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Covid-19: número de pacientes em UTI no ES é o maior de toda a pandemia

Covid-19: número de pacientes em UTI no ES é o maior de toda a pandemia

Estado atingiu o recorde nesta quinta-feira (11), com 607 pacientes em UTIs; maior quantidade havia sido registrada em julho do ano passado

Publicado em 11 de março de 2021 às 17:53- Atualizado há 4 anos

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Imagens da chegada dos pacientes de Manaus infectados pelo coronavírus ao Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra
Pressão nos hospitais que atendem Covid-19 tem aumentado nas últimas semanas no ES. (Fernando Madeira)

Espírito Santo registrou, nesta quinta-feira (11), o maior número de pessoas internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) desde o início da pandemia: são 607 pacientes nos leitos intensivos da rede pública estadual destinados exclusivamente a casos do coronavírus.

Covid-19 - número de pacientes em UTI no ES é o maior de toda a pandemia

O recorde é mais um sinal do avanço da Covid-19 entre os capixabas. Há duas semanas, o Estado tinha voltado a ter mais de 500 pessoas assistidas nessas condições; e na última segunda-feira (8), havia registrado a maior quantidade de internados em UTIs desde julho do ano passado.

Até esta quinta-feira (11), o recorde era de 600 pacientes graves nas UTIs, contabilizados no dia 13 de julho de 2020, ainda durante o primeiro pico. Ao longo de todo o período pandêmico, em apenas outras sete ocasiões o Espírito Santo chegou a ter mais de 580 pacientes em leitos intensivos.

Também vale lembrar que não faz tanto tempo que o sistema de saúde capixaba vivia uma situação muito mais confortável. Em outubro, por exemplo, o Estado estava em uma fase de recuperação da curva de casos e chegou a ter menos de 500 pessoas internadas – isso levando em conta tanto as vagas em UTIs quanto as de enfermarias.

1.099 pacientes
estão internados em leitos de enfermaria ou de UTI da rede pública do ES, nesta quinta-feita (11), devido à Covid-19

Outro exemplo da maior pressão na rede pública hospitalar é a crescente verificada na taxa de ocupação, apesar do início da segunda fase de expansão de leitos. Nessa quarta-feira (10), o Espírito Santo atingiu 80% de ocupação das UTIs, que já evoluiu para mais de 83% nesta quinta-feira (11).

MAIS 148 LEITOS DE UTI PARA "TERCEIRA ONDA"

Desde antes do período de Carnaval, autoridades da área de saúde alertavam para um triplo risco: as possíveis aglomerações no "feriado prolongado", a maior transmissibilidade das novas variantes do coronavírus e a sazonalidade das doenças respiratórias entre março e abril.

À frente da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), o secretário Nésio Fernandes chegou a declarar que a "a terceira onda da Covid-19 foi anunciada" e que o Espírito Santo nunca esteve tão perto de viver um colapso – ainda mais se considerada a situação já vivida por outros Estados do país.

Para tentar evitar esse cenário crítico e garantir a assistência a todos os capixabas, o Governo Estadual deu início à segunda etapa do programa "Leitos para Todos". No início de março, o governador Renato Casagrande anunciou a abertura de 158 vagas de UTI até o fim de abril, das quais dez já foram entregues.

Ainda assim, em entrevista ao Papo de Colunista, o secretário de Saúde ressaltou que os leitos intensivos são a última ponta de combate à Covid-19. "Os leitos não salvam todas as vidas. Nós vamos vencer essa pandemia com atenção primária, com a vacinação em massa e com o distanciamento social", afirmou.

ANÁLISE: AGRAVAMENTO E POSSÍVEL COLAPSO

Diante de todo o atual cenário do Espírito Santo, a reportagem de A Gazeta ouviu duas especialistas: a infectologista Rúbia Miossi e a  epidemiologista Ethel Maciel. Ambas têm dúvidas se o sistema de saúde capixaba vai aguentar a maior pressão da pandemia e preveem semanas ainda mais duras no Estado.

"Esse recorde é reflexo do aumento no número de casos que já era esperado, até como consequência das aglomerações do Carnaval. A tendência é que as próximas semanas sejam de mais agravamento. A gente torce para que esses 158 leitos de UTI sejam suficientes, mas não tem certeza", admite Rúbia.

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Pela velocidade de transmissão, a gente deve colapsar em três semanas, se nada for feito

Ethel Maciel
Epidemiologista
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No entanto, elas discordam em parte sobre o que precisa ser feito para que o futuro não seja tão ruim. A infectologista Rúbia Miossi prefere não falar em medidas mais rígidas, mas ressalta que "as pessoas precisam ter consciência para se afastarem, para que setores não sejam ainda mais penalizados".

Já a epidemiologista Ethel Maciel acredita que restrições são necessárias e urgentes. "É a única forma de salvar vidas, já que a vacinação está muito lenta. Estamos com jovens ficando graves e ocupando as UTIs por mais tempo. Precisamos restringir a circulação, porque o vírus se movimenta com as pessoas", defende.

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Não é hora de visitar mais ninguém. Nós estamos no pior momento da pandemia

Ethel Maciel
Epidemiologista
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O que ambas têm certeza é que as medidas de distanciamento social seguem sendo indispensáveis, principalmente agora. "O que é urgente é as pessoas não ficarem se aglomerando e usarem máscara sempre que estiverem em contato com outra pessoa. Se cada um não fizer a sua parte e se empenhar, vai ser muito difícil", alerta Rúbia.

"O que a gente adotar agora vai surtir efeito daqui duas ou três semanas. Se não fizermos isso agora, podemos não conseguir retroceder. A situação é grave, muito grave. A sociedade precisa saber, adotar as medidas e usar máscaras mais filtrantes ou duas máscaras ao mesmo tempo", complementa Ethel.

O QUE DIZ A SESA

Em entrevista exclusiva cedida nesta quinta-feira (11) para A Gazeta, o subsecretário de vigilância em saúde Luiz Carlos Reblin afirmou que o cronograma de abertura para os 158 leitos de UTI até abril se mantém e garantiu que o Estado não trabalha com a hipótese de colapso no sistema de saúde.

"Nós já esperávamos esse aumento de casos e de internações. Por isso, nós estamos trabalhando no sentido de ampliar a nossa capacidade de atendimento às pessoas. Serão mais 60 leitos até o final desta quinzena, outros 48 até o final do mês e mais 40 em abril, chegando a 900 leitos de UTI", reforçou.

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É difícil confirmar pela limitação de recurso humano, mas nossa expectativa máxima de agora é de abrirmos até 1.000 leitos UTI

Luiz Carlos Reblin
Subsecretário de vigilância em saúde do Espírito Santo
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Segundo ele, a previsão é que a curva da pandemia siga aumentando até o final de abril. "Trabalhamos com a mesma lógica da primeira onda. Começando o aumento agora, deve estabilizar em maio e depois reduzir. A magnitude e o tamanho dessa curva é que ainda vai levar de uma a duas semanas para compreendermos", admitiu.

Na entrevista, ele também adiantou que é "muito provável" que mais municípios sejam classificados como de risco alto ou moderado no próximo mapa de risco, a ser divulgado nesta sexta-feira (12), e que "se entrarmos em uma condição mais severa, poderemos rediscutir as medidas a serem seguidas".

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