municípios do Estado. Além dos secretários de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e do Planejamento, Alvaro Duboc, o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Alexandre Cerqueira, foi um dos participantes do encontro.
Por videoconferência, o governador detalhou que o monitoramento dos índices é feito constantemente. De acordo com ele, a alteração foi adotada com base em estudos técnicos desenvolvidos por especialistas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e do Corpo de Bombeiros.
AUTONOMIA AOS MUNICÍPIOS
Segundo o coronel Alexandre Cerqueira, embora o governo estadual determine ações gerais para o enfrentamento da pandemia, o município também tem autonomia para fazer uma avaliação local e determinar medidas restritivas rígidas, considerando as especificidades da cidade, a atividade econômica e a interação social.
"Esse mapeamento de risco é uma ferramenta que retrata em que condições cada município está e quais as ações que ele deve adotar. Obviamente, o município que tava no verde e está indo para o amarelo e o vermelho, ele tem que tentar reverter a situação, senão ele pode haver necessidade de um lockdown, o fechamento geral", pontuou.
Na avaliação do comandante do Corpo de Bombeiros, as lideranças políticas recepcionaram de forma positiva as novas diretrizes e entenderam a necessidade de tratar o novo coronavírus de forma conservadora. Além disso, os prefeitos apresentaram questões particulares registradas nos municípios que administram e solicitaram, inclusive, apoio do Estado quanto ao aparato da polícia e do Corpo de Bombeiros.
Essa nova matriz é elaborada com os dados de sexta-feira. Ela será publicada no sábado e passará a vigorar a partir do domingo. Quero destacar a importância do distanciamento social, o uso de máscara e a higienização. É importante a sociedade entender que o risco é real e está perto da gente. Quero ratificar isso e pedir que as regras sejam cumpridas, alertou.
O presidente da Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes) e prefeito de Viana, Gilson Daniel, disse que essa nova matriz eleva alguns municípios que estavam no risco moderado para o risco alto. Na avaliação, a metodologia orienta gestores sobre tomadas de decisões no combate ao novo coronavírus.
"Os municípios de Presidente Keneddy, Afonso Cláudio, Marataízes, Santa Teresa, Alfredo Chaves, Fundão e da Grande Vitória estarão em risco alto partir de domingo. Com esse risco alto, eles terão que se organizar", alertou o presidente da Amunes.
A partir do status de cada cidade, são definidas medidas de controle mais rígidas contra a Covid-19. Em locais considerados de risco alto, por exemplo, o comércio só pode funcionar em dias alternados e durante a semana. A limitação é mais branda em cidades que têm risco menor. Atualmente, só há sete cidades em risco alto no Estado: Vitória, Vila Velha, Serra, Viana, Cariacica, Fundão e Santa Teresa.
Na nova matriz de risco, cada variável terá um "peso" diferente na definição da condição final. O grau de incidência, que mostra a proporção de contaminados na população, valerá por 60%; a letalidade, que é o número de mortes em relação aos confirmados com a doença, representará 20%; já a taxa de isolamento e a proporção de idoso nos municípios valerão 10% cada.
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