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Número de internados em UTIs com Covid é o maior no ES desde setembro

Número de internados em UTIs com Covid é o maior no ES desde setembro

Dados do Painel Covid-19 apontam que Estado registrou, nesta segunda (16), 349 pacientes internados com a forma mais grave da infecção pelo coronavírus

Publicado em 16 de novembro de 2020 às 20:08

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Novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com respirador no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra.
Leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com respirador no Hospital Jayme Santos Neves, na Serra. (Reprodução/TV)

Segundo dados do Painel Covid-19 da Secretaria do Estado de Saúde (Sesa), o Espírito Santo chegou, nesta segunda-feira (16), ao maior número de pacientes internados com coronavírus nas UTIs do Estado desde setembro. Hoje, são 349 pacientes internados e 414 leitos ofertados, contra 350 doentes no dia 15 de setembro, quando o Estado possuía 546 vagas.

Número de internados em UTIs com Covid é o maior no ES desde setembro

Considerando a proporção de ofertas de leitos e demanda, os dados do painel também apontam que o Estado atingiu o maior percentual de ocupação de UTIs desde julho. Nesta segunda (16), 84,3% dos leitos estão em uso, com 349 leitos ocupados do total de 414 vagas. Já no dia 7 de julho, esse número chegou a 84,85% e, na ocasião, o Estado dispunha de 693 leitos de UTI, sendo que 588 estavam ocupados.

Por conta do crescimento no número de pacientes com necessidade de internação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), uma tendência que vem crescendo desde o início do mês de novembro, o governo do Espírito Santo decidiu voltar a contratar leitos particulares de UTI para o tratamento de paciente com Covid-19.

Segundo o Painel Covid-19 da Sesa, o número de leitos de UTI para infectados pelo coronavírus pode chegar a 715, com o potencial de ampliação das vagas. No momento, o Estado possui 414 leitos de UTI e 430 de enfermarias destinadas para pacientes com a doença. 

"APRENDEMOS A LIDAR COM O VÍRUS"

Apesar do aumento no número de pacientes com necessidade de internação, a enfermeira e pós-doutora em Epidemiologia pela Johns Hopkins University, Ethel Maciel, explicou que os avanços na medicina e o no tratamento precoce da doença causada pelo coronavírus fizeram com que os médicos estivessem mais preparados para trabalhar pela cura. 

Segundo Ethel, os médicos que lidam diretamente com pacientes infectados pelo vírus podem antecipar o tratamento, seja com exames para identificação do avanço da doença no organismo do paciente e até remédios pra brecar o desenvolvimento da infecção no doente.

"Aprendemos a lidar com a doença, do ponto de vista clínico. Hoje já sabemos quais exames pedir, qual o dia que o paciente tem o que chamamos de tempestade inflamatória, qual medicamento aplicar. Apesar de não termos um medicamento especificamente contra o vírus, aprendemos a lidar com o que o vírus causa. Esses problemas principais que faziam com que morressem muitas pessoas no início, a gente consegue tratar muito melhor em um nível ambulatorial, preventivo", explicou.

A epidemiologista ressaltou que, apesar do aumento nos números da doença, ainda não é possível afirmar que o Espírito Santo entrou em uma segunda onda de contaminação da Covid-19. De acordo com Ethel, os especialistas possuem definições específicas de segunda onda, que ainda não se adequam ao cenário do avanço do coronavírus no Estado.

"Uma segunda onda seria um ressurgimento de casos, mas, para ressurgir, tem que ter passado um período de desaparecimento. Em, uma segunda onda, o vírus ressurge com um aumento exponencial. O outro critério é se a gente tiver uma modificação no comportamento do agente infeccioso - se estivesse causando mais casos graves ou se é uma cepa diferente. O que podemos dizer agora é que estamos em uma primeira onda ainda que se estende. Quando a gente olha na curva da doença, não descemos totalmente", explicou Ethel.

Aspas de citação

A Europa é um exemplo clássico de segunda onda. Ficaram o verão todo sem a doença e disseram que estava controlada. Mas ela não estava controlada, havia apenas diminuído. Agora, chega o outono e tem um aumento de casos com uma outra cepa, com mais mortes e infecções. A previsão é que tenhamos uma segunda onda no nosso outono ou inverno, que, pelo nosso cálculo, seria junto com a vacina. Mas podemos ter também um comportamento como os EUA, que ainda estão em uma primeira onda estendida e agora tem um aumento exponencial de casos. Depende muito das próximas semanas, do comportamento da curva de casos e de óbitos

Ethel Maciel
Pós-doutora em Epidemiologia 
Aspas de citação

Ethel Maciel ainda ressaltou que as recomendações e cuidados para a prevenção contra a contaminação pelo coronavírus são os mesmos. Devem ser evitadas aglomerações, o distanciamento social deve ser respeitado e, como afirmou a epidemiologista, o uso de máscaras é obrigatório, já que o acessório é o principal método de controle da transmissão do vírus.

"Na ausência da vacina, a máscara é nossa maior proteção. O distanciamento físico, que temos comprovação científica da importância, principalmente das pessoas que não fazem parte da sua bolha social, ou seja, sua família, pessoas que moram com você. Lavar as mãos, usar álcool em gel, continuar com as principais medidas. Evitar qualquer aglomeração e ficar em locais que tenham fluxo de ar são as principais medidas", finalizou.

SESA MONITORA SITUAÇÃO NO ESTADO

Em vídeo divulgado pela Secretaria do Estado de Saúde (Sesa) nesta segunda-feira (16), o secretário interino de Saúde, Luiz Carlos Reblin, explicou que a Sesa está monitorando a situação do crescimento da demanda de leitos de UTI para pacientes diagnosticados com a Covid-19. Segundo Reblin, já foram reabertos 28 leitos de UTI desde o início do mês de novembro.

"Está aberto o edital para a contratação de leitos da iniciativa privada, o que vai fazer com que nós tenhamos novamente uma taxa de segurança na ocupação de leitos de UTI. Nós, de fato, temos um aumento do número de casos e, agora, um aumento das internações, mas isso, felizmente, não tem influenciado na taxa de mortalidade do Espírito Santo. Nossa taxa de letalidade vem diminuindo, isso é um sinal importante, porque as equipes da atenção básica e as equipes dos hospitais conseguem manejar melhor a doença", afirmou o secretário interino.

NÚMEROS DA COVID-19 NO ES

O Espírito Santo registrou 21 óbitos nesta segunda-feira (16), elevando para 4.030 o total de mortes provocadas pelo coronavírus. Conforme a atualização diária do Painel Covid-19, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), também já são 171.237 casos confirmados da doença, 1.309 apenas nas últimas 24 horas. 

A quantidade de curados também subiu, chegando a 158.852. Desses, 406 foram considerados livres da doença nas últimas 24 horas. A taxa de letalidade da Covid-19 está em 2,4%, e mais de 571,5 mil testes já foram realizados no Estado.

Errata Correção
17 de novembro de 2020 às 08:25

A enfermeira e pós-doutora em Epidemiologia Ethel Maciel foi identificada equivocadamente como infectologista. O texto foi corrigido.  

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