Com a queda gradual do número de mortes e de casos confirmados da Covid-19, acompanhada de uma maior cobertura vacinal, prefeituras do Espírito Santo e governo do Estado se movimentam acerca da realização ou não do carnaval de rua em 2022. A poucos meses da data, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adicionou uma nova "variante de preocupação" no cenário da pandemia.
Com a variante Ômicron, surgida na África do Sul, a realização do carnaval de rua, em que não há o controle de pessoas, fica complicada. A afirmação é da doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, que acredita ser possível a realização de eventos com o monitoramento dos participantes por testes PCR ou comprovante de vacinação.
O carnaval de rua, tradicional no Centro de Vitória e em outras cidades do Estado, ficaria inviável sem um controle de quem entra e sai do evento, de acordo com análise da especialista. Para Ethel Maciel, o cenário de pandemia fica ainda mais arriscado com o surgimento da nova variante. Na avaliação da professora, eventos com aglomerações fora de controle não devem acontecer no próximo ano.
Em entrevista ao jornalista Mário Bonella, apresentador do programa CBN Cotidiano, da CBN Vitória, Ethel — comentarista do quadro CBN Especial Coronavírus — explicou que eventos-teste estão sendo promovidos com segurança. A exigência do comprovante de vacinação e a obrigação de apresentar testes negativos para a Covid-19 são formas de garantir menor transmissão do vírus. Ouça a entrevista completa:
Em casos como esses, em eventos controlados, Ethel Maciel ressalta o baixo nível de transmissão e, mesmo com a possibilidade de contaminação, o surgimento de casos leves da doença. A doutora em epidemiologia faz questão de diferenciar os riscos na realização de um carnaval em um clube fechado e na rua, ao ar livre com aglomeração de pessoas.
"Carnaval de rua é muito complicado acontecer diante de uma nova variante. Carnaval em clube, se você tiver como controlar, é a mesma forma de fazer um casamento ou show. Não é o fato de ser carnaval, mas o fato de ser um local fechado com muitas pessoas. Qual o controle possível?", afirma.
A doutora em Epidemiologia e professora da Ufes Ethel Maciel afirma que prefere ter uma posição mais conservadora quando se trata de liberação de eventos.
"Você tem a opção de ir ou não ir [a um evento], é preciso sempre analisar a situação, o seu risco, a sua exposição. Há necessidade neste momento? O que pensamos é sobre hoje, não sabemos do amanhã. Pode ser que a variante chegue, seja uma preocupação, consiga enganar o sistema imunológico, comprometa a proteção da vacina, muda tudo", detalha.
Apesar do surgimento de uma nova "variante de risco", Ethel Maciel explica que não há motivos para mudar os cuidados.
A especialista explica que a Ômicron é a quinta variante classificada como de "preocupação". Antes dela, foram selecionadas Alfa, Beta, Delta e Gama.
"Esse é o pior nível de classificação. São mais de dez mil variantes desde o início da pandemia, mas apenas cinco conjuntos de mudanças viraram alvo 'preocupação'. A Ômicron passa a ser uma variante de preocupação, mas ainda não sabemos se ela causa doenças mais graves. O que podemos afirmar é que em províncias onde ela está se espalhando, a contaminação ocorre de maneira muito rápida. Vale lembrar que há um percentual pequeno de vacinados na África do Sul", afirma.
Ethel diz que a variante deve chegar ao Brasil, mas ainda não é possível estabelecer como será o comportamento do vírus. Ela celebra que haja um grande percentual de vacinados no país, o que dá mais segurança no combate ao vírus.
No Espírito Santo, o carnaval ainda não é uma certeza. O surgimento de uma nova variante da Covid-19 é uma preocupação para o governo do Estado. Em entrevista à coluna de Leonel Ximenes, o diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, destaca que a tendência é de melhora no estágio da pandemia. Porém, o diretor afirma que uma nova variante "poderia reverter as tendências de casos e óbitos", o que levaria a um aumento nos indicadores.
Pablo Lira ressalta a importância da vacinação e cita a relevância da comprovação do imunizante na entrada de eventos. Na quinta-feira (25), o governador Renato Casagrande (PSB) adiantou que vai exigir passaporte sanitário para quem for assistir às escolas de samba ou desfilar na avenida.
Em Vitória, por outro lado, os planos estão menos adiantados. Também à coluna de Leonel Ximenes, o prefeito Lorenzo Pazolini disse que a exigência do comprovante citado por Casagrande ainda é "mera especulação".
O prefeito da capital lembrou uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que conferiu autonomia aos municípios em decisões locais de combate à pandemia, afirmando que ainda não há definição sobre o carnaval 2022.
"Todas as decisões sobre o tema serão objeto de discussão com profissionais da saúde, com base em critérios científicos e sanitários, visando à preservação da vida e integridade dos capixabas”, destacou o prefeito ao colunista de A Gazeta.
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