O Espírito Santo registrou, nesta terça-feira (29), uma dolorosa estatística: mais de cinco mil mortes causadas pelo novo coronavírus. Segundo o Painel Covid-19, ferramenta da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) no qual são compilados dados da doença no Estado, desde o mês de abril, quando foi registrado o primeiro óbito, 5.031 pessoas já perderam a vida para a Covid-19.
O total supera a soma dos assassinatos registrados nos últimos quatro anos no Espírito Santo, que totalizou 4.592 mortes violentas, considerando o número de homicídios que ocorreram até o último domingo (27). Os dados incluem um momento crítico da Segurança Pública capixaba, durante a greve da Polícia Militar de 2017, que resultou em aumento das mortes, com 1.407 assassinatos só naquele ano.
Segundo o Painel Covid-19, até a tarde desta terça-feira (29) foram registrados 5.031 óbitos pelo novo coronavírus. Desse total, 35 mortes foram confirmadas em apenas 24 horas. O ranking das cidades com mais vidas perdidas para a Covid-19 é liderado por Vila Velha (706), seguida por Serra (650), Vitória (591) e Cariacica (606). Todas na Grande Vitória. No interior a liderança está com Cachoeiro de Itapemirim (253) e Linhares (174).
Desde o início de dezembro, o número de óbitos divulgado diariamente voltou a subir. Somente na segunda-feira (28), as estatísticas sofreram um acréscimo de mais 55 mortes. Conforme o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes detalhou em suas redes sociais, 31 mortes foram do sexo feminino, o que representa 56,3% do total; 37 vítimas (67,27%) moravam em municípios da Região Metropolitana; 29 estavam em hospitais da rede privada (52,7%) e 14 na rede pública (25,45%).
A primeira morte no Estado foi registrada no dia 1º de abril. Desde então, houve um crescente aumento de casos até o mês de junho, com o recorde de 1.046 óbitos. Nos meses que se seguiram ocorreu uma redução nas mortes, mas o gráfico volta a crescer a partir de novembro, e em dezembro já alcança 706 óbitos, sendo o terceiro mês do ano com o maior número de mortes.
Ethel Maciel, doutora em Epidemiologia (UERJ) e pós-doutora em Epidemiologia (Johns Hopkins University, EUA) e professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) observa que o elevado número de mortes da Covid-19 alterou o cenário das estatísticas epidemiológicas. Ela trouxe para o topo, novamente, as doenças infecciosas como as que mais matam, explica.
No Brasil e no Estado, as principais causas de mortes eram as neoplasias (câncer), as doenças do sistema circulatório/cardiológicas e as mortes por causas externas, como os acidentes de trânsito e os homicídios. Antes da Covid, no mundo, a tuberculose matava muito mais. Depois foi a Aids, destaca Ethel.
Muitas destas mortes, observa, podem ser classificadas como evitáveis. Por uma série de fatores, sejam individuais ou até coletivos. Mas agora estamos ficando para trás na vacinação. É decepcionante porque temos um programa nacional de imunização que é referência e teríamos que ter orgulho, mas estamos mergulhados nesta paralisação. É lamentável, critica a epidemiologista.
Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) observa que o volume de óbitos registrado este ano mostra a gravidade da doença. É a mais grave crise sanitária dos últimos 100 anos, assinala.
Ele ressalta que o número de cidades classificadas como risco alto, indicando ambiente propício para a propagação do vírus, tem aumentado. Na Grande Vitória há uma desaceleração de casos confirmados da doença e óbitos, mas o que preocupa neste momento é o interior, onde a doença está em franca expansão, pondera, lembrando que o relaxamento nas medidas sanitárias poderá resultar em aumento de casos na segunda quinzena de janeiro.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta