Tombado no final da década de 1980, o Museu Homero Massena é um dos patrimônios culturais de Vila Velha. Foi durante anos a residência do artista que dá nome ao local e expõe objetos que relatam a vida de Homero. Nesta quinta-feira (5), porém, a prefeitura revelou que as paredes da casa guardavam outros bens preciosos.
Novas pinturas descobertas por baixo das camadas de tinta das paredes da casa, mostrando trabalhos inéditos do pintor, com figuras de florais e outros desenhos, foram descobertas durante o processo de restauração. Segundo Kleber Galvêas, artista e amigo pessoal de Homero, ele gostava de pintar em volta das rachaduras que apareciam nas paredes.
"A motivação daquelas pinturas eram as rachaduras que apareciam nas paredes. A casa foi construída em cima de um pântano, então ela rachou. Ele aproveitou os rachados como se fossem galhos e pintou", contou.
Kleber lembra com carinho da convivência com Homero Massena. Ele contou que quem o fez conhecer Homero foi sua mãe, que estimulava a prática da pintura. Ela levou uma das obras de Kleber para Homero, que se encantou com o talento do então jovem morador da Prainha.
"Um dia, minha casa, que era na Prainha, foi pintada e a tendência nos anos 1950 era pintar os cômodos com cores diferentes. Sobrou um monte de lata de tinta lá em casa. Eu desenhava, orientado por minha mãe, fazia as pinturas. Eu pintei uma paisagem atrás do guarda roupa, ai ela gostou muito, pegou a paisagem e levou na casa do Massena. Ele falou manda esse menino vir aqui que ele tem talento. A partir dos 12 anos comecei a frequentar a casa dele", contou, se divertindo.
Para o secretário de cultura de Vila Velha, Peterson Cardoso, a descoberta das obras é extremamente importante para aumentar o acervo do museu. Peterson afirmou que as novas pinturas representam um ganho não só para o município, mas para todo o Estado, por conta da relevância de Homero Massena no cenário cultural Capixaba.
"O Homero Massena é um pintor de renome para todo o Estado. O mais interessante desse processo de descoberta, com o restauro, é que teremos um aumento no acervo e isso é muito importante. Com o processo de restauração, traremos de volta essas pinturas. É um ganho gigantesco para todo o Estado, poderemos ver o museu de outra forma", disse.
O secretário explicou que, como o museu está passando por um processo de restauração, as pinturas recém descobertas serão protegidas, para que a reforma seja concluída. Em seguida, será feita a restauração das próprias obras, que receberão um tratamento especial.
"Ele tinha como prática fazer pinturas em vários lugares, quarto, sala o interessante agora é que estamos descobrindo um maior número. Estamos fazendo a proteção dessas pinturas. Depois, ocorre a reforma do museu e então a restauração das obras, tirando toda a argamassa. O tratamento que será feito após o restauro é próprio para isso", explicou.
A previsão do secretário é de que a reforma no Museu Homero Massena seja concluída ainda neste ano. Peterson alegou que é a primeira vez que o espaço sofre uma reforma desse nível e disse que está ansioso pelo resultado das obras.
"A previsão é entregarmos esse ano ainda. Estamos ansiosos, é a primeira vez que temos uma reforma nesse nível. Se estivermos ainda na pandemia, teremos a parte de proteção para que possa, com todos os protocolos sendo cumpridos, assim que for liberado por decreto, retornar. Não só com o museu, mas temos a Casa da Memória, que também está em reforma e outros espaços", finalizou.
Nascido em Barbacena, no interior de Minas Gerais, em 1884, Homero Massena foi morar em Vila Velha com apenas seis meses de idade. Aos 15 anos descobriu a vocação para as artes e frequentou os cursos de pintura, urbanismo e decoração na Escola Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro (RJ) e de Minas Gerais (MG), além da Academia Julien, em Paris, na França.
Cursou Odontologia por pressão do pai e trabalhou também como jornalista. Escreveu dois livros: Miracema e Atribulações de um Capixaba. Na pintura, Homero trouxe um estilo diferenciado para o Espírito Santo e tornou-se referência com seus quadros realistas, com texturas e pintura leve, tendo a natureza como maior inspiração.
Foi casado duas vezes, com Cecília Massena, com quem teve três filhos, e Adelina Massena, conhecida como Edy, que esteve com Homero até sua morte, em 1979, aos 89 anos.
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